Folha de S. Paulo
O objetivo é espalhar suspeitas em relação
às eleições democráticas
No domingo 10/4, os mexicanos foram
chamados a
opinar se queriam que o presidente Andrés Manuel López Obrador
continuasse a governá-los até a próxima eleição, em 2024. Conhecida como
referendo revogatório, a Consulta de Revogação do Mandato foi convocada pelo
próprio mandatário, responsável também, em 2019, pela reforma que incluiu a
democracia direta na Constituição.
Analistas acreditam que tudo não passou de
manobra de AMLO, como é conhecido pelos concidadãos, a fim de se mostrar
detentor do apoio da rua para promover mudanças constitucionais que lhe
permitam mais facilmente submeter as instituições democráticas à sua vontade
—abrindo caminho, entre outras coisas, à sua reeleição.
Nem 2 em cada 10 mexicanos
participaram da encenação do mandatário, esvaziando a manobra. Mas a
ocasião serviu para acentuar a campanha de descrédito do INE (Instituto
Nacional Eleitoral), incumbido de organizar a consulta e garantir sua lisura.
Assim, conhecidos os resultados, AMLO atribuiu o fracasso de sua jogada à suposta incompetência e má-fé do organismo e prometeu uma reforma eleitoral que, entre outras coisas, viria alterar a composição do instituto.