O Estado de S. Paulo.
Com Tomás, Olsen e Damasceno, Lula fecha o cerco legalista nas Forças Armadas
Conheci o então “coronel Tomás” no Haiti,
em 2007, quando ele comandava o batalhão brasileiro da Minustah, a Força de Paz
da ONU no país, e estava com um baita curativo na mão. No início, foi só um
corte à toa, com uma folha de papel “afiada”, mas ele descia de tanques e jipes
e cumprimentava a garotada local com “soquinhos”: “Oi, cara!” Daí, o pequeno
machucado evoluiu para uma infecção com direito a antibiótico.
Essa história ilustra o perfil do atual general de quatro estrelas Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, que assume o Comando do Exército para “normalizar” as tropas, gravemente contaminadas, não por crianças pobres e com higiene precária do Haiti, mas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seu séquito brincando de “golpes”.
Para o general Fernando Azevedo e Silva,
ex-ministro da Defesa, os generais Júlio Cesar de Arruda, que sai do Comando, e
Tomás, que entra, são “grandes militares”. Arruda, porém, é “operacional” e
Tomás, “estratégico”, além de “um dos oficiais mais inteligentes do Exército”.
O “operacional” olha para dentro (é corporativista?). O “estratégico” olha para
dentro e para fora, compreende o papel das Forças Armadas, tem noção
geopolítica e coragem de resistir ao “efeito manada”.
Correm nos grupos de Whatsapp do Exército
críticas a Tomás, porque o discurso dele pró-democracia, institucionalidade,
alternância de poder e resultado das urnas foi na quarta-feira e a nomeação
dele, no sábado. Logo, teria sido “oportunista”. É injusto, porque ele teve o
tempo todo esse discurso, e sou testemunha disso.
No meio da campanha eleitoral, quando
Bolsonaro era endeusado por militares e tinha boas chances de ganhar, o general
já me dizia que as Forças Armadas são instituição de Estado e, ganhasse quem
ganhasse, iriam reconhecer o resultado da eleição, bater continência e seguir
cumprindo sua missão constitucional. Não foi “de repente”, foi “o de sempre”.
E atenção à fala dele: militar é o que “faz
o que é correto, mesmo se o correto for impopular” – não junto à opinião
pública, mas à caserna. Militar faz “o correto”, contrariando maiorias que
creem em falsos “messias” e versões que geram desordem, indisciplina, quebra da
hierarquia e insubordinação ao poder civil.
Assim, o presidente Lula fecha o cerco
legalista nas três Forças, com o general Tomás no Exército, o almirante Marcos
Olsen na Marinha e o brigadeiro Marcelo Damasceno na Aeronáutica, prontos a fazer
“o que é correto”, inclusive investigar e punir os que atentaram contra as
instituições. O compromisso é com a farda, o País, a volta à normalidade. Logo,
com a democracia.
Atenção para falsos messias e verdadeiros canalhas!
ResponderExcluir"E atenção à fala dele: militar é o que “faz o que é correto, mesmo se o correto for impopular” – não junto à opinião pública, mas à caserna."
ResponderExcluirComo q o correto pode ser impopular na caserna?
Se entendi bem, a frase da Cantanhêde seria assim, em resumo abstraido da opiniao pública mencionadas: militar faz o correto mesmo q o correto seja impopular na caserna. Se uma ideia é impopular, implica q outra(s) ideias são mais populares.
ENTÃO É POSSIVEL Q O ERRADO SEJA POPULAR NA CASERNA JÁ Q O CERTO PODE SER IMPOPULAR.
Impressionante!
Kkkkkkkkkkkkkkkk
Bolsonaro nunca teve ''grande chance'' de ser eleito,Lula sempre disparou na frente nas pesquisas.
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