O Globo
De olho em 2026, Tarcísio e Zema se
distanciam após fracasso de intentona fascista
Jair Bolsonaro não está morto, mas suas
ações despencaram no mercado futuro. O capitão saiu das urnas com 58 milhões de
votos e uma tropa reforçada no Congresso. Três meses depois, amarga um cerco
judicial e começa a ser abandonado por aliados.
O Supremo incluiu o ex-presidente no
inquérito que investiga os ataques golpistas do 8 de Janeiro. Em outra frente,
o TSE acrescentou novas provas aos processos a que ele responde por crimes
eleitorais.
Com o fracasso da intentona fascista, Bolsonaro pode ser preso e ficar inelegível — não necessariamente nesta ordem. Isso precipitou a disputa por seu possível espólio em 2026.
O governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas, deu os primeiros passos para se descolar do padrinho. No dia seguinte
ao quebra-quebra, foi ao Planalto e trocou amabilidades com Lula. Dois dias
depois, posou sorridente ao lado do petista.
O mineiro Romeu Zema divulgou nota contra
os “inaceitáveis atos de vandalismo”. “No final, quem pagará seremos todos
nós”, acrescentou.
O ex-vice-presidente Hamilton Mourão
começou a se reposicionar antes mesmo do quebra-quebra. No último dia de
mandato, aproveitou a viagem de Bolsonaro para atacá-lo em cadeia nacional de
rádio e TV.
Tarcísio, Zema e Mourão se elegeram com o
voto bolsonarista, mas nenhum deles derramará uma lágrima se o capitão for
impedido de concorrer em 2026.
O desafio da trinca é se desvincular do
ex-presidente sem perder a conexão com seu eleitorado. A derrocada dos
ex-bolsonaristas João Doria e Wilson Witzel já mostrou que essa tarefa não é
para amadores.
Nos últimos dias, os três presidenciáveis
fizeram malabarismo para provar às suas bases que não viraram comunistas.
Mourão esbravejou com o Supremo e criticou a “detenção indiscriminada” de
extremistas. Zema foi mais ousado: sugeriu que Lula teria feito “vista grossa”
para os criminosos que tentaram derrubá-lo.
Tarcísio não embarcou no besteirol, mas
também deu uma piscadela para a extrema direita. Depois de acomodar um cunhado
de Bolsonaro, deu emprego público a um coronel denunciado nos processos do
massacre do Carandiru.
"A derrocada dos ex-bolsonaristas João Doria e Wilson Witzel" não tem relação com o afastamento deles do bolsonarismo. Doria foi atropelado pelas trapalhadas do seu partido e Witzel foi flagrado em crimes pelos órgãos de controle. Mas isto não invalida toda a análise do colunista, basicamente correta.
ResponderExcluir"Intentona fascista"? Ah, vá estudar ...!
ResponderExcluirJoão Doria aparecia com 1 ponto nas pesquisas porque começou criticar Bolsonaro.
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