O Globo
Ninguém, exceto militantes fanáticos, tem o
direito de continuar a levar a sério o rugido santo do lulismo
Gilmar Mendes, operando monocrática e
politicamente, torpedeou a chantagem de Arthur Lira,
retirando o Bolsa Família do teto de gastos. Lula não
precisava mais do Centrão para cumprir suas promessas centrais de campanha. Mas
a PEC, explicaram os próceres do PT, era “o Plano A, o B e o C”. Já não se
tratava de colocar comida na mesa dos pobres. O plano obsessivo era — e é —
cooptar uma ampla facção do bolsonarismo para o governo.
Foi por pouco, seis a cinco, e na última
hora. A maioria do STF operou juridicamente, resistindo à tentação da
politicagem, ao declarar a inconstitucionalidade do “orçamento secreto”. Os
negociadores de Lula usaram a decisão para concluir o pacto de aliança com
Lira, repartindo ao meio o fruto envenenado.
“Genocida!”, “pedófilo!”, “canibal!” — ninguém, exceto militantes fanáticos, tem o direito de continuar a levar a sério o rugido santo do lulismo. O agora camarada Lira funcionou como esteio indispensável de Jair Bolsonaro. As duas tábuas da aliança votadas no Congresso — a PEC da Transição e a divisão das verbas do extinto “orçamento secreto” — evidenciam que, se depender de Lula, o comandante parlamentar das forças bolsonaristas se tornará um baluarte do novo governo.
A imprensa afogou-se em eufemismos. Crédito
extraordinário? Não: a PEC oferece segurança jurídica mais robusta. Pacto com o
bolsonarismo? Sim: disso depende a sacrossanta “governabilidade”. Tudo que era
sólido desmancha-se no ar: o escandaloso converte-se em natural, necessário,
quase sábio.
Só que é mentira.
A nova Câmara, embora bastante
conservadora, propicia a construção de maioria sem o bolsonarismo. Uma base
constituída pelos partidos que apoiaram Lula no turno final mais MDB, PSD, PSDB e Cidadania somaria
241 deputados, contra 194 dos cinco partidos bolsonaristas (PL, PP, Republicanos, PTB e PSC).
Os 16 faltantes para a maioria absoluta encontram-se em facções dos demais
partidos, especialmente no União Brasil. A paisagem não é diferente no Senado.
Uma base constituída em linhas similares teria 41 cadeiras, contra 24 dos
partidos bolsonaristas. Faltaria, para a maioria, apenas um voto entre os 16
senadores restantes.
Lula tinha, portanto, a oportunidade de
governar sem Lira e sem o bolsonarismo, aprovando leis e medidas provisórias.
Só faltariam votos para passar PECs — mas, num país normal, emendas
constitucionais não devem ser vistas como ferramentas de governo. Dessa
constatação, nasce a indagação: por que o presidente eleito escolhe,
voluntariamente, a aliança com a direita bolsonarista?
Uma pista para a resposta encontra-se na
aprovação da PEC do Calote, em dezembro de 2021, que adiou o pagamento de
precatórios, e da PEC Kamikaze, em julho, que inventou uma “emergência” para
ampliar o valor do Auxílio Brasil. No primeiro episódio, cinco dos seis
senadores petistas votaram com o bolsonarismo. No segundo, as bancadas petistas
no Congresso votaram em massa com o governo.
A aliança Lula/Lira assenta-se sobre uma
plataforma comum: a captura dos recursos públicos por grupos de interesse
privilegiados. Lula declarou, há pouco, que “acabaram as privatizações”. De
fato, porém, a privatização principal, a do Estado, continua a todo vapor.
É coisa antiga. O manejo das políticas
fiscal e parafiscal e as concessões de subsídios abertos e ocultos para atender
a interesses privados, assim como a proteção dos altos salários da elite do
funcionalismo, inscrevem-se na tradição política brasileira. A novidade das
últimas décadas é que os mecanismos de apropriação privada dos recursos
públicos passaram a ser mascarados por programas de transferência de renda aos
pobres.
O Estado-Financiador — eis o conceito central que configura o acordo entre Lula e Lira. Dele emana a necessidade de maiorias parlamentares excepcionais, capazes de promover frequentes mudanças constitucionais. Os arcabouços legais da responsabilidade fiscal, concebidos a partir do Plano Real, começaram a cair sob o fogo de Bolsonaro/Lira. A aliança Lula/Lira promete derrubar o pouco que resta.
Um comentário nas redes explícita bem a qualidade deste artigo ao avaliar a imprensa deste país: "Nós falamos golpe. Eles disseram não. Nós falamos fascismo, eles disseram exagero. Nós falamos terrorismo, eles deram de ombros. A mídia brasileira não chama as coisas pelo nome por incompetência e falta de capacidade crítica. Ela é MUITO RUIM pelo padrão básico do Jornalismo."
ResponderExcluirPerceba, Magnoli, política é a arte do possível. Convivemos com jornalismo ruim porque é o q temos e por causa de ideologias contrárias à esquerda.
À sua pergunta: "por que o presidente eleito escolhe, voluntariamente, a aliança com a direita bolsonarista?", repondo q não é voluntário é por necessidade.
E sua afirmação de q a "nova Câmara, embora bastante conservadora, propicia a construção de maioria sem o bolsonarismo." é falha. Seus cálculos estão incorretos mas sendo vc amador na política, note q é maioria escassa e, pior, volúvel, volátil mesmo - LULA lembra do acontecido com Dilma, q tinha maioria mas ampla do q a dos seus cálculos e deu no q deu. A extrema-direita brasileira (vc chama inocentemente de conservadora) está a espreita (vide o terrorista bolsonarista preso) - não é com seu amadorismo inocente q se consegue governar o Brasil.
O raciocínio do crítico anônimo è seletivo como qualquer raciocínio enviesado. Se seria instável uma aliança com o centro não-centrão o que dizer da aliança preferencial com Lira? Se haveria defecções nas bancadas do MDB, PSD, etc..(e certamente haveria) não faltariam, para compensar, adesões de parlamentares avulsos do centrão. Sem necessidade de Lula celebrar com Lira um acordo no atacado. Bastava não ameaçar sua reeleição. Portanto o argumento de Magnoli está correto e nada tem de amador. Juntar-se ao atraso foi escolha de Lula sim, para não assumir compromissos politicos com o centro liberal democrático. Sintoma disso é a fritura a que estão submetendo a senadora Simone Tebet
Excluir"Ninguém, exceto militantes fanáticos, tem o direito de continuar a levar a sério o rugido santo do lulismo"
ResponderExcluirBobagem, Magnoli. O lulismo nunca se disse santo. Note o efeito na sua fala se substiuirmos algumas palavras:
Ninguém, exceto militantes fanáticos, tem o direito de continuar a levar a sério o rugido santo DA IMPRENSA
Q tal, gente? Eu não creio na santidade do império Globo. Lembram q os Marinho apoiaram o golpe de 64 e, bem depois, pediram desculpas? Pois é. O império q lhe paga É DE DIREITA - vc também.
Os Marinho da Globolixo, os da Falha e do Estadinho apoiaram o ...o... o... Bo-zo. Não aprendem. Nunca aprendem
ExcluirQ fique claro. O equilíbrio de um LONGEVO jornalista como Magnoli, entre suas reais opiniões e a de seus patrões não é obtido sem sacrifício de sua independência (do jornalista).
ExcluirO (des)equilíbrio provocado pelo LULA pode causar efeitos bons ou ruins. Até porque a credibilidade da grande imprensa é cada vez menor. Lula saiu com 87% de aprovação; o genocida sequer se reelegeu, apesar de ter roubado pra kct. Já a grande imprensa é cada vez mais ignorada por seus próprios deméritos.
ENFIM, LIMITES SAO IMPOSTOS TANTO AO MAGNOLI QUANTO AO LULA.
EU NAO TENHO LIMITES. SOU ANÔNIMO E ESTOU DO LADO DA VERDADE (DO Q PENSO SER A VERDADE).
A arrogância é o pecado original do PT. Nunca vocês vão admitir compartilhar o poder, pois se acham no direito divino ao perpétuo comando do país. Depois clamam contra o antipático, consideram de direita todos aqueles que não aceita. Esse comando absoluto.
ResponderExcluir"Muitos avaliam que esse comportamento monopolizador decorre de uma espécie de “ganância” do PT por poder e recursos. Por mais tentadora que pareça essa explicação, existem outros elementos que também explicam essa conduta."
ExcluirCarlos Pereira, hoje, neste blog.
Balela. Não é arrogância. Claro q não!
Perfeito
ResponderExcluirNo meio do jornalismo de esquerda, identitário, só Demetrio Mangnoli contesta.
ResponderExcluirO velho Magnoli sendo mais que velho: VELHACO! Sugerir que Lula governe sem Lira e seus apoiadores é desprezar uma parte significativa do Congresso. Dilma fez algo semelhante, mesmo tendo base maior. e deu no que deu. Magnoli ficaria bem feliz se o governo Lula 3 terminasse como o de Dilma. Mas Lula é mais inteligente que Magnoli e Dilma juntos, e não vai cair nesta conversa fiada de pseudojornalista incompetente como é este colunista.
ResponderExcluirNinguém, exceto colunistas dogmáticos como este, tem o direito de continuar criticando os programas de transferência de renda, valendo-se dos mais pobres argumentos para isto.
ResponderExcluirPara Magnoli, política é a arte do que ele acredita ser viável ou possível. Ele, o sabichão, logicamente! Pobre coitado...
ResponderExcluirQuanto despeito do grande e inteligente jornalista. Esse blog apresenta, algumas vezes, uma alcateia de tormento ignóbil.
ResponderExcluirViu a coluna do Magnoli de 27/12, hoje, na Folha. Lá ele pede desculpas por erro político q cometeu. Se bem q não pareceu sincero. Kkkkkkkk
ExcluirHiena, vc não consegue escrever nem uma linha que o Demetrio escreve. Está com pulga na costela ou e um azarão feio como o capeta. Só pode para acalentar tanta inveja. Já lavou a cueca hoje? Mas me parece mais uma donzela desprezada, mam vc não é. Men tem outras coisas mais importantes para fazer que atacar jornalistas, falta coisas para fazer, vá catar coquinho.
ExcluirSentiu! Deve ser caso do Magnoli, pra falar tanto de man/men, seja lá o q isso signifique.
ExcluirLkkkkkkkkkkkkk
É, o cara fala de cueca. Q q isso? Por que não calcinha? Ele nem sabe nosso gênero e pensa q fala com man/men, sei lá. Típico gado. Hahahahaha!
ExcluirE ainda fala q sou feio. Q mané! Kkkkkklllllll Engasgando de tanto rir.
ExcluirO mané, gado mané, foi o Magnoli quem pediu desculpas. Brigue com ele, se o relacionamento de vcs não for abusivo, claro.
Se for abusivo, brigue comigo, q sou de paz. Hajahahahajsjs
A hiena se ofendeu? Vai plantar bananeira. Sua cueca deve ser bem sujinha porque a única coisa que produz é merda .
ExcluirDeve ser baixinho espinhento não se aproveita nada . As vezes vc parece ser uma menininha girafinha e gordinha e mal acabada. Vai ao blog ou para destilar veneno ou mostrar-.se um invejoso daqueles. Deve tentado
aparecer mas ninguém deu bola para o vazio que vc parece ter. Sabe nada e fica querendo demonstrar que é um expert . É nada, apenas um mal amado que todo mundo rejeita.
Demétrio sendo Demétrio.
ResponderExcluirOs leitores de qualquer colunista têm que ser MAIS CRÍTICOS! O colunista tem suas qualidades, pode escrever bem, mas NÃO é um sabe-tudo e nem vai acertar sempre! O Joel Fonseca fez reflexões interessantes sobre isto aqui no blog hoje.
ResponderExcluirQuem critica e faz sugestão deve apontar solução ou e falácia.
ResponderExcluirEu adoro o Demétrius porque valorizo pessoas inteligentes e finas, classe. Vcs me entendem? Odeio a vulgaridade e gente que quer aparecer de qualquer maneira, mesmo que seja como um moleque ou uma Dona Xepa.
ResponderExcluirTodo anônimo é covarde.
ResponderExcluirMAM