O quadro atual é gravíssimo. O
Brasil não vai bem! A fome e a insegurança alimentar são um escândalo para o
País, segundo maior exportador de alimentos no mundo, já castigado pela alta
taxa de desemprego e informalidade. Assistimos estarrecidos, mas não inertes,
os criminosos descuidos com a Terra, nossa casa comum. Num sistema voraz de
“exploração e degradação” notam-se a dilapidação dos ecossistemas, o
desrespeito com os direitos dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, a
perseguição e criminalização de líderes socioambientais, a precarização das
ações de combate aos crimes contra o meio ambiente e projetos parlamentares desastrosos
contra a casa comum.
Tudo isso desemboca numa
violência latente, explícita e crescente em nossa sociedade. A crueldade das
guerras, que assistimos pelos meios de comunicação, pode nos deixar
anestesiados e desapercebidos do clima de tensão e violência em que vivemos no
campo e nas cidades. A liberação e o avanço da mineração em terras indígenas e
em outros territórios, a flexibilização da posse e do porte de armas, a
legalização do jogo de azar, o feminicídio e a repulsa aos pobres, não contribuem
para a civilização do amor e ferem a fraternidade universal.
Diante deste cenário esperamos
que os governantes promovam grandes e urgentes mudanças, em harmonia com os
poderes da República, atendo-se aos princípios e aos valores da Constituição de
1988, já tão desfigurada por meio de Projetos de Emendas Constitucionais. Não
se permita a perda de direitos dos trabalhadores e dos pobres, grande maioria
da população brasileira. A lógica do confronto que ameaça o estado democrático
de direito e suas instituições, transforma adversários em inimigos, desmonta
conquistas e direitos consolidados, fomenta o ódio nas redes sociais, deteriora
o tecido social e desvia o foco dos desafios fundamentais a serem enfrentados.”
*Mensagem ao povo brasileiro, 59ª. Assembleia Geral da CNBB,
25 a 29/4/2022