quinta-feira, 14 de abril de 2022

Maria Hermínia Tavares: No México como aqui, o mesmo alvo

Folha de S. Paulo

O objetivo é espalhar suspeitas em relação às eleições democráticas

No domingo 10/4, os mexicanos foram chamados a opinar se queriam que o presidente Andrés Manuel López Obrador continuasse a governá-los até a próxima eleição, em 2024. Conhecida como referendo revogatório, a Consulta de Revogação do Mandato foi convocada pelo próprio mandatário, responsável também, em 2019, pela reforma que incluiu a democracia direta na Constituição.

Analistas acreditam que tudo não passou de manobra de AMLO, como é conhecido pelos concidadãos, a fim de se mostrar detentor do apoio da rua para promover mudanças constitucionais que lhe permitam mais facilmente submeter as instituições democráticas à sua vontade —abrindo caminho, entre outras coisas, à sua reeleição.

Nem 2 em cada 10 mexicanos participaram da encenação do mandatário, esvaziando a manobra. Mas a ocasião serviu para acentuar a campanha de descrédito do INE (Instituto Nacional Eleitoral), incumbido de organizar a consulta e garantir sua lisura.

Assim, conhecidos os resultados, AMLO atribuiu o fracasso de sua jogada à suposta incompetência e má-fé do organismo e prometeu uma reforma eleitoral que, entre outras coisas, viria alterar a composição do instituto.

Ranier Bragon: Por que se calam?

Folha de S. Paulo

Lira e Bolsonaro mostram que sua obrigação de prestar contas não é levada a sério

Dia desses, a Folha quis saber dos principais pré-candidatos a comandar esse país o que eles pensam do semipresidencialismo em debate na Câmara.

A assessoria de Jair Bolsonaro (PL), como de praxe, ignorou a pergunta. A de Lula juntou preguiça com desprezo pela inteligência alheia e disse que o petista ainda não é candidato, logo, não falaria.

Parece uma besteira, mas há aí o sintoma de um mal maior, a certeza de que eu, político responsável pela gestão de milhões ou bilhões em recursos públicos, ou candidato a isso, só me manifestarei sobre aquilo que eu quiser, do jeito que eu achar mais conveniente, no momento em que julgar adequado, no ambiente controlado que escolher —e se, por ventura, estiver disposto a tal.

Escolas públicas de Alagoas visitadas pelo repórter Paulo Saldaña sofrem com falta de sala de aula, internet, computadores e até água encanada. Para lá o governo federal enviou não a infraestrutura que deveria ter providenciado há décadas, mas kits de robótica ao valor unitário de R$ 14 mil.

Empresa de um aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), intermediou o negócio e comprou pelo menos parte desses kits por R$ 2.700 cada um. Ou seja, revendeu os kits às prefeituras com um ágio de 420%.

Ruy Castro: O Viagra não resolverá

Folha de S. Paulo

Segundo Bolsonaro, as Forças Armadas não estão broxas, mas com reumatismo

Nelson Rodrigues disse certa vez, "Se todos conhecessem a vida sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém". Por sorte, a maioria das pessoas mantém certo recato e, com isso, continuamos a cumprimentá-las sem nos perguntarmos onde botam a mão. Nesta semana, no entanto, falou-se dos possíveis desaires pessoais de membros de uma categoria por definição viril: os militares. As Forças Armadas compraram 35.320 comprimidos de Viagra para seus homens.

Ao ouvir a notícia, e sabendo que o Viagra é um remédio para a disfunção erétil, vulgo impotência, o Brasil estremeceu de rir —imagine um bando de oficiais provectos tendo de apelar para o comprimido a fim de bater continência. Aos que me vieram falar, aconselhei respeito: "Esse assunto não nos compete. E daí se há milhares de generais, almirantes e brigadeiros broxas? Em que isso interfere na pintura de postes e faxina dos quartéis?".

Vinicius Torres Freire: Preço do diesel é o maior do século, mas vendas batem recorde

Folha de S. Paulo

Vendas no primeiro bimestre ultrapassam as do período pré-pandemia

Nunca se vendeu tanto diesel em um primeiro bimestre quanto neste 2022, pelo menos desde 2000, quando há números comparáveis. As vendas são quase 7% maiores do que no início de 2020, antes da epidemia, e 9% maiores do que em 2019. O preço do combustível, por sua vez, nunca foi tão alto em pelo menos uma década, em termos reais.

Em tempos menos anormais, não seria de espantar. A população cresce; a frota de caminhões aumenta de modo relevante, de acordo com estatísticas da Agência Nacional de Transportes Terrestres ou do Denatran. Até a produção da economia, o PIB, voltou ao nível de 2020, talvez um tico mais.

A diferença grande é o preço. Um recurso para pensar a carestia é verificar quanto se perdeu em poder de compra de combustíveis. Por exemplo, considerar quanto o salário médio compra de litros de diesel, por exemplo. No primeiro bimestre deste ano, o rendimento médio mensal do trabalho comprava 31% menos diesel do que em 2020 e 33% menos do que em 2019.

José Serra*: O Brasil diante da crise de segurança global

O Estado de S. Paulo

Prioridade de nossa diplomacia não deve ser equilibrar-se entre condenação da guerra na ONU e o apoio ao agressor no Planalto.

A invasão militar da Ucrânia pela Rússia é mais do que uma guerra de anexação. Ela abre uma crise no equilíbrio da segurança global e acrescenta nova dimensão à tríplice crise política, econômica e sanitária que atravessamos. Afeta nosso processo sucessório, põe em risco o comércio exterior, cria insegurança no mercado financeiro e no investimento estrangeiro e agrava o isolamento provocado pela má condução de nossa política externa e pela execução pífia de nossa diplomacia.

Os impactos econômicos são os que mais têm se destacado e os que recebem tratamento mais inadequado do governo. O pretexto de nossa dependência em potássio, depois de ser usado para legitimar a visita presidencial à Rússia, agora justifica o controverso garimpo em terras indígenas e a grilagem. A previsível escassez de vários tipos de insumo deveria ser enfrentada com boas políticas de comércio exterior e de incentivo aos setores produtivos domésticos. E com uma diplomacia proativa.

É surpreendente que a alta do preço do petróleo seja usada como pretexto para subsídios e isenções emergenciais, como se afetasse somente o óleo que importamos, e não aquele que exportamos – sendo quase a metade para a China. Ao todo, no ano passado, exportamos um volume de cerca de 70 milhões de toneladas (o que inclui óleo bruto e minerais betuminosos), resultando numa receita superior a US$ 30,5 bilhões, com o barril a US$ 80.

Luiz Carlos Azedo: Por que a terceira via não empolga nem ela própria?

Correio Braziliense

A distância entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Bolsonaro vem se encurtando, enquanto o espaço para uma candidatura alternativa é cada vez mais restrito

Embora a pré-campanha tenha começado de forma muita antecipada, em grande medida em razão das prévias do PSDB, que em vez de unir dividiu ainda mais a legenda, a campanha eleitoral para presidente da República será curta: começará em 15 de agosto. Até lá, o que está se decidindo é o grid de largada: quem serão os candidatos para valer e as respectivas coligações, que garantirão o tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na tevê de cada um. De 2 a 30 de outubro, se houver segundo turno, o país poderá estar à beira de uma ruptura institucional.

A distância entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) vem se encurtando, enquanto o espaço para uma candidatura alternativa, nessa pré-campanha, parece cada vez mais restrito. As pesquisas de opinião apontam uma tendência de consolidação de votos, em razão de os candidatos serem mais conhecidos, porém, a eleição ainda está no estágio de “guerra de posições”, ou seja, de ocupação de espaços e acumulação de forças. Entretanto, como sabemos, as eleições presidenciais no Brasil são decididas numa “guerra de movimento”, quando a grande massa de eleitores efetivamente se envolve nos debates eleitorais e decide o que fazer. Ninguém leva o eleitor para votar pelo nariz.

As últimas pesquisas estão mostrando que o favoritismo de Lula continua inequívoco nas pesquisas de segundo turno, mas seu crescimento estacionou, no primeiro turno. O ex-presidente trabalha para esvaziar os candidatos da terceira via e não para atraí-los no segundo turno. É uma aposta perigosa, que mira uma vitória improvável no primeiro turno, mais não impossível, num cenário de extrema radicalização política. O petista se considera mono opção para derrotar Bolsonaro, o que não deixa de ser uma arrogância.

José de Souza Martins*: A hipocrisia por trás da estigmatização política

Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

Quando um membro da elite diz que toma cachaça é para fazer supor que é tão ousado que tem a coragem democrática de misturar-se com os subalternos e ingerir a bebida forte dos simples e valentes

Nos meses que precederam as eleições de 2018, uma das formas de estigmatizar a esquerda era a de apontar em Lula o apreço pela cachaça. Na verdade, entre os operários do ABC, havia e talvez ainda haja a tradição de ir ao boteco próximo da fábrica e tomar uma dose de pinga.

Em certa ocasião antes de eleito vice-presidente, o general Hamilton, já reformado, confessou a um jornalista seu apreço pelas praias do Rio de Janeiro e pelo prazer de uma cervejinha na praia. Havia um tom de carinho pela bebida, tão próprio da função dos diminutivos em nossa língua.

A cerveja e o vinho têm um lugar decisivo na história social neste mundo ocidental de que fazemos parte. Certa vez, levado por uma amiga antropóloga, fui tomar uma cerveja numa cervejaria de aldeia perto de Frankfurt. Naquele lugar, 500 anos antes, Martinho Lutero, um dos fundadores do protestantismo, fora tomar uma cerveja, de que era aficionado.

Quando ainda papa, Bento XVI, em visita à Alemanha, sua terra, encontrou-se com amigos. Aparece numa foto tomando um canecaço de cerveja. Cristo, que era o próprio filho de Deus, transformou o vinho num sacramento, e o pai dele não estranhou nem um pouco. No entanto, em países como o Brasil, muitos hipócritas, que se dizem cristãos, têm opinião oposta à do próprio Deus.

Maria Cristina Fernandes: As vacinas que Bolsonaro resolveu tomar

Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

Presidente tem uma vasta ficha corrida de denúncias e inoperâncias contra as quais busca vacinas para recuperar eleitores

 “Nada com Deus é tudo e tudo sem Deus é nada.” O apelo é de pastor evangélico, mas a voz é do locutor de rodeios Andraus Araújo de Lima, mais conhecido como Cuiabano Lima, que, no dia 27 de março, foi o mestre de cerimônias do pré-lançamento da candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição.

Ao longo dos cinco primeiros minutos de sua fala, um jovem alto e bronzeado permanece ao seu lado com uma camiseta amarela: “imbrochável&, incomível&, imorrível&, incorruptível&”. Cuiabano pede aplausos, mas ninguém larga o celular estendido acima de suas cabeças e o silêncio continua a imperar na plateia.

O locutor tira o chapéu, ajeita a enorme fivela do cinto e capta o humor da plateia. Pede que levantem as mãos e é prontamente atendido. “Somente quem tem fé em Jesus levanta a mão”, diz para as pessoas que permaneciam segurando o celular acima de suas cabeças.

Bolsonaro, que minutos antes havia atravessado o salão do Centro de Convenções de Brasília sob a saudação apoteótica de “capitão do povo”, seria um dos derradeiros a falar na cerimônia que durou 1h45 driblando a lei eleitoral sob o disfarce de ato de filiação ao PL - “É com ele que vou”.

Estavam presentes pelo menos quatro ministros - Ciro Nogueira (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura), Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Heleno Ribeiro (Gabinete de Segurança Institucional), além do deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP) - que não pertenciam nem se filiariam ao partido de Valdemar da Costa Neto.

Quando o presidente começou a falar, já estava claro que no discurso, nas ênfases, no formato e nos personagens que o cercam tudo ali era diferente da campanha que o elegeu em 2018. O antipetismo sobrevive, mas Bolsonaro, que acumula índices de rejeição em torno dos 60% nas pesquisas eleitorais, está mais focado em se vacinar do que em alfinetar seu principal adversário.

William Waack: O Brasil nas mãos do Centrão

O Estado de S. Paulo

Para os caciques partidários pode ser que não esteja tudo dominado, mas está tudo definido

A excepcional eleição deste ano já tem resultado conhecido. É a confirmação da vitória do Centrão, do sistema político tradicional, da fraqueza dos partidos e do degradante nível geral do Legislativo, não importa o vencedor para o Planalto.

É muito elucidativo constatar o conforto político no qual vive o grande grupo amorfo dessas forças políticas. Consolidaram-se como dominantes – a ponto de se importarem relativamente pouco com o resultado da escolha presidencial.

Esse é o resultado de uma longa linha do tempo que tem como ponto de partida a saída do regime militar. Mas o controle que esse grande grupo hoje exerce é inédito.

Seu símbolo maior é o orçamento secreto, apoiado nas emendas do relator, em si uma contradição com os preceitos democráticos básicos de transparência. Bolsonaro foi manietado pelo STF, mas o Legislativo escapou.

Cristiano Romero*: A fragilidade da “Terceira Via”

Valor Econômico

Ao compor com Alckmin, Lula esvaziou força de 3º candidato

Tudo indica que, ao conseguir a proeza de compor chapa com o ex-tucano Geraldo Alckmin, agora filiado ao PSB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha em mente cumprir três objetivos, todos, evidentemente, destinados a tornar mais competitiva sua candidatura à Presidência da República:

1. Unir, finalmente, as duas maiores forças da social-democracia no Brasil, no momento em que a disputa de poder que caracterizou a relação entre PT e PSDB, desde a eleição de 1994, perdeu o sentido e, dos líderes que travaram essa batalha, apenas ele, Lula, tem neste momento chances reais de voltar a subir a rampa do Palácio do Planalto;

2. Convencer as elites empresariais e financeiras de que, com Alckmin vice-presidente, ex-representante da ala mais conservadora do PSDB, seu possível terceiro mandato será mais parecido com o que foi o primeiro termo no cargo, entre 2003 e 2006, do que foi o pesadelo da gestão petista de Dilma Rousseff;

Nota: ao contrário da sucessora, sua correligionária, Lula manteve e aperfeiçoou o arcabouço macroeconômico herdado do presidente Fernando Henrique Cardoso, não rompeu contratos e, ademais, não apenas o honrou o pagamento de dívidas, mas também chegou a antecipar a amortização de uma delas, justamente a contratada junto ao outrora odiado Fundo Monetário Internacional (FMI);

3. Diminuir o espaço para a emergência de uma candidatura da chamada “Terceira Via”, forjada tanto à centro-direita quanto à centro-esquerda.

A ideia de um terceiro candidato, amparado por forças que, no centro do espectro político, convergiriam para quebrar a lógica da polarização que caracteriza a política brasileira desde a ascensão de Jair Bolsonaro, o primeiro político de extrema-direita eleito pelo voto popular desde a redemocratização, é de uma fragilidade ululante nesta quadra da vida nacional. No Brasil, ninguém é eleito presidente apenas com os votos de seu partido e mesmo de seu campo político (direita, centro ou esquerda).

Míriam Leitão: Corrupção no atual governo

O Globo

A corrupção sempre esteve presente no governo Bolsonaro, mas está escalando neste final de mandato. O presidente Jair Bolsonaro tem dito que é um governo sem corrupção. Está mentindo. O Ministério da Educação tinha pastores pedindo propina a prefeitos, o dinheiro do Fundo Nacional de Educação está sendo distribuído de forma fraudulenta, uma construtora desconhecida domina as licitações em obras financiadas com verba do orçamento secreto e até as Forças Armadas distribuem recursos a políticos de forma não transparente.

O Ministério da Educação foi minado pela corrupção. O órgão nunca foi tão necessário e nunca foi tão inútil para a educação brasileira. E além disso foi ocupado por picaretas. A ligação entre as maracutaias dos pastores e o presidente é clara. Mas agora o governo tenta apagar as pegadas, colocando em sigilo as entradas no Palácio do Planalto dos pastores que, pelo que disse o ex-ministro Milton Ribeiro, haviam sido enviados pelo próprio presidente Bolsonaro.

Quatro ONGS — Transparência Internacional, Human Rights Watch, Anistia Internacional e WWF — através de suas sedes no Brasil, enviaram ontem à OCDE um pedido de audiência com o novo secretário-geral, Mathias Cormann, fazendo alertas sobre os retrocessos brasileiros na área de direitos humanos, proteção ambiental e combate à corrupção.

Malu Gaspar: O voto, a vergonha e as redes

O Globo

A recente recuperação de Jair Bolsonaro nas pesquisas de opinião fez uma pergunta que andava superada voltar a ocupar as mentes de estrategistas e analistas políticos. Afinal, até onde o presidente da República pode crescer? Teremos, neste ano, uma quantidade significativa de votos envergonhados, daqueles que só se revelam na última hora? E ainda: pelo andar da carruagem, Bolsonaro pode acabar se reelegendo? 

É um combo de questões complexas. Qualquer um que se arrisque a fazer afirmações peremptórias neste momento errará. Mas o exercício de procurar as respostas é útil para compreender o que vem por aí.

Considerando o histórico de eleições passadas, era razoável prever que Bolsonaro fosse subir nas pesquisas à medida que seu pacote de bondades começasse a irrigar a economia.

Desde março, ele já liberou R$ 160 bilhões para ampliar o alcance e o valor do Auxílio Brasil, turbinou o vale-gás e acaba de dar um reajuste de 5% aos servidores públicos da União. Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma adotaram estratégias parecidas e conseguiram o segundo mandato. 

Merval Pereira: Os donos do poder

O Globo

A miríade de partidos políticos em atuação no Congresso impede que se chegue a um acordo para lançar candidato único à Presidência da República pelo chamado “centro democrático”. Cada partido tem seu “dono”, que quer puxar a brasa para sua sardinha devido aos fundos eleitoral e partidário. Fica mais importante fazer uma grande bancada no Congresso do que tentar eleger um presidente que, seja qual for sua ideologia, dependerá dos parlamentares para governar. São os novos “donos do poder”.

A “ameaça” do União Brasil de apresentar uma chapa própria, se a turma do “centro democrático” não levar em consideração a escolha de seu presidente, Luciano Bivar, como candidato a presidente da República, é mais uma jogada para melar o jogo. Provavelmente, desse mato não sai coelho, e os partidos acabarão liberando seus parlamentares para palanques regionais.

O União Brasil não quer ter uma candidatura que atrapalhe Lula. Bivar não atrapalha ninguém, fará uma campanha barata, e sobrará dinheiro para financiar uma grande bancada. Um acordo com Moro ou Ciro Gomes seria contra Lula, o que ninguém quer, especialmente o DEM do Nordeste. E uma parte do PSL que está no União Brasil ainda gosta de Bolsonaro. Então, fica evidente que a escolha de Bivar não é para ganhar eleição, e sim para liberar os votos de todos.

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

EDITORIAIS

É fundamental acelerar concessão de aeroportos

O Globo

É preocupante a falta de empenho do governo federal para acelerar a concessão de aeroportos. Embora o Ministério da Infraestrutura mantenha a previsão de leilão do Santos Dumont (terminal doméstico do Rio) e do Antonio Carlos Jobim/Galeão (internacional) para o segundo semestre de 2023, na prática já se trabalha com adiamento para 2024. Os atrasos não se restringem aos aeroportos cariocas. Há problemas também com a nova licitação dos aeroportos de Viracopos, em Campinas (SP), e Natal, em São Gonçalo do Amarante (RN), cujas concessionárias, a exemplo da RioGaleão, também desistiram do negócio.

Como mostrou reportagem do GLOBO, a devolução do Tom Jobim/Galeão, anunciada pela RioGaleão em fevereiro em virtude do agravamento do esvaziamento do aeroporto durante a pandemia, está atrasada. Por questões burocráticas, até o momento ocorreu apenas a troca de documentação entre a concessionária e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Nos bastidores do ministério, sabe-se que não haverá tempo hábil para traçar o modelo de concessão reunindo os dois aeroportos cariocas, obter aval do Tribunal de Contas da União (TCU) e preparar o leilão. A licitação segue a passos lentos não só pela burocracia e inépcia, mas também pelo impacto do calendário eleitoral (o ministro Tarcísio de Freitas deixou a pasta de Infraestrutura para disputar o governo de São Paulo).

Poesia | Bertolt Brecht: Cartilha de Guerra

 

Música | Beth Carvalho: As rosas não falam (Cartola)