terça-feira, 25 de outubro de 2022

Elimar Pinheiro do Nascimento* - Voto pelo Brasil

Não voto em Lula porque goste do Lula.

Voto nele porque quero ver o salário mínimo aumentar mais do que a inflação a cada ano, ver a fome desaparecendo de nosso mapa e as pessoas conseguindo comer, ter emprego e seus filhos irem à Universidade. Porque não me conformo que, no país de maior produção agrícola, 33 milhões de pessoas passem fome. Voto em Lula porque quero ver meu País voltar a crescer, como em 2010, quando cresceu 7,5% do PIB.

Não voto em Lula porque goste dele.

Voto em Lula porque julgo a educação como a primeira prioridade de qualquer governo, e defendo que lugar de criança é em escola de boa qualidade, e não na cadeia; porque defendo que a ciência e tecnologia são essenciais ao desenvolvimento de meu País, e quero manter e aumentar a verba para estes setores e não para as emendas parlamentares do “orçamento secreto”, a maior corrupção institucional do mundo.

Merval Pereira - Tiro pela culatra

O Globo

Simone Tebet, Michele, Cármen Lucia, Marina Silva, Damares, as mulheres que mais têm influenciado a campanha no segundo turno

Entre as peculiaridades desta campanha eleitoral está o fato de as mulheres terem sido fundamentais para os candidatos que disputam o segundo turno. Bolsonaro levou à ribalta a primeira-dama Michelle e sua ex-ministra Damares. A primeira tem tido uma ação eficaz para a campanha do marido, em que pesem seus transes religiosos, mas Damares só tem trazido problemas quando se mete a denunciar aberrações sexuais com bebês, uma lenda urbana que não conseguiu provar, mostrando-se irresponsável.

Para Lula, entre as mulheres, destaca-se a ex-senadora e candidata derrotada à Presidência Simone Tebet. Ela tem dominado a campanha, influindo decisivamente e obscurecendo a presença do candidato a vice Geraldo Alckmin, considerado até então o grande trunfo de Lula para levar sua candidatura ao centro político. Pois Simone Tebet está lembrando aos eleitores desencantados que eles tinham uma boa candidata no primeiro turno.

Míriam Leitão - Jefferson é flagrante da farra das armas

O Globo

Jefferson jogou um holofote sobre o que é o governo Bolsonaro, que liberou a compra de armas de guerra e nesse caso a vítima foi a PF

caso Roberto Jefferson jogou um holofote sobre uma parte tenebrosa do governo Bolsonaro. O incentivo a que seus aliados se armem levou o Brasil a uma situação explosiva. Há um milhão de armas nas mãos dos integrantes dos clubes de trio. O total de pessoas nos CACs é mais do que o efetivo de todas as PMs somadas. O arsenal que estava na casa do réu Roberto Jefferson é uma radiografia das falhas sequenciais. Por que o Exército não cassou a licença CAC dele, seguindo suas normas? A Polícia Federal sai do episódio com dois feridos e a reputação atingida. Ela não seguiu seus próprios padrões de segurança e abordagem por causa da interferência política no caso.

O Brasil tinha 120 mil integrantes dos Clubes de Tiros, os CACs no governo Temer, agora tem 700 mil pessoas. Além disso, aumentou muito o número de armas e munições que cada pessoa pode ter. Não são para defesa pessoal. Bolsonaro permitiu o acesso a armas de guerra. Esse submundo da loucura armamentista teve em Roberto Jefferson um exemplo. Ele não poderia ter aquelas armas todas, dos fuzis com mira a laser a granadas, nem poderia sequer ser CAC. Pelas normas da sua regulamentação, o Exército teria que ter cassado a licença de Jefferson. Falhou a polícia que permitiu aquele arsenal e falhou o Exército que não tirou a licença.

Carlos Andreazza - Lula contra o antipetismo

O Globo

Muita gente ainda surpresa com a competitividade de Bolsonaro. Subestima-se o antipetismo; o principal motor a promover o candidato. Outros motores: o bolsolão, também chamado orçamento secreto, e a derrama de bilhões, na forma da PEC Kamikaze, que o bolsolão comprou no Parlamento e que ora resulta em que a população financie o esforço concentrado pela reeleição.

Subestima-se o antipetismo a ponto de o PT haver aprovado essa emenda constitucional; que autorizou o governo a distribuir assistências bilionárias em plena campanha.

Subestima-se o antipetismo a ponto de o PT não ter acionado o TSE contra o pacotão de bondades por meio do qual o governo, formalizando os abusos de poder político e econômico, extinguiu qualquer paridade de armas. A subestimação que chancela a covardia; o medo de uma ação contra os benefícios eleitoreiros ser explorada pelo zap profundo bolsonarista como gesto petista de hostilidade aos mais pobres.

Tudo será — tudo é — explorado. Mas qual o pior risco? Denunciar o atentado à lei eleitoral e barrar abusos empilhadores de votos, e então ir defender o lance em termos narrativos, ou deixar correr uma disputa desequilibrada pelo jorro dos bilhões?

Luiz Carlos Azedo - Para Lula e Bolsonaro, o tempo não para na corrida eleitoral

Correio Braziliense

A ofensiva de Bolsonaro no segundo turno, ameaçando ultrapassar Lula, foi contida até aqui. Um fato que já pode ter influenciado as pesquisas é o caso Roberto Jefferson

A pesquisa Ipec, divulgada ontem, não foi nada boa para o presidente Jair Bolsonaro, que vinha em uma exitosa ofensiva para encurtar a distância em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada. Realizado entre sábado e ontem, com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, o levantamento mostra uma estabilização da campanha em relação à pesquisa anterior, de 17 de outubro, mantendo-se em 50% dos votos totais para Lula e 43% para Bolsonaro. Ou seja, o chefe do Executivo não conseguiu reduzir a diferença em uma semana de campanha. O gráfico de chegada no dia da eleição, a chamada "boca de jacaré", mostra linhas paralelas.

Hélio Schwartsman - Caso Jefferson prova que Bolsonaro é mal maior

Folha de S. Paulo

Bolsonarista jogando granadas contra a polícia é algo que assusta o eleitor moderado

O ataque do ex-deputado federal Roberto Jefferson à Polícia Federal é tudo o que Bolsonaro não precisava neste final de campanha eleitoral. Os obstáculos que o presidente teria de superar para reeleger-se nunca foram pequenos.

Na prática, ele precisaria não apenas atrair para si a maior parte dos eleitores que ficaram órfãos dos candidatos eliminados no primeiro turno como também tirar alguns votos do petista, o que é infrequente, ainda que não impossível. As cenas protagonizadas pelo manda-chuva do PTB recentemente convertido num aliado paroxístico de Bolsonaro atrapalham bastante essa tarefa.

Cristina Serra - Bolsonaro e a campanha do terror

Folha de S. Paulo

O plano da extrema direita é, e sempre foi, a banalização da brutalidade

A cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, entrou no mapa do terrorismo e da violência política. Um criminoso, com ordem de prisão expedida pela Justiça, resistiu e atirou contra agentes do Estado, ferindo dois deles.

É muito claro o roteiro da insanidade, traçado para desafiar as autoridades e inflamar extremistas. Enquanto Roberto Jefferson, o bandido, atiçava cães raivosos, montado sobre arsenal de guerra, o jornalista Rogério de Paula era agredido e hospitalizado.

Com o bandido decidido a se entregar, deu-se conversa amistosa entre ele e o policial encarregado de prendê-lo, quase a pedir desculpas pelo incômodo. O policial ainda fez pilhéria dos colegas feridos horas atrás pelo bandido. "São burocráticos, (...) não são operacionais", disse, entre sorrisos.

Joel Pinheiro da Fonseca - Bolsonaro: terra arrasada

Folha de S. Paulo

Se vencer, terá autorização popular para ir ainda mais fundo na destruição institucional

Quando Roberto Jefferson atirou contra os policiais federais que foram prendê-lo, tivemos um exemplo vivo de como é o discurso bolsonarista trazido à prática. Usou de seu sagrado direito de possuir armas à vontade para resistir contra uma autoridade que ele considera injusta e ditatorial.

Um jornalista que cobria a prisão de Roberto Jefferson foi agredido e teve que ir para o hospital. Não é a primeira vez e não será a última: quando a imprensa é demonizada, a violência popular é sua consequência natural. O próprio Bolsonaro não se furtou de insultar jornalistas e até espalhar calúnias graves, como a de que uma jornalista teria se prostituído para conseguir material contra ele.

Faltam cinco longos dias para a eleição. Quais surpresas sujas podem estar guardadas para esta reta final? Que operações de WhatsApp, que fake news espetaculares, que chamados à ação?

Alvaro Costa e Silva - O arrocho de Paulo Guedes

Folha de S. Paulo

Fim da correção do valor mínimo do salário e da aposentadoria é só o trailer do empobrecimento

Considerado o principal tema de debate e fator decisivo para a escolha do voto no início da campanha, a situação econômica do país foi perdendo espaço para a guerra digital e a guerra santa — duas imposições do bolsonarismo com as quais a frente democrática em torno de Lula teve de lidar nem sempre com bons resultados.

Depois de passar oito anos no poder e nada ter feito para prejudicar a fé dos brasileiros — ao contrário, pastores que hoje o demonizam aliaram-se aos governos petistas —, Lula viu-se obrigado a se defender de duas das maiores mentiras da temporada: não irá fechar igrejas, tampouco implantar banheiros
unissex nas escolas
.

Eliane Cantanhêde – Granadas e tiros de canhão

O Estado de S. Paulo

As granadas de Roberto Jefferson atingiram em cheio a campanha de Bolsonaro, a uma semana das urnas

Que o ex-deputado Roberto Jefferson vem enlouquecendo, todo mundo sabia, o que ainda não se sabe é o que, exatamente, ele pretendia ao reagir à volta à prisão com granadas e 50 tiros de fuzil contra policiais federais. Mais do que coisa de maluco, é ação de criminoso de alta periculosidade, a uma semana das eleições, e ele tem candidato: o presidente Jair Bolsonaro.

A ação de Jefferson comporta inúmeras análises e projeções e reforça a coluna de domingo, sobre o país e o mundo que queremos. Ele saiu das profundezas e das trevas para enfrentar a PF à bala, ameaçar o Supremo Tribunal Federal, o TSE, as eleições e, assim, a própria democracia. E até onde quer chegar?

Policiais federais experientes, como Jorge Pontes, ex-Interpol, consideram a ação para prender Jefferson “o episódio mais vergonhoso da história da PF” e se dizem aliviados porque os agentes não reagiram à altura. E se eles matassem Jefferson em legítima defesa? Ele viraria mártir, o TSE seria o vilão e o ministro Alexandre de Moraes, o carrasco. O potencial para virar o jogo da eleição seria enorme.

Vera Rosa - Bolsonaro procura um ‘bode na sala’ para se livrar de Roberto Jefferson

O Estado de S. Paulo

Campanha diz que rádios do Norte e do Nordeste surrupiaram comerciais do presidente para favorecer Lula, mas não apresenta provas; Centrão atua para aumentar abstenção de eleitores do petista

A campanha de Jair Bolsonaro (PL) está à procura de um escândalo para desviar a atenção do caso Roberto Jefferson, o ex-deputado que até ontem era aliado número um do presidente, mas virou elemento tóxico para o Palácio do Planalto. Diante do terremoto que desnorteou a equipe de Bolsonaro, o ‘bode na sala’ da vez é uma acusação de que rádios do Norte e do Nordeste teriam surrupiado a propaganda do candidato à reeleição para beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A “coincidência” é que o comitê do PL só decidiu divulgar essa denúncia agora, um dia após o ataque de Jefferson a agentes da Polícia Federal. E também depois de pesquisas encomendadas pela campanha indicarem que os tiros de fuzil e as granadas disparadas pelo dono do PTB contra os policiais atingiram Bolsonaro nesta última semana da corrida eleitoral.

Era tudo que o ocupante do Planalto não precisava num momento em que não pode mais errar. Além disso, Bolsonaro demorou a condenar os xingamentos de Jefferson à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). Só o fez depois que o ex-deputado entrincheirado atirou ao tentar resistir à ordem de prisão, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, integrante do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Andrea Jubé - ‘Nervos de aço’ é a música da eleição

Valor Econômico

Jefferson tem histórico de reagir ao sentir-se traído

O ex-deputado Roberto Jefferson entrará para a história como o homem-bomba de dois governos. Nunca o adjetivo “explosivo” foi tão adequado para qualificar um político, que no auge de seus arroubos, lançou granadas e atirou com um fuzil contra agentes da Polícia Federal.

Quando exercia mandato de deputado federal pelo PTB e ganhou os holofotes como delator do mensalão em 2005, Jefferson aparecia na crônica política como um líder influente e folclórico.

Cassado pelos colegas da Câmara e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a sete anos de prisão, o líder petebista apregoava que se tornaria cantor, enquanto ensaiava árias de ópera em casa.

Em uma das cenas mais lembradas da CPI dos Correios, o deputado Roberto Jefferson apareceu para depor com o olho roxo. No depoimento, alegou que a estante de discos despencou sobre o seu rosto, enquanto ele procurava uma coleção de LPs de Lupicínio Rodrigues. Questionado sobre qual música queria ouvir, ele soltou uma gargalhada e citou “Nervos de aço”. A zombaria fez tanto sucesso no meio político, que ele cantou a faixa no “Programa do Jô”.

Pedro Cafardo - SUS perde R$ 70 bi e está pedindo socorro

Valor Econômico

Copa do Mundo e sucesso econômico caminham juntos

O Sistema Único de Saúde (SUS), conquista civilizatória dos brasileiros e um dos mais importantes programas de assistência universal à saúde do mundo, está pedindo socorro. O sistema foi atingido por subfinanciamento crônico durante o atual governo e acumula mais de 1 milhão de pessoas na fila de procedimentos.

Alguns números sustentam essa informação. A “engenhosa” Emenda Constitucional 95, também conhecida como PEC do Teto de Gastos, retirou R$ 37 bilhões do SUS entre 2018 e 2022. As perdas, somadas às previstas no Orçamento de 2023, alcançam R$ 59,6 bilhões. Além disso, os royalties do petróleo estão sendo desvinculados do setor da saúde e utilizados para amortização da dívida pública desde a EC 109, de 2021. Isso dá uma perda de outros R$ 11 bilhões para o SUS no período, totalizando R$ 70,6 bilhões.

Olhando para esses números, compilados no estudo denominado “Nova Política de Financiamento do SUS”, feito na UFRJ para a Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES), e ao mesmo tempo observando os resultados do primeiro turno das eleições, só é possível chegar a uma conclusão: o brasileiro tem memória curtíssima.

Almir Pazzianotto Pinto* - Centenário do Partido Comunista Brasileiro

O Estado de S. Paulo

Marxistas-leninistas, trotskistas e anarquistas seguem alertas e ávidos de poder. A onda vermelha se movimenta e está em evolução.

Passou em branco o centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em março de 1922, como um passo adiante do movimento anarquista na tarefa de organizar as primeiras associações e ligas operárias. Adeptos do marxismo, os comunistas procuravam arregimentar o proletariado para implantar no Brasil o regime vigente na Rússia após a vitória da revolução de outubro de 1917, liderada por Lenin e Trotsky.

Em 1918, imigrantes anarquistas e comunistas organizaram na cidade de Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, a Liga Comunista de Livramento. No ano seguinte, funda-se a União Maximalista em Porto Alegre. No ano de 1919 surge o Partido Comunista-Anarquista no Rio de Janeiro. Grupos comunistas se organizam no Recife, em Juiz de Fora, Cruzeiro, São Paulo e Santos. O jornal Spártacus, criado e dirigido por Astrojildo Pereira, era o órgão incumbido da doutrinação marxista.

Em 25 de março de 1922, o barbeiro libanês Abílio de Nequete; o jornalista Astrojildo Pereira; o professor Cristiano Cordeiro; o eletricista Hermogênio Silva; o gráfico João da Costa Pimenta; os alfaiates Joaquim Barbosa e Manuel Cendón; o funcionário municipal José Elias da Silva; e o artesão e vassoureiro Luís Peres, egressos do movimento anarquista, representando os núcleos de Porto Alegre, Recife, São Paulo, Cruzeiro, Niterói e Rio de Janeiro, se reuniram na velha capital da República com o objetivo de fundar o Partido Comunista Brasileiro.

Sobre as raízes do comunismo, lemos em O Partido Comunista Brasileiro (1922-1964): “A sociedade brasileira, nesta época, sofrera inúmeras transformações, criando condições para o florescimento das ideias socialistas e anarquistas. A imigração europeia, particularmente em São Paulo, e a abolição do trabalho escravo abriram caminhos para a industrialização, criando condições objetivas para o desenvolvimento de uma ideologia proletária no Brasil. De 1890 a 1914, surgiram, no Brasil, perto de 7 mil indústrias, sendo desse período a formação do proletariado industrial no Brasil. O capitalismo incipiente caracterizava-se pela brutal exploração do trabalhador, desprovido das mais elementares garantias trabalhistas” (Eliezer Pacheco, Ed. Alfa-Ômega, SP, 1984, 29).

Rubens Barbosa* - Estratégia Nacional de Segurança (nos EUA)

O Estado de S. Paulo

É chegado o momento de o Brasil considerar a elaboração de documento de Estado, mais abrangente, com ênfase no conceito mais amplo de Segurança

Muitos países anunciam periodicamente a estratégia que suas políticas doméstica e externa devem seguir. O governo de Washington acaba de divulgar a estratégia de segurança nacional, que será seguida em resposta aos desafios do mundo atual. O documento, assinado pelo presidente Joe Biden, define uma visão para o futuro e oferece um roteiro de como os EUA pretendem atingir seus objetivos. Deve ser ressaltado que esse documento se refere à segurança nacional, e não à defesa nacional.

Depois de indicar as prioridades internas para fortalecer a economia, a competitividade e a defesa dos interesses comerciais e estratégicos, a Estratégia Nacional de Segurança (ENS) focaliza as prioridades globais norte-americanas. Entre as áreas de maior interesse dos EUA estão: a contenção da ascensão da China e as ações contra a Rússia, a superação dos desafios globais, como a segurança climática e energética, a pandemia, a biodefesa e a insegurança alimentar. E, ainda, o controle de armamentos e a sua não proliferação, o terrorismo e como exercer influência sobre o estabelecimento de regras sobre tecnologia, segurança cibernética, economia e comércio exterior.

Aylê-Salassié Filgueiras Quintão* - Tapinha no ombro

Conformado ou surpreso, HU Jintao deu um tapinha no ombro de Li Keqiang como se dissesse não se assuste. O  ex-presidente da República Popular da  China (2003 a 2013),  e ex-secretário geral do partido Comunista, Hu Jintao, estava sendo retirado do Grande Salão, onde se realizava na semana passada, o Congresso Nacional do Povo, que decidia os caminhos da China  para o futuro próximo. E, parece que a herança de Hu Jintao, um reformista, vai para as prateleiras   da História . Há indícios de que  os padrões vigentes  vão ser totalmente alterados. Do Congresso está surgindo  um novo "timoneiro", como foi apelidado o líder comunista Mao Tsé Tung, que morreu no  Poder (1949-1976).

Aqui, quando Bolsonaro colocou a mão no ombro de Lula, durante um debate televisivo, nada amistoso, Lula perdeu a fala. Foi aconselhado depois a tomar banho de sal grosso. A nossa colega jornalista viu no ato de Bolsonaro uma  atitude de escárnio, "violência passiva agressiva". Estaria ele mostrando uma superioridade física,  (1,88m para 1,68m)e pretendendo, metaforicamente,  dizer que  podia contemplá-lo, sem temores, de cima para baixo. Uma grosseira analogia  da visita de Mussolini (1,69m), da Itália, a Hitler (1,75m), àa Alemanha, Uma tentativa de humilhar. Lula ficou  sem reação, da mesma forma como o ditador fascista Mussolini sentiu-se incomodado com os artifícios cerimoniais do ditador nazista. No debate televisivo do dia 28 próximo, está proibida qualquer aproximação entre debatedores.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Jefferson faz a coisa errada na hora errada e lesa Bolsonaro

Valor Econômico

Pesquisas feitas para Bolsonaro já mostraram que o figurino de comportado ganha mais votos do que o de incendiário

Quem estimula a delinquência política e a violência, como o presidente Jair Bolsonaro, corre o risco de ser vítima dela. A recusa do ex-deputado e líder do PTB Roberto Jefferson, de voltar ao regime fechado e perder a prisão domiciliar, feita à bala e granadas, abriu a semana decisiva da mais acirrada disputa eleitoral desde a redemocratização. A reação inesperada colocou Bolsonaro na defensiva em um momento crucial da campanha.

Trata-se menos de destino do que de acaso e é difícil medir a influência sobre o eleitorado dos atos de um político decadente, que já foi aliado de Lula e denunciou o mensalão, e que havia se juntado à tropa de choque do bolsonarismo desde 2018. Suas condutas e gestos extravagantes, antidemocráticos, podem colocá-lo, para alguns, na vala do bizarro e do excêntrico, como uma exceção, circunscrevendo o alcance do desgaste do presidente. Para outros, os gestos de Jefferson são a decorrência lógica e causal da propaganda bolsonarista contra as instituições da República, de sua defesa da liberdade sem qualquer responsabilidade e da pregação pelo armamento irrestrito da população.