O Estado de S. Paulo.
Toda hipertrofia de poder traduz anomalia institucional, alertando que algo não está bem na República. Sintomas ecoam aos ventos
Há um clima de intranquilidade e preocupação no País. Além de riscos geopolíticos extraordinários, é fato público e notório que a política institucionalizada não mais consegue bem responder aos anseios de uma cidadania frenética e impaciente aos velhos arranjos de ocasião. A desconexão de perspectivas salta aos olhos. De um lado, uma dinâmica realidade social em transformação, verticalmente impactada pelas lógicas da inovação e tecnologia, criando um ambiente cívico hiperconectado em fluxo informacional imediato. Do outro, cruzando o vale do abismo bizantino, resta uma classe política feudal, geneticamente atrasada, herdeira do colonialismo extrativista, do patrimonialismo estatal parasitário, do poder pelo poder, do desapego à lei e da imoralidade estonteante.
No desvão da política nacional, exceções
são cada vez mais raras, minguando no lodo viscoso de um sistema que insiste em
não querer mudar. Aliás, no pouco já visto, é possível intuir que Lula da Silva
nada mudou e que insistirá em pautas do petismo fracassado. Os famigerados
“mensalão” e “petrolão” parecem não ter surtido qualquer efeito pedagógico. Em
ostensiva homenagem ao retrocesso institucional, a fragilização de
aprimoramentos políticos importantes, como a Lei das Estatais, em favor de
amigos ou companheiros de quermesse, exala profundo desrespeito aos princípios
constitucionais da eficiência e impessoalidade na administração pública (Artigo
37, Constituição federal). Agora, será possível respeito à lei no país da
impunidade desbragada?
Sim, a recente eleição presidencial revela
o teor do cancro. Sem cortinas, opções eleitorais baixas e despreparadas são
fruto de um sistema político-partidário doente. Triste nação; pobre país. Se
Lula representa trevas de imoralidade, o governo Jair Bolsonaro marca época de
estupidez monumental. Nesse jogo de soma negativa, era impossível ter
vencedores; a derrota estava no âmago das opções em liça. Assim, voto após
voto, o maior derrotado foi, decididamente, o próprio Brasil.
Ora, não mais podemos silenciar diante da
grave decadência estrutural da política brasileira. A situação – faz muito –
passou todos os limites aceitáveis. Simplesmente, não há corpo social que
resista a tantas agressões e sucessivas humilhações. Na escuridão do momento,
balizas civilizatórias estão sendo colocadas perigosamente em xeque. Melhor não
brincar com certos instintos bestiais. A História, em páginas cruas, ilustra
males incontroláveis de duradouros efeitos danosos. Hora, portanto, de
restabelecermos o primado da consciência cívica independente, aquela que não
teme e não se deixa calar.
Na agenda positiva, abrese amplo campo de
trabalho ao civismo ativo, responsável e integrador. Tal espaço democrático
deve ser exercido, com firmeza e direção, pelos cidadãos conscientes e pela
sociedade civil organizada. A pura e simples terceirização de responsabilidade
a políticos e partidos fracassou. Isso não significa que partidos e políticos
não sejam essenciais à democracia institucionalizada; sim, o são, mas os que aí
estão submergiram na incompetência inercial, impondo-se necessária renovação.
Tal renovação, logicamente, não ocorrerá por velhos métodos de intervenção
militar nem por regimes jurídicos de exceção. Os erros do passado devem seguir
enterrados no cemitério dos acontecimentos, pois o futuro requer novas
angulações.
Aqui chegando, importante destacar que
sentenças judiciais não resolvem problemas políticos, podendo, inclusive, os
agravar. Ou seja, questões políticas devem ser politicamente resolvidas, até
mesmo porque existem competências constitucionais que são só, e somente só, do
Parlamento e do Executivo. E, frisa-se, de mais ninguém. Nesse sentido, toda
hipertrofia de poder – seja ela qual for – traduz anomalia institucional,
alertando que algo não está bem na República. Os sintomas ecoam aos ventos. As
disfunções se exacerbam. Enquanto o Estado de Direito se ajoelha, o cidadão
perde a fé perante um altar sem santos. Felizmente, política digna não precisa
de santidade, mas de traços humanos virtuosos como a decência, verticalidade,
coerência, bondade, compaixão e ação correta.
Por tudo, a democracia brasileira grita
desesperadamente por ajuda. Somos nós, cidadãos, que temos o dever de ajudar. A
sabedoria superior de Paulo Brossard costumava dizer que “o exercício de
atividade pública é o ônus da cidadania”. Algumas lições políticas jamais
perdem atualidade. Sobre o amanhã, a bússola democrática apontará para onde
rumar nossos passos e, fundamentalmente, à força magnética do trabalho cívico
diário, sério e impessoal, em favor do bem comum, auxiliando, com criatividade
e inteligência, o processo construtivo de novas respostas, de novos arranjos
eficazes e no surgir de novos líderes político idôneos, corajosos e
competentes.
Assumiremos, então, o leme ou seguiremos a
navegar ao léu?
*Advogado, é conselheiro do Instituto Millenium
Artigo de excelência nota 100 .
ResponderExcluirResumo do artigo: "De boas intenções o inferno está cheio". Um primor de metafísica política!
ResponderExcluirAlém de esclarecedor seu artigo é muitíssimo bem escrito, muito bem vindo.
ResponderExcluirQuanta bobagem! Quanta platitude. Não é possível extrair nada.de prático deste artigo.
ResponderExcluirQuantas.acusacoes sem foco, genéricas, sem provas, inúteis mesmo.
Vejam os excertos e tentem explicar do ae trata:
1) Para onde vai a democracia brasileira?
Continuo sem saber. O autor disse?
2) Há um clima de intranquilidade e preocupação no País.
E daí?
3) A desconexão de perspectivas salta aos olhos.
Q significa isso?
4) De um lado, uma dinâmica realidade social em transformação,... Do outro, cruzando o vale do abismo bizantino, resta uma classe política feudal, geneticamente atrasada, herdeira do colonialismo extrativista,...
Estes dois lados não se encontram? Não foi um q criou o outro? Esta realidade em transformação não votou naqueles?
5) Aliás, no pouco já visto, é possível intuir ...
Se viu pouco, seria prudente ver mais antes de intuir.
6) Na escuridão do momento, balizas civilizatórias estão sendo colocadas perigosamente em xeque.
Se escuro, o q permitiu q vc, autor, enxergasse? Viu as balizas em xeque?
Q balizas? De q trata esta frase?
7) Hora, portanto, de restabelecermos o primado da consciência cívica independente, aquela que não teme e não se deixa calar.
O q é primado da consciência cívica? Como restabelecê-lo?
8) Os sintomas ecoam aos ventos. As disfunções se exacerbam.
O q é isso?
9) Tal renovação, logicamente, não ocorrerá por velhos métodos de intervenção militar nem por regimes jurídicos de exceção.
Logicamente? Como ocorrerá, então?
10) Felizmente, política digna não precisa de santidade, mas de traços humanos virtuosos como a decência, verticalidade, coerência, bondade, compaixão e ação correta.
Pelo texto, tudo isso nos falta. Quem ou o que diz q uma ação é correta? Pro país melhorar, há q ter agir corretamente. (rs) - alguém discorda disso?
Tem muitas outras platitudes, muitas mesmo!
O autor pensa q escrever palavras bonitas é saber escrever. Este é o artigo mais vazio, mais frívolo, mais pueril q já li.
Falou o gênio, genioso mal intencionado e invejoso pago para escrever em Blogs e com sua baixaria peculiar de todos os que se vendem por um pouco de dinheiro.!Os revoltados do PT embuido das mesmas mazelas do Bozo, seu instinto predatório a deriva pelos 4 anos que ficou fora das tetas do governo. Serve só para escalar a violência esses seres malditos que querem escravizar o povo brasileiro é enriquecer a custa dele. Pior que nem disfarçam ,’vai acabar muito mal isso , povo não esquece o que fizeram nos governos passados, quando pagavam os bobalhões para postar ameaças na Internet. Com o país falido os “escribas” a soldo minguaram. Lula com seu eterno fingimento, linguajar chulo e idiotices não engana mais miguem, todo mundo sabe da sua esperteza. Mas como dizia o criterioso e idealista Tancredo Neves, a esperteza quando muita engole o dono. Não será a vulgaridade e a falta de classe do PT que escravizara o orgulhoso povo do nosso país.
ExcluirA perseguição aos jornalistas iniciou, para fazê-los calar, assim como as Forcas. Depois virão por nós o povo, precinto que o governo do Lula fracassara. Pelo do Bozo sabemos que “quem semeia ventos colhe tempestade” Brasil não é republiqueta da América latrina, Venezuela, Nicarágua, Cuba essa triologia do inferno.
ResponderExcluirPresinto
ResponderExcluirVenceu o melhor,simples assim,lugar de santo é no céu,infelizmente não temos na terra.
ResponderExcluirVocê como muito religioso deveria saber que a maioria dos Santos se originaram na terra, Santo Antônio, São Francisco, e tantos elevados aa Santos. A dúvida fica por conta de uma Nossa Senhora Aparecida. Portanto, meu amigo Amancio , siga os ensinamentos de nossa Igreja querida.
ResponderExcluirLugar da decência é em qualquer lugar, ela não escolhe.É só indicar um único lugar que o socialismo Deus certo. Capitalismo a gente vê que não dá certo também, em Usa as cidades governadas pelos Democratas são as que tem mais violências, pobrezas e bandidagens, mas o capitalismo não nos transformam em escravos. Brasileiros jamais aceitarão viver sob as leis do chicote de uma China. Até que outro regime surja é melhor contentarmos com o liberalismo. Chegará o dia que uma mudança ocorrerá sem a divisão dos povos. Igualdade com liberdade o ideal que prevalecerá, nenhum homem pode ser dono de outro homem, de sua vontade e de seus sonhos. Ninguém tem a obrigação de ceder sua vontade e a si mesmo para alguém. Olho para Rússia, um grande país, a riqueza impera nos donos do poder mas a pobreza e a fome e um fator causador de infelicidade. Subjugaram o povo para ser uma potência nuclear e subjugar outros povos livres para roubar-lhes seu país, o maior exemplo atual do Genocidio. Não respeita nada, hospitais, escolas,‘prédio, crianças que morrem a todo momento,
ResponderExcluiraté bebês. Nesses países cuja ditadura é a mais cruel de todas, pessoas desaparecem, são torturadas, valem menos que o ser humano deve valer. Os Chineses sem a garantia de segurança física já foram vítimas de um pequeno país como Japão, isso só demonstra como são tratados, pior que animais. Uma pergunta que não quer calar, sera o Bolsonaro pior que os ditadores esquerdistas, longe de mim querer defender o Bozo, indefensável. Compare as figuras dos ditadores da América latrina, com o Putin, etc… Da para notar diferente?