Correio Braziliense
O caso da ministra do Turismo é a primeira
crise do governo, que sofre cobranças antes mesmo de Lula assumir a
Presidência. Seu desfecho será paradigmático para toda a equipe
Alagoano de Palmeira dos Índios, Tenório
Cavalcanti (PST) foi um político carismático que dominou a Baixada Fluminense
nos anos 50 e 60. Chegou à região em 1926, aos anos 20, e ali viveu até morrer,
em 1987. Foi sogro de Silvério do Espírito Santo (MDB), que foi prefeito de
Duque de Caxias e deputado federal. O genro também mandou e desmandou na
cidade, até que Camilo Zito (PSDB), pernambucano, iniciasse seu reinado em
1996. Como Tenório, Zito tem fama de matador, mas nem se compara à história
romanesca do “homem da capa preta”, que usava uma submetralhadora, que
carinhosamente chamava de “Lurdinha”.
Fundador do jornal popular Luta Democrática, Tenório era tratado como “deputado pistoleiro” pela UDN. Morava numa fortaleza em Duque de Caxias, projetada pelo arquiteto Sérgio Bernardes. A ele foram atribuídos pelo menos 25 crimes violentos. Um dos mais célebres foi o assassinato do delegado Albino Imparato, que promoveu uma caçada implacável ao “homem da capa preta”. Acabou aparecendo morto a tiros de metralhadora, em seu carro, no Centro de Caxias. Tenório, cuja participação no caso foi comprovada pela investigação, jamais foi indiciado pelo crime. Reza a lenda que teria sofrido 47 atentados. Morreu de pneumonia, aos 80 anos, num hospital da Barra da Tijuca. Virou arquétipo de políticos populistas da Baixada que, além de amados, precisam ser temidos.
É o caso dos David, o clã de origem
cristã-libanesa que ainda reina em Nilópolis, sob o manto protetor do
patriarca, o banqueiro de bicho Anísio Abraão David, fundador da Beija Flor e
da Liga de Escolas de Sambas do Rio de Janeiro (Liesa), hoje com 85 anos. Eram
nove irmãos, sendo duas mulheres. Seu irmão, Farid Abrão David, foi prefeito da
cidade e seu sobrinho, Ricardo Abraão, deputado estadual. Seu primo, Simão Sessim
(PP), foi deputado federal por 10 mandatos e faleceu em 2021. Um dos filhos de
Simão, Sérgio Sessim, foi prefeito do município de Nilópolis entre 2008 e 2012.
O ex-deputado Jorge Sessim David, já falecido, também foi mandatário da cidade.
O irmão de Anísio, Miguel Abrahão, também falecido, deixou como herdeiro
político o seu filho, Abrahão Davi Neto (vereador em Nilópolis pelo segundo
mandato consecutivo). Anísio foi preso algumas vezes, mas nunca cumpriu pena
por condenação.
Mulher de Cesar
Ministra do Turismo, Daniela Carneiro
(União Brasil) foi a primeira e única namorada do prefeito de Belford Roxo,
Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho (União Brasil), com quem tem dois
filhos. Na última eleição, se reelegeu deputada federal do Rio de Janeiro, com
213 mil votos, desbancando o General Pazuello (PL), com 8 mil votos a mais.
Pastora evangélica e professora, foi secretária de Educação do estado, mas
continuaria sendo uma deputada do “baixo clero” da Câmara, se não se tornasse
ministra do Turismo, em razão da sua grande votação e do apoio do marido à
eleição de Lula.
A carreira política de Waguinho é
ascendente: começou como faxineiro da Câmara Municipal, foi funcionário
concursado, vereador, presidente da Câmara, deputado estadual e prefeito de
Belford Roxo, o primeiro a ser reeleito, com 80,40% dos votos, em 2020. Sem
apoio das milícias e da PM, porém, seria impossível essa votação. Um
levantamento da Iniciativa de Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR),
organização ligada aos direitos humanos que atua na Baixada Fluminense, aponta
que os bairros de Belford Roxo são dominados por milícias, formadas por
ex-policiais e policiais de folga. Facções de tráfico estão em constante
disputa com esses grupos. Por isso, o município concentra o maior número de
operações da Polícia Militar na Baixada Fluminense, ao lado de Duque de Caxias.
Antigo distrito de Nova Iguaçu, Belford Roxo é o 6º município mais populoso do
estado de Rio de Janeiro, com 515,2 mil habitantes. O PIB da cidade é de cerca
de R$ 8,8 bilhões.
O caso de Daniela é a primeira crise do
governo, que sofre cobranças antes mesmo de Lula tomar posse na Presidência.
Seu desfecho será paradigmático para toda a equipe do governo de “frente
ampla”, no qual quatro ministros já foram candidatos a presidente da República:
o vice-presidente Geraldo Alckmin no Desenvolvimento, Fernando Haddad na
Fazenda, Simone Tebet no Planejamento e Marina Silva no Meio Ambiente. Com o
caso Daniela, o humor da imprensa mudou da água para o vinho, por causa da
comprovada presença de chefes das milícias em sua campanha. Na reunião
ministerial de sexta-feira, Lula disse que não discriminava os ministros que
estão no governo por composição política. Mas também deixou claro que aqueles
quem cometessem erros graves seriam educadamente convidados a sair, apesar de
contar com sua lealdade e solidariedade.
“Ave Caesar, morituri te salutant” (Ave, Cesar, aqueles que estão prestes a morrer o saúdam) era a saudação dos gladiadores romanos. Como geralmente acontece, Daniela ainda não entendeu o recado: virou um problema, em vez de solução. Turistas não visitam Belford Roxo, só os repórteres investigativos. Quando mais permanecer no cargo, mais as milícias de Belford Roxo e o reinado político do marido serão vasculhados e expostos na mídia. Seu caso é muito diferente do desgaste sofrido por Haddad, sob pressão do mercado financeiro, e pelo ministro da Defesa, José Múcio, sob “fogo amigo”, por causa da moderação com que tratou os acampamentos à porta dos quartéis. Isso faz parte do jogo. Na Esplanada não há imexíveis, exceto o vice Geraldo Alckmin, cujo perfil e personalidade são solução para tudo, menos um fator de crise.
É, Daniela, azedou...
ResponderExcluirPerdeu, Manéla !!!
Vergonha no Congresso, nos chamam de macaquitos e agora essa, querer imitar o Trump numa coisa tão fubazenta que foi a ressurreição do Capitólio - não só vulgar e baixo como também, que esse Bozo , tem perfil nazista. Esse cara tem que ser eliminado da política. Até onde vai nossa imagem perante o mundo civilizado? Macaquitos com louvor. Vergonha, vergonha, vergonha de pertencer a mesma raça desses palhaços, perdoe-me palhaços que não encontrei a palavra certa.
ResponderExcluirVerdade,quebraram até as paredes de vidro do palácio.
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