Valor Econômico
Traição de Dilma a Lula explica onde
estamos
Em meados 2013, quando a economia
brasileira começou a dar sinais de desaceleração depois de um longo período de
forte expansão, de forma difusa, no início sem líderes, milhares de cidadãos
foram às ruas manifestar suas inquietações. Foi o primeiro sinal de que a lua
de mel da população com o PT, no poder desde 2003, estava próxima do fim.
A história é conhecida, mas vai aqui um
resumo para entendermos onde estamos neste momento, tanto do ponto de vista
político quanto econômico. Depois de chegar em segundo lugar nas três eleições
presidenciais realizadas até então, desde 1989, quando o brasileiro voltou a
ter o direito de escolher pelo voto direto o primeiro mandatário, Luiz Inácio
Lula da Silva foi eleito presidente. A conquista ocorreu em meio a uma crise
econômica aguda, que por pouco não quebrou o país.
Embora ainda haja petistas atribuindo aquela turbulência ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, a crise foi provocada pelo receio de investidores nacionais e estrangeiros com a provável vitória de Lula. Ora, se em junho de 2002, a três meses do primeiro turno da eleição, Lula divulgou a famosa “Carta aos Brasileiros”, firmando compromissos com a disciplina fiscal e o respeito aos contratos, é porque tinha consciência de que muitas das ideias que o PT defendeu ao longo de sua história eram anacrônicas.
Vencido o pleito, Lula dizia a assessores e
amigos próximos, em conversas reservadas, que o PT, uma vez que se instalou no
poder precisava ser menos “principista”, isto é, menos apegado a dogmas que,
naquela altura da história do Brasil e do mundo, já haviam sido abandonados,
por exemplo, pela esquerda europeia. Os investidores não acreditaram numa linha
da “Carta aos Brasileiros”, até porque, neste canto do mundo, o que político
promete ou escreve numa folha de papel não tem credibilidade alguma, afinal,
desde sua fundação, em 1980, o PT liderado por Lula defendeu coisas como a
renegociação das dívidas interna e externa.
Algumas ideias voluntariosas, como a
redução forçada da taxa básica de juros (Selic), foram implantadas por um
governo petista, fracassaram em sua inteireza, mas continuam presentes no
ideário do partido. O primeiro item, portanto, a prioridade absoluta, do
programa econômico do PT, divulgado durante a campanha eleitoral é a “forte
redução da taxa básica de juros como elemento fundamental para diminuir o
déficit nominal da União, aumentar o investimento público, impedir a apreciação
cambial, baratear o crédito e incentivar a retomada do crescimento econômico”.
É o caso de se perguntar: “Como é que
alguém não pensou nisso antes?”. Bem, a então presidente Dilma Rousseff, eleita
graças à elevada popularidade de Lula quando este terminou seu segundo mandato,
fez exatamente isso. Depois de se livrar de seu então ministro-chefe da Casa
Civil Antônio Palocci, petista que foi responsável pela implantação da política
econômica que vigorou durante o primeiro mandato de Lula (2003-2006), Dilma se
sentiu à vontade para adotar suas ideias na economia, uma vez que, como se
sabia em Brasília, ela sempre fez críticas duras ao receituário macroeconômico
herdado do governo FHC.
A política econômica abraçada por Palocci
derrubou a inflação de 12% em 2003 para pouco mais de 3% em 2006, quitou
antecipadamente a enorme dívida do país com o Fundo Monetário Internacional,
iniciou processo de acumulação de reservas cambiais (decisão que, poucos anos
depois, preveniu a quebra do Brasil durante a mais grave crise da economia
mundial em 80 anos), equilibrou as contas públicas de forma a reduzir
drasticamente o seu tamanho como proporção do PIB e, assim, deu solvência as
finanças interna e externa do país. Ora, a confiança no país voltou e, por
isso, a economia passou a crescer a taxas mais altas do que vinha registrando
até então.
Tudo isso propiciou ao Brasil viver um boom
entre 2004 e 2010, sendo que, em 2008, as economias avançadas entraram em
colapso, afetando o crescimento da economia mundial. O reflexo aqui foi uma
recessão “técnica” nos dois primeiros trimestres de 2009. Mas a recuperação foi
rápida e consistente. Só foi assim porque, desde 2003, Lula optou por deixar de
lado ideias enferrujadas de seu próprio partido e trilhar o caminho da disciplina
fiscal e monetária - é verdade que, em 2009, a turma exagerou nos estímulos
fiscais e aquilo foi a gênese do desastre consumado no fim do primeiro mandato
de Dilma (2011-2014).
Popularidade foi aos píncaros graças ao
sucesso de sua política econômica. Ele, então, escolheu Dilma para disputar sua
sucessão. No dia em que disse a ela sua decisão, deu-lhe um conselho que entrou
por um ouvido a pré-candidata e saiu pelo outro. “Dilminha, Palocci tem que ser
o coordenador de sua campanha e, depois, um ministro do palácio. Ele será a
ponte com empresários e o setor financeiro”, disse o então presidente.
Quem conhece Dilma Rousseff sabe que,
naquele momento, ela ficou tão feliz com a informação que Lula lhe deu que
seria perda de tempo pensar na inconveniência daquele conselho de seu mentor.
Palocci coordenou de maneira impecável a vitoriosa campanha de Dilma, foi
nomeado para a Casa Civil e, lá, sentiu pela primeira vez o que é estar
solitário no meio de uma multidão.
Para a equipe econômica, Dilma nomeou
apenas adversários do PT à política econômica bem-sucedida que herdou de Lula.
Nos primeiros seis meses de governo, Palocci esteve ministro. Foi bombardeado
por todos os petistas que estavam no governo - a única exceção foi Gilberto
Carvalho, então ministro da secretaria-geral da Presidência da República - e,
em junho, assessores da presidente deram o tiro fatal - vazaram um dossiê com
acusações de que o ministro enriqueceu de maneira muito rápida nos quatro anos
em que atuou como consultor privado. Lula aconselhou a presidente a esperar e
não demitir Palocci. Ela fez ouvido mouco porque livrar-se dele era se tornar
independente inclusive em relação a ele, Lula - mais tarde, Palocci foi
inocentado da acusação.
Na sequência, Dilma chamou o presidente do
Banco Central ao palácio e mandou que ele reduzisse na marra a taxa de juros. A
grande obra do fracasso econômico, que prenunciou dias terríveis para este país
desde então, em todos os aspectos da vida nacional, começou a ser construída
ali. (na próxima semana, a história
continua)
Eu nem sei porque eu perco meu sagrado tempo para ler essas insânias. Me pergunto mesmo é se o colunista ao terminar de escrever tal ele não reflete sobre o que ele escreveu se perguntando: eu vou publicar isso mesmo? Só consigo pensar num texto desse como texto pedido por interesses outros do que por alguem livre e independente.
ResponderExcluirTodo cuidado é pouco nessa hora em que injúria passou a ter pena pesada.
ResponderExcluirMas que o sobrenome do escrevinhador a soldo tá mais pra um substantivo feminino singular muito semelhante, tá sim !
mas tem o quê de infâmia ou injúrias, nesse escrito aí?
ResponderExcluirLendo e aprendendo.
ResponderExcluirAjudando a compreender a infâmia do texto é que o autor tenta de forma sútil, estruturada e técnica, justificar tudo que vivenciamos nos últimos 04 anos até a invasão criminosa da Praça dos 03 Poderes.
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