O Globo
Ter esperança nas boas intenções do governo
está liberado. Entretanto, se o assunto forem os maus presságios...
Já se pode comemorar muita coisa, de
domingo para cá. Marina Silva cuidando
do Meio Ambiente, em vez de Salles e sua boiada, por exemplo. Ou a esfuziante
Margareth Menezes na gestão da Cultura, até outro dia a cargo de um álgido
Mário Frias.
Foi bonito ver Raoni subindo a rampa e “o
povo” — ali representado pelo venerando cacique, por uma criança de periferia,
uma catadora de recicláveis, um operário, um professor, uma cozinheira, um
artesão, um ativista anticapacitista — fazendo a passagem da faixa no lugar do
capitão fujão. Sem falar na irresistível vira-lata Rê (difícil supor que ela
seja tratada, na intimidade, pelo seu nome panfletário: “Senta, Resistência”,
“Não pula, Resistência”, “No sofá, não, Resistência!”).
Há momentos — e aquele era um — em que o
simbolismo é tudo.
Uma economia verde e sustentável, como proposta por Alckmin, é auspiciosa. Assim como a luta contra o preconceito, a exclusão e a invisibilidade social (“Vocês [todos] existem e são valiosos para nós”, nas palavras do ministro dos Direitos Humanos).
Ter esperança nas boas intenções está
liberado — afinal, o governo já começou com força total. Entretanto, se o
assunto forem os maus presságios, a coisa muda de figura: é cedo demais para
crítica, “espera o governo começar!”.
Este governo deu a largada em dezembro, com
o atentado à Lei das Estatais para permitir o aparelhamento do BNDES, da
Petrobras e sabe-se lá do que mais. Inventou-se a quarentena pro forma (poderia
ser de 40 minutos: não faria diferença, e ainda haveria um afago na
etimologia).
Qualquer reparo que se bote no negacionismo
econômico, na prestidigitação fiscal, na alteração do Marco Legal do
Saneamento, no boicote à reforma da Previdência ou nas restrições à liberdade
de expressão tem sido encarado como prematuro e ressentido — uma mal disfarçada
nostalgia do recém-finado fascismo Porcina (aquele que foi sem nunca ter sido).
O país não precisa de uma Procuradoria
Nacional de Defesa da Democracia ou de uma Secretaria de Políticas Digitais
para coibir desinformação e discurso de ódio. Desinformação se combate com
informação; para todas as outras coisas, existem os Códigos Civil e Penal — e a
Constituição. Lembrando Vincenzo Gioberti:
— Os maiores inimigos da liberdade não são
os que a oprimem, mas os que a deturpam.
Não há como comparar Nísia
Trindade a Eduardo Pazuello, Silvio Almeida a Damares
Alves, Camilo
Santana a Ricardo Vélez, Abraham Weintraub ou Milton Ribeiro.
Nem Simone Tebet a
quem quer que seja do “antigo regime”. Porém — ah, porém! — existem Rui Costa,
investigado por fraude na compra de respiradores e financiamento ilegal de
campanha; Carlos Lupi, que só sairia do governo Dilma “abatido à bala”, mas
economizou munição e caiu por denúncias de corrupção; Waldez Góes e as
acusações de desvio de recursos públicos; Daniela do Waguinho e a camaradagem
com a milícia.
O governo Lula precisa dar certo, para que
nunca mais haja outro Bolsonaro. E, se der mesmo certo, é porque terá passado
ao largo do receituário petista — o que nos provará a desnecessidade de outro
governo do PT.
Não, nunca é cedo para criticar. Se tiver
de esperar o fiasco consumado, aí será tarde demais.
O povo de bem, trabalhador e pagador de imposto não vai aceitar latrão confesso preso condenado governar o Brasil
ResponderExcluirLula ladrão seu lugar é na prisão
Esse panaca crê q "os demais" não pagam tributos, não trabalham.
ExcluirBurro pra cacete!
Kkkkkkkkkk
Mas eu não sou vagabundo, sem trabalhar, na frente de QG. Kkkkkkkk
Donde océ tá postando, patriotário? Sentado num banheiro químico?
Kkkkkkkkkkk
XANDÃO vai chegar aí!
"Não, nunca é cedo para criticar."
ResponderExcluirConcordo. Eu, por exemplo, crítico seu artigo. Considero-o ruim. Até pq, é cedo demais, em reposta à sua pergunta e resposta.
Isso pq criticar exige motivo. Seus motivos são inexistentes ou fúteis.
Sua ideologia direciona - como a minha, a mim. Mas eu não sou articulista q finge equilíbrio.
Não sabia que a cachorrinha fosse vira-lata,e teve gente que reclamou de sua presença no dia da posse,eu adorei.
ResponderExcluirSe o autor fosse um vira-lata, seria chamado de Aff (difícil supor que ele fosse tratado, na intimidade, pelo seu nome Eduardo Affonso: "Senta aí, Eduardo Affonso!"; ""Escreve aí, Eduardo Affonso!"; "Anota aí, Eduardo Affonso!")
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