Folha de S. Paulo
Região não tinha um minuto a perder com
mais um aventureiro
Um homem de idade avançada, relaxado no
sofá de um iate, contemplando mulheres de biquíni cercado por rapazes munidos
de smartphones. As últimas
imagens de Rodolfo Hernández antes do segundo turno da eleição
colombiana foram uma repetição tropical do pesadelo
"bunga-bunga" de Silvio
Berlusconi, o apresentador de TV que se tornou premiê nos anos 1990 e
afundou a Itália no niilismo. Sua campanha burlesca tem o poder de reduzir a
democracia colombiana a um concurso de beleza improvisado.
Confrontada pela primeira vez desde sua independência em 1819 com uma eleição transformadora, que encerra um ciclo de revezamento entre as mesmas elites, a Colômbia atravessou as últimas duas semanas atormentada. A direita colocou seus fantasmas no armário —o hoje impopular Álvaro Uribe, figura dominante da política nacional, foi apagado— e apostou tudo na "petrofobia", atiçando o fantasma anticomunista e disseminando armadilhas, começando pelos inócuos, mas comprometedores "petrovídeos", nome do vazamento de imagens da campanha de Petro que inundaram a mídia nacional.