O Estado de S. Paulo
Assim como na pandemia, Bolsonaro produziu pilhas de provas contra si nos atos golpistas
São várias e até aqui eficientes as frentes
de investigação sobre atos de caráter terrorista contra o resultado das
eleições, as instituições, o patrimônio público e a própria democracia
brasileira. Essas frentes começaram nos executores, avançaram para financiadores,
chegam a mentores e começam a apontar para o topo da pirâmide: o mandante do
crime.
Foram fichadas 1.500 pessoas, que, aliás, não estavam num “campo de concentração”, como dizem bolsonaristas, mas, sim, na polícia, com água, banheiros, café da manhã, almoço e jantar. E, agora, foram divididas: homens na Papuda, mulheres na Colmeia e “alvos humanitários” soltos, apesar de bem saudáveis em barracas, com chuva e lama em volta de quartéis.
A Justiça também acatou o pedido da
Advocacia-Geral da União (AGU) para bloqueio de R$ 6,5 milhões de 52 pessoas
físicas e sete empresas que bancaram ônibus e custos de golpistas. O dinheiro é
para ajudar a cobrir prejuízos, mas o principal é dar nome, cara e CPF a quem
ameaça a segurança nacional.
Buscam-se também parlamentares e outras
autoridades que, com mandatos democráticos, ameaçam a democracia. Além deles,
agitadores de internet, que fazem lavagem cerebral, disseminam fake news e usam
imagens até de idosas mortas e cidadãos comuns para inventar mortos na prisão e
atribuir as invasões a petistas.
As investigações mudam de patamar agora com
a prisão do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o rascunho de um ato até
imoral para materializar o golpe contra a posse do presidente Lula. Pode não
ser nada, mas pode ser muita coisa.
E, assim, vai-se chegando ao topo da
pirâmide, com Alexandre de Moraes incluindo Jair Bolsonaro no inquérito sobre a
autoria dos atos, a pedido de mais de 80 membros do MP, via PGR. Assim como na
CPI da Covid, provas, vídeos e áudios que o próprio Bolsonaro produziu contra
si em quatro anos são avassaladores. E os ventos mudaram...
PONTO PARA A PF. Às 18h23 de sábado, o
diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, emitiu ofício, ao qual tive
acesso, alertando para o alto risco de “ações hostis e danos contra Congresso,
Planalto e Supremo...”. E sugeriu a proibição de trânsito de ônibus com os
golpistas, “para evitar atos de vandalismo”, e de “grupos de pessoas com o
propósito de atentar contra o patrimônio público ou privado, bem como à democracia
brasileira”.
Mais claro, impossível. Mas só os ônibus foram proibidos na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes. Os “grupos de pessoas” tiveram acesso liberado à Esplanada e facilmente derrubaram as barreiras policiais para chegar aos Três Poderes. Foi moleza.
A CPI da covid acabou em quê?
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