quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Patrícia Campos Mello - Congressistas de EUA e Brasil articulam reação a ataque

Folha de S. Paulo

Parlamentares americanos pedem responsabilização de Bolsonaro e Trump por ação golpista em Brasília

Um grupo de 32 legisladores democratas dos EUA e 38 brasileiros de diversos partidos divulgou nesta quarta-feira (11) uma declaração conjunta acusando o ex-presidente Donald Trump e seus ex-assessores Steve Bannon e Jason Miller de "encorajarem [o ex-presidente Jair] Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil" e pedindo responsabilização pelos ataques à democracia.

A declaração, obtida pela Folha, cita o encontro entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro com Trump, Bannon e Miller após a derrota de seu pai no segundo turno da eleição, em 30 de outubro. "Após as reuniões, o partido de Bolsonaro tentou invalidar milhares de votos nas eleições brasileiras. Todos os envolvidos devem ser responsabilizados", diz o pronunciamento conjunto.

Os legisladores apontam semelhanças entre os ataques ao Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021, e os ao Congresso, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Palácio do Planalto, em Brasília, no último domingo (8). No texto, afirmam que "agitadores de extrema direita no Brasil e nos Estados Unidos" estão coordenando esforços para ameaçar a democracia.

O Washington Brazil Office (WBO) foi responsável pela articulação da iniciativa entre os parlamentares de ambos os países. "Esperamos que na visita de Lula aos EUA os temas da democracia e dos direitos humanos estejam no centro das atenções", diz James Green, presidente do Conselho Diretivo do WBO e professor da Universidade Brown. O presidente Lula Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir com o líder americano, Joe Biden, na Casa Branca na primeira quinzena de fevereiro.

A declaração aumenta a pressão sobre o democrata, em meio às discussões nos EUA sobre o status de Bolsonaro no país —ele está na Flórida desde o dia 30 de dezembro. Congressistas democratas querem que a Casa Branca deporte Bolsonaro. Joaquín Castro, que representa a minoria democrata no Comitê de Hemisfério Ocidental, disse à CNN americana que "os EUA não deveriam ser um refúgio para o autoritário que inspirou terrorismo doméstico no Brasil". Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida como AOC, parte da ala mais à esquerda dos democratas, postou no Twitter: "Os EUA precisam deixar de dar guarida a Bolsonaro".

À Folha o deputado Raúl Grijalva afirmou: "É preciso tirar Bolsonaro dos EUA para que enfrente no Brasil as consequências de ter instigado os ataques à democracia no Brasil, de forma semelhante ao que o ex-presidente Donald Trump fez nos EUA e que culminou [na insurreição] no Capitólio". "Os brasileiros e a democracia do país têm o direito de julgar a responsabilidade de Bolsonaro."

Na segunda-feira (9), o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, indicou que Bolsonaro não pode permanecer nos EUA com o visto de chefe de Estado que usou para entrar no país. Se não procurar o governo americano até o final de janeiro para mudar a categoria do visto que o autoriza a permanecer em solo americano —como um de turista—, ele ficará em situação irregular e pode até ser deportado.

Ele fez a ressalva de que não poderia falar especificamente do caso de Bolsonaro, uma vez que a situação dos vistos de indivíduos é uma informação confidencial.

A declaração dos deputados divulgada nesta quarta, no entanto, não pede a deportação do ex-presidente brasileiro porque ainda não há consenso nesse tema. Parte dos legisladores defende que seria melhor Bolsonaro ficar nos EUA e ser julgado pela Justiça do país por supostamente conspirar em solo americano para aplicar um golpe de Estado no Brasil. Outros querem a remoção de Bolsonaro para que ele enfrente as investigações e uma possível CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Brasil.

Assinam a declaração 34 democratas, entre os quais Grijalva, AOC e Adam Schiff, além do senador independente Bernie Sanders. Do lado brasileiro estão 39 parlamentares, como os deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Jaques Wagner (PT-BA).

Em entrevista à CNN, horas depois de ser internado em Orlando, na segunda-feira, Bolsonaro afirmou que pretende antecipar seu retorno ao Brasil. "Vim passar um tempo fora com a família. Mas não tive dias calmos. Primeiro, houve esse lamentável episódio ontem [domingo] no Brasil e depois essa minha internação no hospital", disse ele. "Vim [aos EUA] para ficar até o final do mês, mas pretendo antecipar minha volta. Porque, no Brasil, os médicos já sabem do meu problema de obstrução intestinal por causa da facada. Aqui, os médicos não me acompanharam." O ex-presidente recebeu alta na terça-feira (10).

3 comentários:

  1. O miliciano mentiroso repetiu a mesma estratégia de Abraham Weintraub pra entrar nos EUA com vistos especiais. Weintraub havia sido já demitido do Ministério da Educação aqui e tinha se despedido formalmente no MEC, mas a publicação da sua demissão foi retardada no Diário Oficial. Assim, quando entrou nos EUA, o canalha entrou como autoridade governamental (ministro de Estado), que ele efetivamente já não era no Brasil. O GENOCIDA viajou para os EUA ainda como presidente, e portanto entrou lá com visto de presidente dum país, mas em poucas horas deixou de ter este cargo, mas já estava então em território dos EUA. Bolsonaro gastou uma fortuna em verba pública pra viajar em avião militar para NÃO CUMPRIR QUALQUER função governamental nos EUA, foi uma viagem SEM QUALQUER INTERESSE PÚBLICO, mas bancada criminosamente com dinheiro público, pago por nós!

    ResponderExcluir
  2. Este talvez tenha sido o ÚLTIMO dos tantos crimes de Bolsonaro na presidência.

    ResponderExcluir
  3. Vou começar a fazer preces pro Bolsonaro de novo,seu carma cada dia pesa mais.

    ResponderExcluir