Blog do Noblat / Metrópoles
As lideranças civis sempre aceitaram a
tutelagem, ostensiva ou discreta, das Forças Armadas sobre a política
A coincidência de Bolsonaro e Covid foi um desastre para a educação brasileira, mas o sistema educacional já era uma tragédia resultado do descaso histórico dos governos anteriores. Da mesma forma, a conivência dos militares com as ameaças golpistas ao longo dos últimos anos não é o resultado apenas do bolsonarismo, mas do descaso histórico de nossos dirigentes com a chamada questão militar, desde o início da República. As lideranças civis sempre aceitaram a tutelagem, ostensiva ou discreta, das Forças Armadas sobre a política, ao ponto de reconhecer na Constituição sua intervenção no processo político, quando necessário. As FFAA são vistas como uma corporação com vontades, ideologia e interesses próprios, como um sindicato especial e armado. Esta tradição secular impede o bom funcionamento da democracia ao longo dos anos.
Esta tradição secular impede o
funcionamento eficiente da democracia. Desta vez, apesar da visão
antidemocrática de um ex-capitão eleito diretamente pelo voto, as FFAA se
recusaram a tentar um golpe para anular as últimas eleições. Mas a ameaça
esteve permanente e continua. Em algum momento futuro poderá ir além de ameaça
e destruir a democracia. As FFAA brasileiras são intrinsicamente politizadas
porque o Brasil é um país dividido em corporações. Os militares, tanto quanto
os líderes sindicais, veem o país como a arena onde sua corporação atua em
busca de realizar seus interesses ideológicos ou materiais. Pensam o país como
a soma de corporações, não cada corporação como um pedaço do Brasil. Bolsonaro
era um péssimo militar, se fez o mito dos militares por representa-los sindicalmente:
na defesa de vantagens materiais e representa-los na defesa de costumes
conservadores e de posições ideológicas e geopólitas arcáicas.
Os políticos veem o país como a arena para
suas lutas, em benefício pessoal ou de seu partido. Por isto, para vencer as
eleições ou continuarem, muitos governantes são capazes de decisões que no
longo prazo desequilibram as contas públicas, concentram renda e enfraquecem o
país. Nossos militares tanto quanto os políticos civis veem o Brasil a partir
da perspectiva da corporação a que pertence. Por isto nossos militares fazem
escolhas ideológicas e reivindicações classistas. São capazes de discriminar
brasileiros que não pensam como eles.
O Brasil é uma colcha de retalhos de
corporações sindicais, partidárias, religiosas, regionais, sem um sentimento de
um país de todos e para todos. A situação é tão corporativizada que muitas
vezes o ministro da defesa se sente mais obrigado a representar aos militares,
como se fosse seu líder sindical junto ao governo, do que a representar o
presidente, como líder eleito da nação, junto aos militares. Pensam em
parlamentar com os militares no lugar de merecerem o respeito para comandá-los,
dentro dos preceitos constitucionais.
*Cristovam Buarque foi senador, ministro e governador
Cristovam Buarque está sendo bonzinho com o boçal, apresentando-o como defensor de "costumes conservadores e posições ideológicas e geopolíticas arcaicas". Um sujeito que é amigo da morte: ele não defendeu a matança de "petralhas do Acre"? Não defendeu a morte de 30 mil pessoas pelos gorilas de 64? Inclusive Fernando Henrique Cardoso? Além de baba-ovo do torturador deu a ele uma pensão vitalícia de marechal que suas duas filhas recebem. E o ideário do boçal é o nazifascismo que está mais vivo do que nunca. Não tem nada de "arcaico".
ResponderExcluir"..., as FFAA se recusaram a tentar um golpe para anular as últimas eleições..."
ResponderExcluirNão se recusaram. Não mesmo.
Queriam e querem golpear. Só não o fizeram/fazem pq os steits, com Biden, proibiram. Se fosse com trump ... golpeavam com absoluta certeza.
Percebam: Lula teve q exonerar o comandante do EB.