O Globo
BNDES terá André Lara Resende, Carlos Nobre
e Izabella Teixeira no conselho. Mercadante quer que o banco se financie sem
aportes do Tesouro
O economista André Lara Resende, o
climatologista Carlos Nobre, a ex-ministra Izabella Teixeira vão compor o
conselho de administração do BNDES. O presidente do banco, Aloizio Mercadante,
está fechando a composição do conselho e da diretoria com nomes que apontam
para o combate à mudança climática, a inovação e uma maior experiência de
mercado. Na diretoria, haverá duas mulheres que estão hoje em grandes bancos
internacionais. Para o compliance, Mercadante chamou Luiz Navarro, especialista
em combate à corrupção. Dois ex-ministros estarão lá também, Tereza Campello,
uma das maiores especialistas do Brasil em política social, e Nelson Barbosa.
— Quero que o banco tenha ousadia na área ambiental, atue nas transições energética e ecológica, com a ideia de inovação na reindustrialização. Todo o esforço é criar condições de funding sem pressionar o Tesouro, por isso estou trabalhando outras opções de financiamento — me disse Aloizio Mercadante.
O novo secretário da Receita Federal,
Robinson Sakyama Barreirinha, também estará no conselho. Serão mantidos tanto o
atual presidente, Walter Baère de Araújo, quanto o representante dos
trabalhadores, Arthur Koblitz. Outro a compor o grupo é o economista Rafael
Luchesi, especialista em inovação, diretor de educação e tecnologia da CNI e um
dos organizadores da Embrapii:
— Carlos Nobre é um dos maiores cientistas
do país, com forte projeção internacional. André Lara Resende é macroeconomista
renomado que tem uma pauta atualizada com o que há de mais novo no mundo,
Izabella é consultora da ONU, Luchesi é referência em inovação, esse é do
perfil do conselho que estou montando e que dialoga muito com a diretoria.
Na diretoria estarão Natália Dias, que teve
atuação em bancos de investimento tanto no Brasil quanto no exterior. É CEO do
Standard Bank Brasil. Já foi do Morgan Chase, Bank of America, ING Bank.
Luciana Costa também vem de experiências em instituições privadas. É presidente
no Brasil do banco francês de investimentos Natixis. Antes, trabalhou no Citi,
no ABN Amro. Para o compliance do banco vai Luis Navarro, consultor do Senado,
que trabalhou muitos anos na CGU. É um dos formuladores da lei anticorrupção e
é membro da Academia Internacional Anticorrupção.
Completam o quadro, Alexandre de Abreu, que
ficou 30 anos no Banco do Brasil, depois atuou no Original e foi dos conselhos
do Votorantim, Cielo e Febraban. José Luiz Gordon é o atual presidente da
Embrapii. Jean Uema, servidor do STF, e desde 2016 é da consultoria jurídica do
PT. E uma funcionária de carreira do banco na área de recursos humanos e TI.
Durante os governos petistas, a
administração do banco foi criticada pelos aportes excessivos do Tesouro, por
empréstimos considerados favorecimento para grupos de empresas dentro da
política que ficou conhecida como a de campeões nacionais. A conversa atual de
Mercadante não lembra aquele passado e indica uma evolução em uma direção
realmente importante que é o combate às mudanças climáticas.
— Temos que avançar no mercado de crédito
de carbono porque há muitos recursos na União Europeia para terceiros países.
Ontem mesmo estive com o presidente da Alemanha e a ministra do Meio Ambiente.
Já foi feita nova liberação para o Fundo Amazônia. Há muito interesse deles em
uma agricultura de baixo carbono. Estive com a ministra do Meio Ambiente do
Reino Unido. E tive uma reunião específica com a delegação chinesa. A China
tinha um projeto de US$ 10 bi que estava encaminhado com o BNDES e que eles
pararam — disse Mercadante ontem entre uma posse e outra e muitas reuniões,
nesses dias frenéticos de Brasília.
Ele acha que os contatos vão permitir um
novo funding do banco, que no passado dependeu basicamente do Tesouro. A
transferência de recursos do Tesouro ao banco foi sendo devolvida nos governos
seguintes:
— O BNDES já transferiu R$ 385 bilhões para
o Tesouro e falta uma tranch de R$ 23 bilhões. Aí vamos ter uma relação de
estabilidade e de equilíbrio entre o banco e o Tesouro.
Ao montar a composição da diretoria e do
conselho, Mercadante disse que se preocupou com o equilíbrio de gênero, mas
admite que na representação racial há muito a fazer, e não apenas na direção:
— Há apenas 2,5% de negros entre os
funcionários e as funcionárias do banco. Quero avançar muito nessa agenda, com
inclusive um concurso de trainee para negros.
Por fim, Mercadante promete se mudar de
“mala e cuia” para o Rio.
Tudo parece lógico, sensato... Especialmente a maior preocupação com a área ambiental. Vamos ver se vai funcionar melhor que nos governos petistas anteriores!
ResponderExcluirNa torcida.
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