O Globo
Mais inteligente seria Lula agregar tantos
setores quanto possível a seu governo para conter golpistas
Na segunda semana de nomeações para seu
terceiro governo, Lula segue nas bolas de segurança e na reafirmação, na
economia, de que vem aí um remédio que o mercado terá de engolir, queira ou
não. A ideia de que daria uma no cravo, outra na ferradura, compondo uma equipe
econômica que mesclasse expoentes de um liberalismo não guediano ao nacional-desenvolvimentismo
mais enraizado no PT, por ora, não se mostra nos nomes já escalados.
Ao bancar Aloizio Mercadante no BNDES, Lula
reafirma o que escrevi neste espaço na semana passada: a intenção de não deixar
na chuva os aliados dos tempos difíceis em que foi preso e em que o PT se viu
atingido em cheio pela Lava-Jato.
Na entrevista em que confirmou a indicação
do ex-ministro e ex-senador para o banco de fomento, Lula voltou a ironizar as
reações do mercado financeiro à conformação que vai ganhando seu time
econômico, mas será que dobrar a aposta logo de saída, num cenário tão
conflagrado, é a melhor estratégia?
O futuro ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, foi mais habilidoso em sua primeira entrevista coletiva. Falou em somar
visões de mundo, em previsibilidade e em parceria com o setor privado. Tudo em
tom conciliador, deixando de lado o ar professoral por que muitas vezes é
criticado.
O extremismo bolsonarista é uma ferida que purga sem sinal de que cicatrizará facilmente. O recado de Alexandre de Moraes de que os criminosos que praticam atentados contra a democracia serão “integralmente punidos” foi duro, mas a ele se sucederam, na mesma noite, mais atos de vandalismo e terrorismo doméstico.
Para que surta efeito e os golpistas voltem
para casa, é preciso que haja uma perspectiva clara de que punição será essa,
de onde ela partirá, em que tempo e com que dureza. Nos atos de vandalismo em
Brasília na noite de segunda-feira, as forças de segurança demoraram a agir.
Ninguém foi preso em flagrante. As Forças Armadas silenciaram.
Seria mais inteligente da parte de Lula
compor com quantos mais setores da economia e da política puder para erguer uma
barreira de contenção ao extremismo de direita que deu para incendiar carros em
dias úteis, sem esconder a cara, sob o beneplácito do inquilino do Palácio da
Alvorada.
Persio Arida, que chegou a compor o
“quadrado” da transição econômica, pegou seu banquinho e saiu de mansinho
quando se deu conta de que a opção de Lula seria mesmo por Haddad para a
Fazenda.
Simone Tebet, que arregaçou a manga e vestiu
vermelho na campanha, no dia seguinte à festa na Paulista já não era mais uma
leoa aos olhos do petismo. Foi deserdada pelo MDB e ficou sem pai nem mãe à
espera de algum ministério — desde que não seja na cota de seu partido nem a
pasta do Bolsa Família, que parece ser do PT por direito divino.
Izolda Cela, transformada em símbolo da
estigmatização da truculência de Ciro Gomes na campanha, já não serve para ser
ministra da Educação. Lula até ofereceu o MEC a Camilo Santana, como a
evidenciar que, no embate entre uma mulher não petista e um companheiro homem,
não tem nem o que discutir.
É cedo para estreitar o entorno de um
presidente que logrou o feito histórico de ser eleito para um terceiro mandato
e superou o maior revés que um político pode enfrentar, a prisão, mas que chega
a um governo incomparavelmente mais difícil que os anteriores.
Reconhecer a diferença do terreno em que
pisa definirá o sucesso do governo, a começar pela constatação de que o Brasil
é hoje um país conflagrado por um autocrata frustrado pela derrota, disposto a
tudo para não ser preso e para voltar ao poder. Para uma jornada incerta como
essa, afastar quem pode estar na trincheira é mais que imprudência, é
temerário.
Izolda Cela,não conheço,vou procurar no Google.
ResponderExcluirNinguém conhece...
ResponderExcluirSó o dr. Google, e mal
Muito bom!
ResponderExcluirEncontrei uma informação,malemá,eu só sei que existe mesmo.
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