O Estado de S. Paulo
Negacionismo de Lula e do PT compromete a largada do novo governo
Para Lula e o PT, o desastroso mandato e
meio de Dilma Rousseff continua sendo um trauma mal resolvido. Aferrados ao
negacionismo, Lula e o partido jamais conseguiram desenvolver uma narrativa
apresentável do que se passou entre 2011 e 2016. E o que agora se vê é que essa
incapacidade de reconhecer o que, de fato, aconteceu começa a afetar decisões
cruciais do presidente eleito sobre a composição da nova equipe econômica e a
condução da política econômica do futuro governo.
Para todos os efeitos, Lula se comporta como se, em sua cabeça, o governo Dilma não tivesse existido. Um período a ser desconsiderado e, de preferência, jamais mencionado. O problema é que, como os segmentos mais bem informados da opinião pública estão perfeitamente a par do que se passou no governo Dilma, se cria uma situação de grande constrangimento a cada vez que Lula se permite fazer declarações que parecem presumir que a audiência nada sabe a esse respeito.
Lula tem feito o possível para se dissociar
do calamitoso desempenho de Dilma Rousseff e assegurar que seu novo governo
nada terá a ver com aquela experiência tão traumática. Mas, nesse empenho,
tem-se defrontado com duas enormes dificuldades.
A primeira é que é mais do que sabido que
foi de Lula, e só dele, a ideia de alçar Dilma Rousseff à Presidência da
República. Um desatino que, em face de tenaz resistência do PT, teve de ser
enfiado pela goela abaixo do partido. A segunda é que Dilma não governou
sozinha. E nem errou sozinha. Sua administração foi tripulada de ponta a ponta
pelo PT, inclusive com a preservação quase integral da equipe econômica de
Lula. Não há como negar que, entre 2011 e 2016, o País foi governado pelo
partido.
Como é esse mesmo PT que agora, seis anos
depois, voltará a tripular os cargos mais importantes do governo, é mais do que
natural que haja grande apreensão com os nomes escalados e as ideias que
acabarão prevalecendo. Especialmente porque, diante da extensão do
comprometimento do PT com o que ocorreu no governo Dilma, o que acabou se
impondo, no projeto de recondução de Lula ao Planalto, foi a aposta no pacto de
manter o partido coeso, com olhos fechados para erros e excessos cometidos, em
amnésia coletiva, sem recriminações e autocríticas.
Tendo essa aposta negacionista sido coroada
de sucesso, não chega ser uma surpresa que o novo governo que agora se forma
não esteja conseguindo articular uma visão minimamente lúcida da essência dos
desafios de política econômica que o País tem pela frente.
*Economista, doutor pela Universidade Harvard,
é professor titular do departamento de economia da PUC-Rio
Com todo respeito, escreveu, escreveu, mas sem nenhum conteúdo a não ser premonitório sinalizando um viés parcial e que parece torcer para dar errado. Fico perplexo pois o novo governo nem começou, está buscando ajustar a falácia do orçamento de 2023, consegue vitórias na aprovação da PEC e somos sujeitos a textos como este com olhar para atrás e que já prevê um futuro ruim. Que venha o Ano Novo!
ResponderExcluirEm resumo: a esquerda ganhou, mas tem q governar como se fosse a direita. Só q aí seria estelionato eleitoral, como aconteceu com Dilma no segundo mandato, quando trouxe o Joaquim Levy pra comandar a economia.
ResponderExcluirE há quem diga que a imprensa só é rigorosa com Bolsonaro.
ResponderExcluirTá.