sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Bruno Boghossian - Os atalhos de Lula no primeiro ano

Folha de S. Paulo

Com investimentos em obras e aumento do mínimo, presidente busca atalho para conter desaceleração

Depois de levantar uma briga pública contra uma ameaça de baixo crescimento, Lula lançou um plano econômico para o primeiro ano de governo. Ao longo da semana, o presidente apresentou um pacote de investimentos e benefícios que deve ser visto como um atalho para conter uma desaceleração do país na largada do terceiro mandato.

Um dos objetivos do petista é reeditar uma injeção de dinheiro na economia para estimular o consumo, assim como em governos anteriores. Lula desenhou a expectativa em dois eventos nos últimos dias, ao anunciar a intenção de retomar mais de 14 mil obras paradas no país.

"Cada obra dessas vai gerar uma quantidade de empregos. Esses empregos vão fazer com que as cidades possam ter um comércio mais forte, e esse comércio mais forte vai crescer na medida em que tenha mais empregos, em que tenha mais salários", declarou o presidente, em Sergipe.

A opção por obras já iniciadas foi o caminho escolhido pelo governo para cortar o caminho de licitações e licenciamentos, fazendo com que as medidas de estímulo possam ter efeitos no curto prazo sobre atividades locais e o mercado de trabalho.

O aumento do salário mínimo e a ampliação da isenção do Imposto de Renda, confirmados por Lula à CNN, miram o mesmo alvo. As restrições do Orçamento fizeram com que os reajustes ficassem abaixo do esperado, mas os petistas consideram que as decisões têm impacto simbólico imediato sobre sua base.

Essas mudanças já estavam nos planos de Lula, mas o presidente conseguiu quebrar resistências dentro do governo e antecipar os anúncios depois de martelar o risco que o patamar atual da taxa de juros representa para a economia em 2023.

Na véspera da entrevista de Lula, uma das principais defensoras dessa agenda ligou os dois pontos. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reforçou a aposta no consumo e afirmou que um pacote de estímulo era urgente. "Precisamos de dinheiro na mão do povo para evitar a desaceleração por conta dos juros", escreveu.

 

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