segunda-feira, 20 de junho de 2022

Mathias Alencastro*: Petro eleito muda América Latina

Folha de S. Paulo

Região não tinha um minuto a perder com mais um aventureiro

Um homem de idade avançada, relaxado no sofá de um iate, contemplando mulheres de biquíni cercado por rapazes munidos de smartphones. As últimas imagens de Rodolfo Hernández antes do segundo turno da eleição colombiana foram uma repetição tropical do pesadelo "bunga-bunga" de Silvio Berlusconi, o apresentador de TV que se tornou premiê nos anos 1990 e afundou a Itália no niilismo. Sua campanha burlesca tem o poder de reduzir a democracia colombiana a um concurso de beleza improvisado.

Confrontada pela primeira vez desde sua independência em 1819 com uma eleição transformadora, que encerra um ciclo de revezamento entre as mesmas elites, a Colômbia atravessou as últimas duas semanas atormentada. A direita colocou seus fantasmas no armário —o hoje impopular Álvaro Uribe, figura dominante da política nacional, foi apagado— e apostou tudo na "petrofobia", atiçando o fantasma anticomunista e disseminando armadilhas, começando pelos inócuos, mas comprometedores "petrovídeos", nome do vazamento de imagens da campanha de Petro que inundaram a mídia nacional.

Marcus André Melo*: O significado histórico das eleições francesas

Folha de S. Paulo

Há duas explicações rivais para a transformação das estruturas partidárias tradicionais

Após a debacle na eleição de 2017, o partido socialista (PS) francês, um dos mais importantes partidos europeus do pós-guerra, vendeu as "joias da coroa". Explico: o PS vendeu sua sede histórica na Rue Solférino, numa das áreas mais valorizadas de Paris, para pagar as dívidas de campanha.

Nada poderia ser mais simbólico. O sistema partidário estabelecido há quase um século no país exauriu-se. A eleição contrapôs Macron, e seu recém fundado movimento En Marche, à Marine Le Pen, o que se repetiu em 2022.

O PS obteve 1.8% do voto. No "terceiro turno" —as eleições legislativas desta semana— Mélenchon unificou a esquerda numa reviravolta ideológica de 180 graus. Se bem-sucedido, teria levado Macron a de fato lhe passar o bastão do executivo, conforme a prática do semi-presidencialismo no país. Nela, presidentes governam no modo presidencialista quando contam com maioria parlamentar; e submetem-se ao primeiro-ministro, em coabitação, na ausência dela.

Miguel de Almeida: Cabeça dinossauro

O Globo

A campanha eleitoral do Bozo, sem nada a mostrar de edificante (a aposentadoria diferenciada dos militares não vale), pretende martelar a implantação do Pix.

Como exemplo de eficiência.

Deveria usar o material pago por nosso dinheiro para contar que o Quênia lançou serviço semelhante em 2007. Sendo mais exato: março de 2007.

Quênia, Bozo, é um país no leste da África.

O Pix queniano (sem malícia, Braga) nasceu por uma necessidade semelhante à brasileira: a baixa bancarização entre as classes mais baixas por causa das incríveis taxas cobradas pelos bancos tradicionais por quaisquer serviços. Lá, como cá, a concentração de bancos é absurda.

Dois anos atrás, o sucesso do Pix de lá se media por um número: 95% dos pequenos negócios, inclusive pagamento de salários, se dava pelo aplicativo. Em 2020, nasce o Pix brasileiro!

Outra cena provável, vinda da cabeça criativa de Valdemar “Boy” Costa Neto, exibiria o Bozo depois de sua motociata diária, mas preocupado com o preço do combustível, pregando a volta do voto em papel, auditável. Na garupa, com capacete, Paulo Guedes (que não é nenhum posto Ipiranga, mas uma loja de conveniência), fazendo seu religioso “V”.

Celso Rocha de Barros: Ligue para Marina, Lula

Folha de S. Paulo

Faria bem ao PT se reaproximar da ex-presidenciável nesta eleição

Uma das melhores notícias da política brasileira recente é a reaproximação de Marina Silva e da Rede Sustentabilidade com o PT em São Paulo. Os petistas precisam se engajar nesse processo, a começar por Lula.

Lula e o PT foram vítimas de muitas sacanagens nos últimos anos. Em outros momentos, o PT entrou em brigas em que tanto ele quanto seus adversários tiveram culpa. Na briga com Marina Silva, é diferente: a culpa foi do PT.

A campanha de 2014 foi muito feia, e, o que é pior, foi mentira: todas aquelas baixarias eram para acusar Marina de planejar um duríssimo ajuste econômico. Dilma ganhou e fez um duríssimo ajuste econômico.

Não me interpretem mal, entendo perfeitamente que política é um esporte de contato. Político triste com o outro não entra no top 100 dos piores problemas do mundo.

Felipe Moura Brasil: Os laços de amizade de Lula

O Estado de S. Paulo

Petista se vangloria de ter intercedido em favor dos sequestradores de Abílio Diniz

Ao revelar os bastidores de sua articulação de 1998 em favor dos “meninos” do Movimento da Esquerda Revolucionária do Chile (MIR), que estavam presos no Brasil pelo sequestro de Abílio Diniz em 1989 e faziam greve de fome para conseguir a expulsão do país, Lula omite os seguintes detalhes:

1) Em julho de 1990, sete meses após o sequestro e a derrota do petista para Fernando Collor de Mello, o MIR chileno participou da primeira reunião do Foro de São Paulo. As presenças de Nelson Gutiérrez e Libio Perez como representantes do MIR foram anunciadas pelo então secretário de Relações Internacionais do PT, Marco Aurélio Garcia, após Lula ter manifestado a expectativa de “estreitar os laços de amizade não apenas entre o PT e os outros partidos irmãos”, mas “entre todos nós”.

Denis Lerrer Rosenfield*: Ausência de Estado e soberania

O Estado de S. Paulo

Afirma-se a visão de que o Brasil é incapaz de controlar o seu território, pondo em perigo, por questões ambientais, a própria humanidade.

O assassinato de um indigenista e de um jornalista no Vale do Javari, nas condições mais indignas e cruéis, mostra uma faceta cada vez mais visível do Estado brasileiro: sua ausência em várias fatias do território nacional. São as favelas, cujos símbolos são as cariocas, dominadas pelo narcotráfico e pelas milícias; são as zonas rurais, em particular indígenas e ambientais de conservação, nas quais reinam a desordem pública, a violência e o desprezo pela condição humana. Um Estado que perde controle de seu território termina por abdicar de sua soberania.

Os assassinatos expuseram uma terra sem lei, um faroeste amazônico, no qual esparsas forças de policiamento são incapazes de agir. Se o Estado deixa de cumprir com suas funções básicas, alguma outra “entidade” vem a ocupar o seu lugar. Não existe espaço vazio, na medida em que as pessoas lá continuam a viver e a sobreviver, assim como os mais diferentes interesses particulares, lícitos e ilícitos. Em particular, onde o Estado se ausenta, o crime e a violência preenchem o seu espaço.

Fernando Gabeira: Novamente, um adeus na Amazônia

O Globo

Há momentos em que o tema do artigo se impõe, apesar das dúvidas sobre como abordá-lo ou mesmo sobre se um silêncio enlutado não seria mais eloquente.

O assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira já me alcança com a vista cansada de cobrir crimes desse gênero na Amazônia. Lembro-me do enterro de Chico Mendes, o cortejo movendo-se lentamente pelas ruas de Xapuri. Da noite da morte de Dorothy Stang, quando tivemos de comprar redes para dormir numa casa abandonada.

Em cada um desses casos de repercussão sobre o qual escrevia, havia sempre muitas outras vítimas anônimas que tombaram pela mesma causa.

No recente programa que fiz na região, usei a varanda de uma modesta casa da Ilha de Marajó para dizer que talvez fosse minha última viagem à Amazônia, porque, tal como a conhecemos, talvez não exista mais nos próximos anos.

A Amazônia que vemos como uma grande esperança para conter o CO2 e evitar o aquecimento global, a Amazônia com que contamos para regular nosso regime de chuvas — tudo isso escapa entre nossos dedos.

Ruy Castro: A devolução das ilusões

Folha de S. Paulo

Urge uma Loja do Ex para os milhões de ex-eleitores de Bolsonaro

Li na Folha (10) que um shopping do Pará lançou uma opção para quem quiser se desapegar de objetos tornados inúteis ou dolorosos pelo fim de um relacionamento. É a Loja do Ex, que recebe essas doações e as destina a uma instituição de caridade. Imagino que as mulheres sejam as maiores doadoras. Como quase sempre é o homem que vai embora e deixa tudo para trás, não é incomum a sua ex se ver, de repente, na posse de um par de chuteiras, um jogo de cuecas novas, uma churrasqueira, um boné do time dele, uma coleção de Carlos Zéfiro e outros itens abandonados pelo sujeito.

Lygia Maria: Um conservador que não conserva?

Folha de S. Paulo

Um conservador deve proteger o meio ambiente como protege o patrimônio histórico e cultural

Um jornalista inglês e um indigenista brasileiro foram brutalmente assassinados na Amazônia. Dom Phillips escrevia havia anos sobre a região para vários jornais estrangeiros. Bruno Pereira trabalhava na Funai, mas foi exonerado em 2019.

Crimes bárbaros como esse não são novidade na região. Quem não se lembra dos assassinatos de Chico Mendes e de Dorothy Stang? Segundo relatório da Human Rights Watch, entre 2009 e 2019, mais de 300 pessoas foram assassinadas na Amazônia devido a conflitos pelo uso da terra e de recursos naturais.

Porém o que chama a atenção agora é o clima de descaso total produzido pelo discurso de Jair Bolsonaro. Durante o desaparecimento de Dom e Bruno, o presidente da República chegou a atribuir culpa às vítimas, dizendo que o jornalista era um aventureiro mal visto na região e que deveria ter tomado cuidado. Durante a campanha presidencial, disse "vou dar uma foiçada no pescoço Funai" e "se eu assumir, não haverá um centímetro a mais para demarcação".

Ana Cristina Rosa: Acorda, Brasil!

Folha de S. Paulo

É preciso desarticular o suposto esquema criminoso em operação na Amazônia

Os detalhes relacionados ao desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips escancararam o quanto a opressão sobre os povos originários e a negligência com a preservação do meio ambiente estão naturalizadas no Brasil.

Foram necessárias 48 horas de pressão internacional para que o Estado resolvesse se fazer presente no Vale do Javari e assumisse a dianteira das buscas, que, desde o primeiro momento, foram empreendidas pelos povos indígenas.

Quando entrou no caso, a Polícia Federal agiu com a eficiência esperada dos órgãos de investigação e indícios levaram à decretação da prisão temporária dos irmãos pescadores Amarildo e Oseney da Costa Oliveira, à época suspeitos do duplo homicídio (hoje um é réu confesso). As prisões, que já envolvem uma terceira pessoa, Jeferson da Silva Lima, são um alento, mas estão longe de representar uma solução.

Bruno Carazza*: Chico, Dorothy, Dom, Bruno e as outras 307 vítimas

Valor Econômico

No caso dos assassinatos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, é melhor não esperar nada além da identificação dos executores do crime

Chico Mendes em 1988, Dorothy Stang em 2005 e agora Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira em 2022. A ocorrência desses três crimes de grande repercussão poderia sugerir um ciclo macabro de assassinatos contra ambientalistas a cada 17 anos na Amazônia brasileira. Antes fosse. A organização Global Witness mantém uma planilha com dados de 1.540 pessoas assassinadas no mundo entre 2012 e 2020 por envolvimento em conflitos de terras e causas ambientais. 317 são brasileiros. O Brasil é o país que mais mata defensores da floresta no planeta.

De Edvaldo da Silva, o Divaldinho, morto no dia 16/01/2012 pela ação de um pistoleiro contratado por um madeireiro na região de Itaituba, no Pará, a Claudomir Bezerra de Freitas, de 52 anos, assassinado por uma disputa de terras numa área do Incra na rodovia Transacreana em 26/10/2020, foram pelo menos 284 homens, 32 mulheres e um recém-nascido que perderam suas vidas por lutarem pelo direito a viver em harmonia com a natureza ou por enfrentarem poderosos interesses em suas regiões.

Alex Ribeiro: Alta de juro pode avançar nas eleições

Valor Econômico

Banco Central sempre evitou apertos monetários durante a campanha

O comunicado divulgado na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi tão aberto que não exclui a possibilidade de o ciclo de alta de juros se prolongar durante a campanha eleitoral deste ano.

Depois de subir os juros em 0,5 ponto percentual, de 12,75% ao ano para 13,25% ao ano, o colegiado disse que antevê para a sua próxima reunião, em agosto, um movimento de alta “de igual ou menor magnitude”. O Banco Central não disse explicitamente que a alta de agosto será a última.

Se a escolha for uma alta de menor magnitude, de 0,25 ponto percentual, provavelmente o ciclo de aperto monetário vai terminar já em agosto. É pouco provável que o Copom vá seguir fazendo o ajuste fino da política monetária com altas de apenas 0,25 ponto percentual, depois de promover uma aumento acumulado de 11,25 pontos percentuais na taxa Selic desde o começo do ano passado.

Armando Castelar Pinheiro*: Inadimplência em alta?

Valor Econômico

Saldo de crédito para empresas e famílias no país cresceu 6,3% ao ano, apesar do PIB ter avançado só 1% ao ano

Estes dias li um interessante relatório do Deutsche Bank (DB) sobre para onde devem ir as taxas de inadimplência de títulos de dívida corporativa nos EUA e na Europa nos próximos anos (“The end of the ultra-low default world...?”, por Jim Reid e Karthik Nagalingam). Na visão do DB, essas vão subir bastante a partir de 2023, ainda que sem chegar aos níveis observados em crises como a de 2008-09, caindo depois para um patamar acima do observado nos dois últimos decênios. Nos EUA, a taxa de inadimplência para papéis sem grau de investimento subiria de perto de 1% atualmente para 5% no final de 2023 e 10% em 2024. A médio prazo retornaria para um intervalo de 3% a 5%.

O argumento por trás dessa previsão é essencialmente macroeconômico, visto que o diagnóstico sobre as empresas é relativamente positivo. Assim, os autores argumentam que, apesar de essas estarem gerando fluxos razoáveis de caixa, o que permitiria honrar o pagamento dos juros, a deterioração da atividade, o aperto das condições financeiras e a alta de custos, com salários pressionados pelo mercado de trabalho muito aquecido, vão acabar elevando a inadimplência.

Antônio Gois: Educação financeira nas escolas funciona?

O Globo

Na semana passada, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou a inclusão de educação financeira no currículo das escolas. Como em todo tema que ganha visibilidade em redes sociais, o assunto logo foi tragado pela polarização política, depois de um vídeo da deputada Luciana Genro (PSOL-RS) viralizar com críticas ao projeto. Mas é importante trazer o debate para bases mais racionais. Um primeiro ponto a ser lembrado é que a proposta não é nova. Em dezembro de 2010, ao final do segundo mandato do presidente Lula, o governo federal chegou a criar por decreto uma Estratégia Nacional de Educação Financeira, inspirada, entre outras ações, num projeto piloto que o MEC implementou em 892 escolas de Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal. 

Joaquim Ferreira dos Santos: Por que é preciso plagiar Chico Buarque

O Globo

Que tal uma crônica que seja um plágio descarado e, com a ajuda de uma borboleta amarela aqui, um beija-flor ali, tenha o mesmo fito de espantar “a dor filha da puta” de que fala “Que tal um samba?”, a nova música com que Chico Buarque, 78 anos ontem, voltou a encher o país de cultura e esperança?

Uma crônica que não tenha a pretensão de chegar aos pés do samba espetacular, mas, na humildade que caracteriza o gênero, sempre devagar, devagarinho, vá no caminho veríssimo dos buarques propósitos, e, alegre, com leveza, junte-se ao sal grosso que está na ideia da música – dar um banho de descarrego na derrota que grassa.

Um outro compositor popular disse que só é possível filosofar em alemão. Eu puxo a sardinha para a minha brasa. Está provado que as coisas boas da vida, os devaneios, os desafogos, todos ficam melhores se respiram, sem fardão, de camiseta, num papo furado da crônica.

Patricia Tolmasquim: Na palma da mão

Estou em casa, com 61 anos, e é de casa, na palma da minha mão, que presencio e testemunho as barbaridades do mundo. Não preciso caminhar até a janela. Todas as janelas do mundo cabem na palma da minha mão. É daqui que vejo. É da palma da minha mão. Da palma da mão, da palma da mão. Meus olhos não querem acreditar no que vêem, na palma da mão, na palma da mão. Meus dedos não seguram canetas, deslizam letras e vão-se formando palavras. Na palma da mão. Meus olhos acompanham seu deslizar. Na palma da mão, na palma da mão. Minha garganta quer gritar, tá tudo lá, na palma da mão. Na palma da mão. 

Assassinaram com requintes de barbárie, o tráfico lá na Amazônia com o mesmo requinte que assassinaram Tim Lopes aqui. Esquartejaram corpos, incineraram, queimaram, jogaram no forno aqui no Rio, lá jogaram no rio. Seriam os mesmos? São outros? Meus dedos deslizam. 

Na palma da mão, na palma da mão. Foram assassinados pelo que seus olhos viram. Olhos que vêem, que testemunham tudo e gritam suas visões ao mundo. Eu vejo tudo, da palma da mão. 

Eles o dedo. Botaram o dedo lá na ferida da floresta. Com o dedo apontaram os malfeitos, os roubos, os maltratos e destratos, os abusos, os mandos e desmandos dos desgovernados. E eu, aqui, vendo tudo. Da palma da mão, da palma da mão. Estou em casa. Estou exausta, mas em outubro eu saio. Em outubro vou apontar meu dedo. Vou usar minha chance de gritar este grito silencioso que quase queima a palma da minha mão. Nas urnas, em outubro. Por agora, vou testemunhando, na palma da mão, o grito dos inocentes, suas mortes, minha indignação, na palma da mão. 

19 de junho de 2022.

VII Salão do Livro Político

Em sua sétima edição, o Salão do Livro Político volta ao formato presencial em 2022. O
evento acontece presencialmente entre 20 e 23 de junho, com debates e feira de livros presenciais no teatro Tucarena da PUC-SP, seguido de dois dias de atividades online nos dias 24 e 25. A programação contará com um curso e mais de quinze mesas de debates sobre democracia na América Latina, literatura e gênero, ecologia e questões raciais, dentre outros
temas. 

As palestras serão transmitidas ao vivo pelos canais de YouTube do Salão do Livro Político, da PUC-SP, da Boitempo, da Autonomia Literária e de entidades apoiadoras. 

Entre os convidados,os destaques são a ex-presidente Dilma Rousseff, Glenn Greenwald,  Manuela D’Ávila,Don L, Guilherme Boulos, Sonia Guajajara, Ricardo Antunes, Preta Ferreira, Fernando Morais, Elias Jabbour, Ladislau Dowbor, Valério Arcary, Juliane  Furno, Luiz Bernardo Pericás, Josélia Aguiar, Jones Manoel, Sérgio Amadeu e Álvaro  García Linera, vice-presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, que participará da mesa de  abertura “Resgatando a democracia na América Latina”, a serrealizada no Tuca. 

O evento contará com lançamentos exclusivos, sessões de autógrafos após cada mesa com os participantes e alguns convidados – como Renato Janine Ribeiro (dia 23, 18h), Martin  Cesar Feijó (dia 22, 18h), entre outros – e uma feira de livros com mais de 70 editoras  independentes. 

PROGRAMAÇÃO - DEBATES 

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Editoriais

Advocacia pessoal

Folha de S. Paulo

Como em outras áreas, Bolsonaro põe Advocacia-Geral a serviço de seu interesse

Jair Bolsonaro (PL) já deu provas mais do que suficientes de seu entendimento precário acerca do papel das instituições do Estado e do sistema de freios e contrapesos da democracia. Comporta-se com frequência como se gerisse uma estrutura pública a serviço de seus interesses privados, caprichos ideológicos e conveniências eleitorais.

São conhecidas as manobras do presidente, por exemplo, para interceder na defesa de parentes e amigos investigados por supostas irregularidades. Com esse objetivo, não hesitou em provocar crise ministerial e alimentar turbulências na Polícia Federal.

Segundo dados do setor de estatísticas do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro, com três anos e meio de mandato, já superou todos os seus antecessores no uso da Advocacia-Geral da União (AGU, órgão encarregado da representação jurídica do governo) para tentar remover entraves à sua gestão.