O Estado de S. Paulo
Lula parece convencido de que pode fazer o que quiser, mas o único vencedor é o Centrão
Lula é um velho político que sabe usar palavras
e se esmera em falar o que diversas audiências querem ouvir. Mas já em seu
terceiro mandato, parece ignorar que algumas plateias desenvolveram um sentido
para diferenciar palavras de fatos. Especialmente as plateias formadas por
pessoas preocupadas com o dinheiro no bolso – no mínimo.
A responsabilidade fiscal que Lula prometeu em muitas palavras está sendo avaliada em função de dois fatos. O primeiro é o tamanho do espaço pretendido para gastar sem dizer de onde virá o dinheiro para financiar. O segundo foi a articulação para esvaziar a Lei das Estatais, instrumento criado para, pelo menos, se tentar bloquear o loteamento político de empresas públicas.
A combinação desses dois acontecimentos é
mais eloquente do que os últimos discursos. O novo governo quer gastar na
crença de que garanta ou segure índices de popularidade e faça a economia
crescer, enquanto reocupa empresas públicas por meio do mesmo tipo de esquema
que lembra algo que não deu certo – vide o que aconteceu com o loteamento da
Petrobras.
Lula parece ter lido o resultado das
eleições de acordo com a expressão “winner takes all”. No momento, o único
vencedor que está levando tudo é o Centrão, que trabalha com Lula para manter
suas ferramentas de poder. Leia-se orçamento secreto e liberdade para gastar.
É um fato da política bastante eloquente
(muito mais do que palavras) que o “consórcio” Lira-bolsonaro-pacheco tornou-se
sem sobressalto o “consórcio” Lira-lula-pacheco.
Lula está convencido de ser uma “esperteza”
começar o governo com uma acelerada de arrumação, em vez da esperada “freada de
arrumação”. Economistas que emprestaram prestígio entre o primeiro e o segundo
turnos falam que mal foram ouvidos. O mesmo com Simone Tebet, que se queixa do
governo que começa equivocado: a prometida frente ampla está com cara de ampla
frente de siglas com o velho PT no comando.
A postura do “faço o que eu quero”, que faz
agentes econômicos enxergarem apenas Lula acima de tudo, é uma aposta de alto
risco, dados os duros fatos da realidade política. A oposição fora do
Parlamento é formidável e só na minoria composta de vândalos e radicais
bolsonaristas. Mais ainda: está levando para o plano da ação política a
convicção de que foi um injustiçado que conseguiu numa espetacular reviravolta
dar a volta por cima. Sente-se ocupando o balcão elevado da superioridade moral
que lhe daria condição de conduzir o País rumo ao passado, no qual, na sua
imaginação, tudo foi melhor. O problema é o tamanho da plateia que não vê
palavras combinando com a realidade.
Cruzes,que má vontade com o Lula!
ResponderExcluirÉ a nossa Megan Markle!
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