O Estado de S. Paulo
Qual o efeito dos atos extremistas de 12 de dezembro para o futuro do bolsonarismo? Para responder a esta pergunta, é necessário lembrar que este não é um acontecimento isolado nem tampouco se iniciou após o resultado da eleição presidencial. Os atos ocorridos em Brasília são mais uma etapa do processo de radicalização da extrema direita no Brasil. Nos últimos dois anos, bolsonaristas têm realizado exercícios constantes e coordenados de mobilização de insurgência. O marco deste processo ocorreu em março de 2020, quando Jair Bolsonaro e seus apoiadores passaram a atacar os governadores e o Supremo Tribunal Federal (STF), em atos que passaram a ser chamados de “manifestações antidemocráticas”.
Nos últimos dois anos, as motociatas foram
o exercício para as mobilizações de insurgência. Com essa guinada em direção à
radicalização, o bolsonarismo deixou para trás a agenda que o elegeu. Em 2018,
a campanha bolsonarista foi centrada na figura do “cidadão de bem”, mobilizado,
principalmente, pelo discurso anticorrupção. A partir de 2020, o bolsonarismo
passou a recrutar o “patriota”, a versão mais radical e violenta em comparação
com o “cidadão de bem”. Esta mudança se deu em consonância com uma tendência
global das extremas direitas, cuja forma de atuar passa pelo uso de estratégias
de terrorismo doméstico, a exemplo da invasão do Capitólio, nos Estados Unidos,
após a derrota de Donald Trump.
Com o apelo crescente para a participação
de manifestantes considerados “patriotas”, aqueles considerados “fracos” vão
perdendo destaque, relevância e prestígio dentro dos movimentos e dos grupos
bolsonaristas. Em contrapartida, ganham proeminência apenas os que detêm maior
habilidade com o uso da força e da violência, seja ela retórica, seja ela
física. E as lideranças desses atos passam a ser mais prestigiadas cada vez que
avançam no seu “extremismo estratégico” contra as instituições democráticas.
Esses atos buscam instigar o caos como
método. É uma forma de gerar situações cada vez mais extremas nas quais os
líderes desses movimentos são investigados, presos, ou se tornam “vítimas” do
“sistema” (alvos de prisões e investigações no âmbito do Supremo). Com isso, o
bolsonarismo ao mesmo tempo que passa a mobilizar um número cada vez menor de
apoiadores também avança no seu processo de radicalização.
*Coordenadora do curso de sociologia e política da Fespsp e coordenadora do Oed Brasil (Observatório da extrema direita)
Os milicianos bolsonaristas já deixaram de ser apenas antidemocráticos e mentirosos (como o papagaio bolsonarista que avoava por este blog durante a última eleição)... Há tempos muitos já são realmente CRIMINOSOS, aderindo ao TERRORISMO DOMÉSTICO, como bem destaca a colunista! A MENTIRA é o método dos bolsonaristas em geral, mas a VIOLÊNCIA é o novo método empregado pelos bolsonaristas radicais, agora revoltados pela perda da eleição e amedrontados pela real ameaça do seu líder e MINTO começar a ser PROCESSADO e CONDENADO logo após deixar a presidência.
ResponderExcluirA colunista disse tudo.
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