Folha de S. Paulo
Briga com BC é apenas reflexo de escolhas
do petista para imprimir marca do terceiro mandato
Lula 1 não voltará ao Palácio do Planalto.
Quem avisa é Lula 3. Em entrevista no início de fevereiro, o jornalista Kennedy
Alencar destacou que o presidente tem hoje um discurso mais incisivo sobre
temas econômicos do que em seu primeiro mandato. Em resposta, o petista
reforçou que não vai repetir a plataforma que ele adotou há 20 anos para se
mostrar amigável aos investidores.
"Entre o mercado e as pessoas que estão com fome, não me perguntem, porque obviamente vou fazer opção por tirar o pessoal da fome", afirmou.
A
briga de Lula com o Banco Central não é uma investida pontual. As
críticas à taxa de juros, a retórica de conflito com o mercado e a busca por
estímulos à economia são reflexos de uma escolha feita pelo petista para buscar
a marca que ele pretende imprimir em seu terceiro governo.
Desde que ganhou a eleição, Lula tem
repetido em entrevistas e conversas reservadas que não abre mão de entregar
resultados na área social, mesmo que tenha que provocar atritos com grupos
influentes.
Lula 1 seguiu um método diferente. Sob
desconfiança de investidores, o governo firmou um compromisso de controle
fiscal e segurou gastos nos anos iniciais do mandato.
O preço político foi alto. A popularidade
de Lula teve uma trajetória de queda de 2003 a 2005. Ao fim do terceiro ano de
mandato, na esteira do mensalão, só 28% dos
brasileiros diziam que o governo era ótimo ou bom. Os números só melhoraram
em 2006, com a campanha pela reeleição e o fôlego do Bolsa Família.
O presidente não esconde a contrariedade
com aquela linha de governo. Ele só se sentiu confortável no segundo mandato,
com cofres abastecidos pelo boom das commodities, a chance de expandir
investimentos e programas sociais, e um
índice de aprovação de 83%.
Aliados dizem que o presidente quer
governar no modo Lula 2, ainda que as condições não sejam as mesmas. Depois de
vencer uma eleição apertada, o petista tem menos medo do mercado do que temor
de perder sustentação em sua base social.
Lula é um animal político. Está fazendo suas apostas. Tomara que acerte...
ResponderExcluirTomara.
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