terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Hélio Schwartsman – Farsas e delírios

Folha de S. Paulo

O próprio Bolsonaro corre agora muito maior risco de ser preso

A frase de Marx sobre a história repetir-se como farsa nunca foi tão exata. Dois anos atrás, extremistas norte-americanos, insuflados pelo ex-presidente Donald Trump, invadiram o Capitólio, com o objetivo de impedir a transmissão do poder para Joe Biden.

Aquela tentativa de golpe nunca teve muita chance de sucesso, mas era, por assim dizer, um delírio que parava em pé. Trump ainda era o presidente e, se uma megacrise institucional tivesse se instalado, havia uma possibilidade ainda que extremamente remota de ele consolidar-se no poder.

ataque de domingo (8) à praça dos Três Poderes em Brasília foi um delírio que não para em pé. Os golpistas brasileiros fizeram tudo errado, a começar da escolha da data. Se tivessem agido enquanto Jair Bolsonaro era o presidente, ainda seria possível imaginar a decretação de um estado de sítio que evoluísse para um golpe "old school". Com Bolsonaro já na condição de ex e entocado na Flórida, só o que conseguiram foi reunir todas as forças políticas e institucionais relevantes em torno de Lula e da legalidade.

Se há algo que impressiona, para além das cenas de destruição, é a lista de reveses colhidos pelos golpistas. Eles não só fortaleceram o presidente que desprezam como se meteram numa enorme encrenca jurídica. Podemos esperar muitas prisões e processos, inclusive entre os organizadores e financiadores do ataque. O próprio Bolsonaro corre agora muito maior risco de responder por incitação de golpe e ser preso. Os extremistas também alienaram políticos de direita que ainda os olhavam com simpatia. Mesmo os governadores bolsonaristas não têm agora alternativa que não condenar e reprimir o movimento.

Existem duas categorias de lideranças de extrema direita. Há os inteligentes, como Viktor Orbán, da Hungria, e Binyamin Netanyahu, de Israel, e os burros. O Brasil, felizmente, foi agraciado com espécimes do segundo tipo, não do primeiro.

 

11 comentários:

  1. Espécimes do segundo tipo, que só causam centenas de milhares de mortes desnecessárias (no sentido de que eram evitáveis) durante uma pandemia...

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  2. Jorge Mariano10/1/23 15:21

    Que afirmação convicta faz este anônimo! Poderia compartilhar as evidência que a embasam para chegarmos a conclusões semelhantes.

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    1. A seu pedido, Jorge.

      Covid: Como vacinação em massa desde janeiro teria mudado rumo da pandemia no Brasil
      André Biernath
      Da BBC News Brasil em São Paulo
      1 julho 2021

      https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57674512

      Copie e cole num navegador. É da BBC Brasil e de 07/2021.

      Desnecessário já q todos sabemos disso.

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  3. Jorge Mariano10/1/23 15:24

    ... evidências...

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  4. Total de Óbitos COVID19 no Brasil:
    694.985.
    68 hoje.
    Evidências suficientes ou quer que desenhe?

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  5. O Brasil teve grosseiramente 4 vezes mais mortos por Covid que a média mundial. Ou seja, se o Brasil fosse um país médio do mundo, teria menos que 200 mil mortos, e não os 700 mil mortos que tivemos. Ou seja, 500 mil brasileiros morreram que não teriam morrido se vivessem em outros países. Por que o Brasil teve meio milhão de mortos a mais?
    -Porque foi um dos poucos do mundo que não seguiram as recomendações da OMS.
    -Porque foi o único do mundo que seu presidente boicotou o uso de máscaras e fez campanha contra elas.
    -Porque foi um dos poucos que seu presidente não se interessou pela vacinação e fez campanha contra ela.
    -Porque foi um dos poucos que seu presidente seguiu recomendando cloroquina e outros remédios inúteis mesmo depois de a OMS, o FDA americano e outras instituições da saúde e pesquisa terem descartado benefícios no uso destes produtos contra a Covid.
    O GENOCIDA talvez não quisesse matar este MEIO MILHÃO DE BRASILEIROS, mas eles morreram em grande parte como decorrência da política criminosa e das ações e omissões do governante brasileiro de maior poder e importância durante uma pandemia, que manteve como ministro da Saúde um GENERAL INCOMPETENTE que NADA ENTENDIA DE SAÚDE, e AMBOS DERAM PARA A POPULAÇÃO OS PIORES EXEMPLOS DE COMPORTAMENTO durante a pandemia da Covid.

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  6. Quanto à vacinação, o GENOCIDA diz que comprou muitas vacinas, e isto é verdade, porque a sociedade pressionou e exigiu, não por vontade própria dele. Mas ele atrasou em várias semanas o início possível da vacinação, provocou enorme perda de tempo com discussões inúteis e desfez a contratação inicial da Coronavac só porque era a "vacina chinesa do Dória" (palavras literais do GENOCIDA), fez campanha contra as vacinas (inventou que o vacinado podia virar jacaré, que provocava HIV -e hoje é processado por isto), nunca quis se vacinar e DAR UM BOM EXEMPLO PARA SEUS SEGUIDORES e a população em geral.

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  7. Faltou dizer que o GENOCIDA estimulou a contaminação de pessoas (e assim a quantidade de mortos - que é 1-2% dos contaminados), ao propagar que a pandemia era uma GRIPEZINHA, que tinha remédios simples e eficientes (o que era mentira), ao combater o distanciamento e isolamento social promovido por governadores e pela OMS, e ao boicotar as máscaras que eram uma prevenção muito simples, barata e relativamente eficiente, ao menos se comparada às pessoas completamente desprotegidas como queria o GENOCIDA, que chegou a RETIRAR máscaras de CRIANÇAS que estavam protegidas com elas - estes atos do GENOCIDA mostram a intenção patológica do criminoso de expor crianças que os pais tinham protegido com máscara!
    Então, não foi um ato ou outro, foi uma série gigantesca e contínua de atos INTENCIONAIS e criminosos, que aumentaram em muito a quantidade de brasileiros que morreram, MORTES QUE SERIAM EVITÁVEIS se as pessoas não vivessem no Brasil e não fossem influenciadas pelas ações CRIMINOSAS E MAL INTENCIONADAS DO GENOCIDA.

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  8. Jorge Mariano11/1/23 02:30

    Anônimo, vou te dar uma informação e uma dica:
    1. Artigos são enviesados pela opinião do autor, que escreve sem contraditório, e não têm validade científica nenhuma.
    2. As estatísticas globais não prestam para aferir o desempenho do Brasil pela pouca confiabilidade dos números da Índia, China e muitos outros países africanos e asiáticos. Precisa comparar os números do Brasil com a média dos números dos países desenvolvidos. Se encontrares grande divergência, talvez possamos considerar teus argumentos. Fora disso, é demagogia política

    PS. Esta questão não é política e não estou aqui avaliando o péssimo desempenho do presidente neste quesito do combate à pandemia.

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  9. Um presidente fazer campanha contra vacina e máscara numa pandemia nem Deus explica.

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  10. Jorge Mariano
    1) Artigos podem ser enviesados pela opinião de cada autor, mas nem sempre isto ocorre. Portanto, a validade científica tem que ser avaliada em CADA CASO.
    2) As estatísticas globais, por piores que sejam, são ainda os melhores dados disponíveis e DEVEM SER CONSIDERADAS. A comparação que sugeres do Brasil com países desenvolvidos seria outra análise possível, mas não a única e nem necessariamente a melhor. Não trabalho com isto, apenas leio e me manifesto como leitor e cidadão interessado. Esclareço que sou autor apenas dos comentários 14:03, 23:17, 23:27 e 00:39. Outras estimativas por pessoas que trabalham com saúde e epidemiologia foram feitas, cito uma fonte abaixo sobre elas, e me baseei em leituras anteriores que fiz delas pra fazer meus comentários acima em resposta ao teu pedido.

    - https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/06/24/pesquisas-apontam-que-400-mil-mortes-poderiam-ser-evitadas-governistas-questionam

    - Não sou grande admirador de modelos ou projeções que baseiam as estimativas de mortes evitáveis no Brasil, que arredondei pra meio milhão antes só pra facilitar a exposição (elas variam entre 200 e 550 mil), mas é evidente que centenas de milhares de brasileiros morreram, e suas mortes seriam EVITÁVEIS se medidas de saúde baseadas na Ciência e nas recomendações da OMS tivessem sido adotadas pelo governo federal, especialmente pelo presidente e seus ministros da Saúde. ISTO NADA TEM DE DEMAGOGIA POLÍTICA, é uma opinião de centenas ou milhares de cientistas e especialistas em Saúde!

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