O Estado de S. Paulo
Primeira semana do novo governo faz lembrar Chacrinha e Stanislaw Ponte Preta
Lembrei de Abelardo Barbosa e Sergio Porto
nesta primeira semana de governo. Chacrinha usava muito o bordão “eu vim para
confundir, e não para explicar”. Foi exatamente o que se passou nas idas e
vindas sobre o Marco do Saneamento. Uma enorme confusão sobre o papel da
Agência Nacional de Águas (ANA), que deixou no ar a possibilidade de retrocesso
numa das mais importantes reformas regulatórias dos últimos anos. O novo marco
gerou um aumento significativo do investimento privado e impôs metas de
universalização, dando esperanças de acesso a água e esgoto à população de
baixa renda abandonada na lama por anos de atuação estatal.
Stanislaw Ponte Preta criou a expressão Febeapá (“Festival de Besteiras que Assolam o País”). A semana foi pródiga. Na sua posse, Lupi bradou: “A Previdência não é deficitária”. É terraplanismo puro em governo que promete respeitar a ciência. Sua “antirreforma” foi mais um anúncio a ser desmentido em menos de 24 horas.
A ideia de rever a governança das estatais,
anunciada por Esther Dweck, é outro equívoco. A ministra assumiu em evento
prestigiado por um discurso de Dilma, que sugeriu a reversão de inúmeras
reformas do governo Temer – aquelas que salvaram o País da terra arrasada
legada por ela.
A suspensão das privatizações era
previsível. Inclusive, a retirada da Petrobras, que não passava de fanfarronice
de Guedes. Mas quando até a Ceitec está sendo ressuscitada, nem Pollyanna
resolve.
Nesse cenário, a Lei das Estatais se torna
ainda mais relevante. A lei não criminaliza a política, simplesmente exige
qualificação técnica para cargos na administração das estatais.
Em seu discurso, Lula errou no tempo ao
afirmar que as estatais estão sucateadas. Estavam em 2015, quando se registrou
prejuízo recorde no seu conjunto. A intervenção nos preços, mais investimentos
para lá de duvidosos, geraram um nível de endividamento na Petrobras e
Eletrobras que teria levado à falência qualquer empresa privada. Lucros foram
registrados já em 2016 com uma nova gestão e, após anos de ajustes, dividendos
voltaram a ser distribuídos.
Quem mais ganhou com isso foi o dono delas:
o governo federal, que representa a todos nós. Não houve rapinagem alguma. E
junto ganharam os trabalhadores, que nos anos 2000 acreditaram na empresa e
usaram o FGTS para comprar ações da Petrobras. Conseguiram recuperar todo o
dinheiro perdido por conta das desastrosas administrações que se seguiram. A
tal “nova governança” coloca tudo isso em risco novamente.
Em boa hora, Lula resolveu colocar ordem na
casa, afinal quem não se comunica, se trumbica.
*Economista e advogada
E a articulista se comunica muito bem.
ResponderExcluirO texto é objetivo.
Os fatos demonstrados estão ao alcance do entendimento do leitor.
Precisamos sempre de nos aclarar com pessoas competentes.
A divulgação neste site faz pelo eleitor muito mais que horas de horario gratuito nos meios de comunicação.
Calma e cuidado aí.
ResponderExcluirElena Landau não dá ponto sem nó e nem faz nada de graça
O texto é realmente muito bem escrito e claro. Mas também cheio de ideologia e opiniões, não necessariamente verdadeiras ou corretas, sobre temas bem complexos ou discutíveis. Acredito que tenha sido uma simplificação exagerada, que mereça todo o cuidado recomendado pelo segundo anônimo. Num primeiro momento, gostaria de saber em quem votou a articulista. Isto pode explicar muito das suas ideias!
ResponderExcluirElena votou em Lula no segundo turno, mas era responsável pelo programa econômico de Simone Tebet, em quem votou no primeiro turno. Huuuuuuuum.....
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