O Estado de S. Paulo
Depois do caso Americanas, as torneiras do
crédito começam a se fechar. Enquanto o governo ficou discutindo os juros
altos, a meta de inflação e a autonomia do Banco Central (BC), os bancos
saltaram para a defensiva e passaram a restringir o crédito, principalmente
para o varejo.
Quando se trata de produto essencial, como
combustíveis, alimentos – e crédito –, pior do que o preço alto é a escassez.
Ainda não há informações sobre o impacto do fator Americanas sobre as operações ativas dos bancos, mas o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, admitiu nessa sexta-feira que o crédito ficou bem mais seletivo e vai ficar assim por tempo indeterminado. O economista-chefe do Grupo Itaú, Mário Mesquita, espera para este ano um avanço do crédito no País de apenas 8% ante o de 14% em 2022. As lojas Marisa e a companhia de aviação Azul começam a sentir o estrangulamento. E há as ameaças da Oi e da Light.
O Brasil tem histórico recente de quebras
de redes de varejo ou de saídas de mercado por falta de resultados. Nem sempre
se trata de fraude ou de má administração. Uma lista incompleta: Mappin, G.
Aronson, Mesbla, Ducal, Ultralar, Sears, Lojas Brasileiras (Lobras), Arapuã,
Jumbo Eletro, Makro, Livraria Cultura... e agora, Americanas.
O programa Desenrola, por meio do qual o
governo pretende ampla renegociação das dívidas das famílias junto à rede
bancária, pode ficar ainda mais enroscado com esta nova seca.
O maior concorrente das empresas e das
famílias no acesso ao crédito é o próprio governo, de longe o maior devedor do
País. Por que um banco tem de correr riscos, se pode colocar seu dinheiro, no
mole, em títulos do Tesouro, nas chamadas operações de tesouraria?
Quanto maior o rombo fiscal, como vai
acontecendo, maior é a necessidade do Tesouro de lançar títulos no mercado para
cobrir suas despesas. Ou seja, mais do que a inadimplência e a quebra de
empresas, a irresponsabilidade fiscal é o principal fator de escassez de
crédito.
Com a revolução tecnológica, a
administração de risco ficou mais complicada. Não são apenas as agências de
avaliação de risco e as companhias de auditoria que vão levando bola entre as
pernas. Os bancos também têm errado muito. Basta conferir a qualidade das
indicações de investimento que têm feito a seus clientes. Além disso, as
análises de risco têm agora de levar em conta as exigências socioambientais,
que podem inviabilizar um financiamento.
Em situações como essa, os governos, como o atual, são tentados a obrigar os bancos a soltar as amarras. Não levam em conta velho ditado popular, segundo o qual qualquer um pode levar o cavalo à beira do rio, mas não pode obrigá-lo a beber.
Cavalo com sede bebe até se fartar
ResponderExcluir(pra cabeça ruim do velho Ming tudo é culpa do governo)
Mais respeito com o ótimo Ming não é pedir demais. Esse é o desgoverno do PT com às agressividades gratuitas. Nível que é bom não existe, baixaria um modus operandi dos desclassificados.
ResponderExcluirAbaixo ROBERTO CAMPOS NETO no BC!
ResponderExcluirANDRÉ LARA RESENDE para PRESIDENTE DO BC NO GOVERNO LULA!