Folha de S. Paulo
Problemas com a PEC da Transição criam
crise no PT e elevam pressão pela escolha de ministros
Vini Jr. começaria no time titular? A
maioria dos comentaristas dizia que Tite faria uma escalação "mais
cautelosa". Ao que parece agora, o técnico da seleção já havia feito seus
testes, escondido, e faz tempo escolhera
o atacante do Real Madrid, ex-Flamengo.
Nesta quinta-feira
de estreia do Brasil na Copa, a praça financeira estava animada com
rumores. Corria o zum-zum de que Luiz Inácio da Lula
Silva estaria fazendo testes com uma dupla no comando da
economia: Fernando
Haddad na Fazenda e Pérsio Arida no Planejamento e chutes similares.
Pelo que foi possível investigar, a escalação seria apenas uma hipótese, mas ao menos hipótese já cogitada por Lula (em vez de apenas boato do entorno). Quanto a Arida, não se sabe nem se ele estaria propenso a ir mesmo para o governo ou em que termos aceitaria a tarefa.
A animação era maior com a hipótese de
Arida, liberal de fato, embora as tão faladas restrições de "o
mercado" ao nome de Haddad sejam em parte maledicência de meia dúzia de
figuras da finança e de outra meia dúzia de desafetos do PT. Segundo,
difundiu-se entre negociantes de dinheiro a impressão de que os planos
mais ambiciosos de gasto do "governo de transição" foram bombardeados
pelo Congresso. Lula teria de recuar, aceitar uma "licença para
gastar" menor e transitória.
O grosso desses parlamentares está, claro,
mais preocupado em manter Lula sob cabresto do que com o crescimento da dívida
pública. Mas há gente que se opõe à "PEC da Transição" gorda, de
gasto adicional de quase R$ 200 bilhões, por convicção econômica
Terceiro, sabe-se que enfim petistas
próximos de Lula passaram a lhe dizer, ainda cautelosamente, que é preciso
"adiantar um pouco" a escolha da equipe econômica.
O senador
Jaques Wagner (PT-BA) disse até em público que conversaria com Lula
sobre o assunto nesta sexta-feira. Mas a pressão nas internas petistas aumentou
bastante, dado o enrosco político com a PEC, com a terrível repercussão do
aumento desmedido da dívida e com "recados" de aliados recentes do
petismo.
Como se diz no futebol, tem ainda
"crise no PT", entre pessoas que seguem ordens estritas de Lula, e
assim têm sua confiança, e aquelas que ora não estão na cozinha do presidente
eleito: próximas, mas mais independentes.
Geraldo
Alckmin tem tentado baixar a fervura e arrumar um meio do caminho em
que todo mundo da "frente" possa se encontrar, falando em público
sobre diretrizes de um plano de "nova regra fiscal", de medidas que
coloquem a dívida pública sob controle.
As taxas
de juros caíram um tico, embora ainda mais de um ponto percentual acima
nível da véspera do Lula Day (em nove de fevereiro; como no caso da taxa para
um ano).
"Tudo que sabemos sobre o
insustentável é que não pode continuar para sempre (lei de Stein). O corolário
de Dornbusch é: mas vai durar mais tempo do que se pensava possível e vai
terminar quando menos se espera", escreveram os economistas Willem Buiter
e Catherine Mann em um texto sobre a "Teoria Monetária Moderna",
aquela que anima alguns espíritos adeptos da ideia de que mais "gasto é
vida" e que não tem consequências, em qualquer hipótese.
O "insustentável" pode ser
qualquer problema macroeconômico ruim: dívida pública e/ou déficit externo
grandes e crescentes; inflação.
As frases citadas são variantes daquelas atribuídas aos economistas Herbert Stein (1916-1999) e Rudiger Dornbusch (1942-2002). O texto de Buiter e Mann é "Modern Monetary Theory: What’s Right Is Not New. What’s New Is Not Right, and What’s Left Is Too Simplistic", uma rápida introdução crítica ao assunto.
Lula está preparando 2026 com o poste novamente, agora com licença para gastar
ResponderExcluirAve Maria!
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