O Estado de S. Paulo
Sem golpe, atentado terrorista e Jair
Bolsonaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o seu terceiro
mandato num dia de sol, festivo, desfilando no Rolls-royce e dizendo que tomou
posse pela primeira vez em 2003 com uma palavra-chave – mudança –, e agora
adotou outra: reconstrução. É a diferença de receber o governo de Fernando
Henrique Cardoso ou de Bolsonaro, que lhe deixou uma terra arrasada e não fez
falta. Quem passou a faixa presidencial para Lula foram representantes da
diversidade brasileira, que foram entregando a faixa um para o outro até chegar
ao peito do presidente eleito, diplomado e agora empossado pelas mãos de uma mulher
negra, de 33 anos, catadora desde os 14. Veio pela segunda vez o Hino Nacional.
Lula chorou.
Em cerimônias cheias de simbologia e emoção, com muita gente e alegre cantoria, Lula esteve todo o tempo ao lado de sua mulher, Janja, do seu vice, Geraldo Alckmin, e da mulher dele, Lu, repetindo, assim, a demonstração de força e cumplicidade que também deu ao seu primeiro vice, José Alencar. Se a intenção era apresentar seu governo como “frente ampla”, isso não estava em sintonia com as multidões maciçamente de vermelho.
Como previsto, discurso real, do coração,
da alma, foi reservado para o parlatório de mármore branco à frente do Palácio
do Planalto, de onde se dirigiu, não mais às autoridades, brasileiras e
internacionais, mas ao “povo brasileiro”. Lula sendo Lula, chorou pela segunda
vez ao condenar a fome, a miséria, a injustiça e repetir a conclamação à paz e
ao fim do ódio e gritar que vai governar para os 200 milhões de brasileiros:
“Não há dois Brasis!”
Nos dois discursos, o do Congresso e o do
parlatório do Planalto, Lula fez duras críticas ao governo Bolsonaro, a quem
não citou nominalmente. Classificou o antigo governo como “projeto de
destruição nacional” e os dados de todas as áreas, de “estarrecedores” – de
saúde e educação a meio ambiente. Cometeu, porém, pelo menos um erro factual,
ao dizer que “dilapidaram as estatais”. Para quem presidiu a Petrobras na era
do petrolão, foi, no mínimo, constrangedor.
Aos bolsonaristas que continuavam acampados
em torno de quartéis, ontem mesmo ainda ameaçando a posse de Lula, mesmo depois
de abandonados pelo líder e Messias, que saiu pela porta dos fundos do Alvorada
e foi curtir Orlando, nos Estados Unidos, o novo presidente avisou: “O Brasil
quer paz para trabalhar, produzir, estudar e cuidar dos seus filhos”.
Fraquinha que nem um bolsonaro vazio, Eliane perdeu o gás
ResponderExcluirLula provou ser um homem de coragem.
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