Valor Econômico
A política doméstica falará alto na cúpula
em Washington
As semelhanças entre as conjunturas
políticas do Brasil e dos Estados Unidos virtualmente condenam ao sucesso a
breve visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Joe Biden nesta
sexta-feira. Trata-se de uma estratégica ocasião para Biden e Lula manterem em
evidência o alerta que paira sobre as duas democracias em relação aos seus
antecessores e possíveis sucessores.
Movida a “fake news”, boa parte da opinião
pública dos dois países contesta o resultado eleitoral que afastou os dois
países da extrema-direita. Se Biden teve seu 6/1, Lula teve seu 8/1 a apontar
que a democracia não está imune a riscos tanto em um caso como no outro.
A ligação do extremismo entre os dois países é evidente e não por acaso o ex-presidente Jair Bolsonaro está a 155 milhas do refúgio de Donald Trump em Mar-a-Lago e no domicílio eleitoral da nova esperança da direita radical, o governador da Flórida, Ron De Sanctis.
O fluxo é um só, as guerras culturais são
as mesmas. Se o combate ao aborto é um eixo para o conservadorismo nos Estados
Unidos, torna-se um eixo aqui. O fundamentalismo religioso, o negacionismo em
relação à pandemia, o anti-intelectualismo, a descrença na mudança climática,
nenhum item falta. A luta política no Brasil e nos Estados Unidos converteu-se
em um drama existencial, em que joga-se o destino da institucionalidade em uma
eleição.
É a política doméstica dos dois países,
acima de tudo, que alimenta o interesse de Biden e Lula por uma boa reunião. A
América do Sul em si pouco interessa aos norte-americanos. Na visão de Rubem
Barbosa, que foi embaixador do Brasil em Washington durante o governo Fernando
Henrique, “América Latina é importante hoje para os Estados Unidos apenas pela
questão da imigração, o que diz respeito sobretudo a México e América Central.
A América do Sul não entra nem entre as quinze primeiras prioridades da
política externa”. Mas construir um discurso conjunto em torno de democracia e
direitos humanos contra o extremismo de direita interessa, e muito, a ambos os
presidentes.
No caso do Brasil, o 8/1 sem sombra de
dúvida fortaleceu politicamente Lula. A defesa da democracia é uma alavanca
para o presidente brasileiro ampliar a sua base de apoio na sociedade sem se
comprometer a qualquer modulação em seu discurso de esquerda.
O posicionamento da Casa Branca em relação
ao processo eleitoral em 2022 foi um fator de dissuasão de uma intentona
golpista mais clara que impedisse o desfecho da vitória de Lula. Biden
reconheceu o resultado minutos depois de proclamado triunfo do petista e
durante a campanha autoridades do governo americano estiveram no Brasil e
deixaram claro que os Estados Unidos não iriam apoiar uma aventura
bolsonarista.
No fim do próximo mês Biden deve promover
uma cúpula pela democracia, em conjunto com Costa Rica, Coreia do Sul e Zâmbia
e um comunicado do Departamento de Estados já anunciou que o tema será tratado
por Lula. A presença das ministras Marina Silva e Anielle Franco na comitiva
presidencial já é um indicativo do espaço que mudança climática e políticas
afirmativas deverão ter nesta jornada. Tudo conspira portanto para uma grande
convergência entre os dois governos em questões políticas e sócio-culturais.
“Uma viagem de agenda positiva para os dois
e custo político nulo”, sintetiza Matias Spektor, pesquisador da Universidade
de Princeton e autor do livro “18 dias”, sobre a aproximação entre Lula e o
então presidente americano George W. Bush em 2002.
Só há um detalhe que pode turvar o cenário.
Há uma agenda onde a divergência entre Lula e Biden não poderia ser maior e
que, por iniciativa do presidente brasileiro, deve fazer parte do encontro
bilateral: a guerra da Ucrânia.
É certo que Lula irá mencionar a sua
proposta de se criar um “clube da paz” para uma intermediação que tente uma
saída para o conflito iniciado pela Rússia, há praticamente um ano. O Lula III
faz seus primeiros movimentos e este lembra de certo modo a polêmica iniciativa
brasileira de, junto com outros países, tentar patrocinar um acordo nuclear com
o Irã sem a participação dos Estados Unidos. A busca de protagonismo no Oriente
Médio foi um momento de estremecimento na relação com o então presidente
americano Barack Obama.
No que depender do corpo diplomático dos
dois países, a divergência não deve ser um marco da visita. “Lula irá
manifestar essa intenção, Biden irá escutar, mas não aposto em choque”, disse
Barbosa.
Spektor lembra que há muita diferença entre
o que o Brasil foi no primeiro governo de Lula e o que o Brasil é agora. A
delicadeza da situação fiscal, em sua opinião, tende a moderar as ambições
globais do petista. “O Brasil não tem caixa para outra política externa
expansionista”, diz.
O risco, aponta Spektor, estará no improviso,
algo que nunca pode ser descartado em se tratando de Lula. Uma frase fora de
lugar em alguma declaração pode levar o confronto a eclipsar a agenda positiva
do encontro.
A presença de Bolsonaro na Flórida tende a
ser um não-assunto. Não há nada que Biden possa fazer para impedir a
permanência do ex-presidente. E nem é concebível que Lula traga esse assunto à
pauta. “Seria dar muita importância a ele”, comenta Barbosa.
O compromisso futuro de Lula com Xi
Jinping, que deve ser visitado pelo brasileiro em março, pode entrar no
horizonte da visita de agora. Feliciano de Sá Guimarães, diretor acadêmico do
Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), relembra que Lula já
sinalizou que pretende levar as relações sino-brasileiras a um novo patamar. Há
conversas preliminares de um acordo entre a China e o Mercosul e os Estados
Unidos está impossibilitado, por questões domésticas, de fazer uma oferta
econômica semelhante.
Em um mundo que caminha para uma
polarização entre Estados Unidos e China, o Brasil pode adotar um comportamento
pendular, retirando vantagens de um e de outro, opina Sá Guimarães. Se Biden
fará algum movimento para bloquear ou atenuar um aumento da influência chinesa
no Brasil é algo que talvez só fique claro depois do encontro de Lula com Xi.
Só sei dizer que essa viagem vai ser ótima para o Lula. Vai poder comparar US com a Rússia. Enquanto US faz progresso e desenvolvimento a Rússia faz guerra. E logo ele que já foi presidiário, notará que a Liberdade não tem preço. US está a anos Luz desses paisecos que ainda usam o homem como escravos. A beleza dos States é como o homem conseguiu fazer um país desses. A mão de obra humana se confunde com a Mão Divina.
ResponderExcluirFalta do que fazer tratar da guerra de agressão contra a Ucrânia, este nosso presidente é um ventríloquo que sai falando o que outros lhe sopram ao ouvido. Aqui já tem problema demais para resolver por exemplo arrumar o país depois que um flagelo da humanidade por aqui passou.
ResponderExcluirQuando chegar a hora do Brasil, o mais visado dos países por ter uma população idiota que só se preocupa com arroz e feijão, pedirão ajuda a quem? A Rússia?
ResponderExcluirQuando chegar a hora do Brasil, o mais vulnerável dos países por ter uma população idiota que só se preocupa com arroz e feijão, pedirão ajuda a quem? A Rússia? Ou, à Venezuela? Talvez, Cuba? Até o Vietnam sabe das coisas. Pudera, nossa independência baseou numa simples diarreia. Povinho mole.
ResponderExcluirUma entrevista do Lula ao Rose, fez passar vergonha muitos brasileiros. Espero que dessa vez o vexame seja menor
ResponderExcluirCharlie Rose
ResponderExcluir"As semelhanças entre as conjunturas políticas do Brasil e dos Estados Unidos virtualmente condenam ao sucesso a breve visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Joe Biden nesta sexta-feira."
ResponderExcluirA visita de Lula aos EUA está condenada ao SUCESSO, gente.
Claro!
Lula não nos envergonha. Note q o atual presidente nem sequer tem um mês de governo e está sendo recebido pela maior potência mundial.
E o autor fala em semelhanças. SE-ME-LHAN-ÇAS! Lula tá do lado certo, pessoal.
Inveja é fod...!
É.
ResponderExcluirO coisinha César Felício, do coisinha Valor Econômico, entusiasmou a tchurma
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