Folha de S. Paulo
Seria precipitado considerar Lira uma besta
desdentada incapaz de qualquer reação
Gilmar levantou e Lewandowski cortou. Sinto uma ponta de satisfação ao ver Arthur Lira e o centrão sofrendo uma derrota política. E uma
que em tese põe fim ao escândalo institucional que era o orçamento secreto.
Mas, como ensinava Sólon, dadas as reviravoltas do destino, só podemos dizer
que um homem foi feliz depois que seus dias tiverem se esgotado.
Lira saiu enfraquecido, mas seria precipitado considerá-lo uma besta desdentada incapaz de qualquer reação. A turma mais ouriçada, que já fala em lançar Boulos para substituir Lira na presidência da Câmara, me parece operar em outra realidade. O Congresso que saiu das urnas em outubro foi para a direita, não para a esquerda.
Se as recentes decisões do STF criaram uma
solução para o orçamento secreto, deixam também dúvidas e problemas. Uma das
questões centrais é que, na democracia, cabe ao Parlamento decidir o destino
das verbas orçamentárias. Foi para isso que parlamentos foram inventados. Sendo
mais cuidadosos em relação à forma, Lira e o centrão ainda podem se assenhorar
de um bom quinhão do dinheiro público disponível para investimentos.
Outro ponto é que a coreografia envolvendo
Gilmar e Lewandowski foi coordenada demais para fingir que não houve ao menos
um acerto tácito entre eles e o futuro governo. Ainda que decisões do STF
sempre tenham uma dimensão política, quando isso fica escancarado demais, vira
um problema reputacional para a corte.
Por fim, Lira é um ator suficientemente racional para não pôr tudo
a perder numa operação kamikaze de vingança, mas seria ingenuidade achar que o
episódio não deixará arestas. O próximo governo precisará do apoio do líder do
centrão. Ele até poderá se materializar, mas não sem desconfiança. Também não
dá para descartar que Lira, quando achar que é seguro, dê o troco. Seja como
for, é bom ver a que a rendição de Bolsonaro ao centrão vai dando lugar à boa e
velha política.
Criaram uma ideia de que os políticos teriam que assumir mandatos como verdadeiras múmias controlando as políticas públicas então, criaram a diplomação nos TRE do país mas desde quando que para o sujeito múmia precisa de diploma se o elemento político é um estado do ser?
ResponderExcluir"Sendo mais cuidadosos em relação à forma, Lira e o centrão ainda podem se assenhorar de um bom quinhão do dinheiro público disponível para investimentos"
ResponderExcluirVerdade. Não esqueçamos q esta "forma" pode muito bem ser favorável ao novo governo - LULA já demonstrou q sabe jogar e não surpreenderia se, mais uma vez, fizesse gol e garantisse apoio congressual fiel e duradouro.
Vejam o texto do Bruno Boghossian de hoje neste blog:
Excluir"novo governo e o presidente da Câmara voltaram à mesa para discutir o destino dos R$ 19,4 bilhões que, até aqui, estavam sob controle dos congressistas. A decisão de partilhar essa quantia foi o primeiro sinal de que os dois lados estão interessados em procurar acordos, ao menos por enquanto."
Isso demonstra q a nova "forma" tem tudo pra ajudar o novo governo. Aguardemos.
Pimba, Hélio!
ResponderExcluirNa mosca!
O congresso foi piorado,conseguiram piorar o que já era ruim.
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