O Globo
Visita aos EUA oferece aos bombeiros a
oportunidade de aplacar bate-boca com BC, que tem pouca chance de produzir algo
proveitoso ao governo
A crise entre Lula e o Banco Central sai de
cena momentaneamente graças à viagem do presidente brasileiro aos Estados
Unidos para um encontro bilateral com Joe Biden. É uma bem-vinda possibilidade
de Lula mudar de assunto e dar aos bombeiros dos dois lados a chance de aplacar
um bate-boca que tem pouca chance de produzir algo proveitoso para o próprio
governo.
A agenda com Biden, ao contrário, tem dois
temas de consenso que permitem a Lula surfar externa e internamente, podendo
render dividendos imediatos ou produzir uma narrativa que impulsione
iniciativas no Congresso e na sociedade.
São eles o meio ambiente e a defesa da democracia. É muito boa a ideia de sugerir aos Estados Unidos que ingressem de alguma maneira como mantenedores do Fundo Amazônia. Trata-se de uma iniciativa já consolidada, que tem dois países europeus, Alemanha e Noruega, como financiadores e que, simbolicamente, também ficou travada pela política destrutiva de Jair Bolsonaro para o meio ambiente.
Se conseguir engajar os Estados Unidos
nessa ou em outra linha de financiamento a projetos em defesa da Amazônia, no
momento em que o mundo acompanha com atenção a crise humanitária dos ianomâmis,
Lula terá conseguido mostrar em menos de dois meses de mandato, com resultados
concretos, como se pode, com diplomacia correta e sem deixar a ideologia
atravessar temas de Estado, obter benefícios para o país.
É o tipo de tema com capacidade de reduzir
resistências ao governo em setores empresariais e no mercado, uma vez que,
hoje, investimentos, exportações e negócios de toda natureza estão
inevitavelmente condicionados à boa governança climática e ambiental.
Se Lula conseguir destravar recursos que
não andavam em razão da forma como Bolsonaro transformou o Brasil num pária nas
mesas globais de negociação, será um forte vetor de diferenciação entre o
presidente e seu antecessor, com muito mais concretude e efetividade que empreender
uma guerra com a autoridade monetária nacional.
O segundo tópico de consenso em proveito do
Brasil é a defesa da democracia, que une os dois países graças às figuras de
Donald Trump e Jair Bolsonaro e ao que legaram em sua saída do poder, o 6 de
Janeiro deles e nosso 8 de Janeiro dois anos depois.
Biden tem todo interesse em ter Lula como
aliado na pregação pela necessidade de as democracias estabelecerem mecanismos
que as blindem dos extremistas que tentam dinamitá-las a partir de dentro. A
investigação sobre a invasão do Capitólio avança para a fase final, em que se
discutirá a responsabilização de Trump, e isso se fundirá de forma ainda
imprevisível com o início da campanha eleitoral de 2024.
O Brasil tem muito a estudar sobre o caso
norte-americano, e um discurso alinhado entre Lula e Biden em defesa da
contenção do extremismo doméstico politicamente motivado pode ajudar a
pavimentar o caminho, em Brasília, para a discussão no Congresso de um pacote
de salvaguarda à democracia, que começou a ser analisado com velocidade máxima
pelo Ministério da Justiça de Flávio Dino, mas perdeu ímpeto nas últimas
semanas, também ele engolido pelas querelas econômicas.
Nosso “Capitólio candango” completou um mês
com diferentes estágios de consequências. Enquanto as investigações correm
céleres, e até o Ministério Público Federal se empenha em denunciar os
praticantes da tentativa de golpe, o governo parece apostar na linha da
pacificação com as Forças Armadas, sem responsabilização dos que foram
simpáticos aos golpistas — muitos foram afastados de seus postos, mas não se
viu até aqui nenhum processo de averiguação de condutas.
A viagem pode ter o salutar efeito de
reavivar no presidente a necessidade de ter esse tema como prioridade, até
porque ele é capaz de manter alinhados o Congresso e o Judiciário, que não
terão a mesma sinergia com o Executivo no caso da polêmica com o BC.
Sera que Lula vai manter colóquio com o Biden a respeito dos balões chineses? 40 países e 5 continentes são gente demais sendo espionadas, logo na comunicação. Lula não está receoso? Ele fala demais, portanto…
ResponderExcluirBrasil continental, rico em minérios e outras valiosas coisas e o povo preguiçoso ou incapaz como os chineses já disseram em relação à indústria nossa. USA já coleta evidências para processar a China. Quando o Obama espionou o governo da Dilma ela cancelou a viagem que faria ao US, o que vai fazer Brasil? Entregar de mão beijada a nossa Pátria ao companheiro Xi ? Ou , o Lula prefere assuntos do BC que é mais importante que espionagem?
Lula se encontrará com Biden na Casa Branca - The New York Times
ResponderExcluirhttps://www-nytimes-com.translate.goog/2023/02/10/world/americas/biden-lula-brazil-us.html?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
Depois de Trump e Bolsonaro, Biden e Lula são aliados ideológicos do Brasil? - Washington Post
https://www-washingtonpost-com.translate.goog/world/2023/02/10/biden-lula-ideological-brazil-allies-trump-bolsonaro-relationship/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
A inegável mão dos EUA no motim antidemocrático do Brasil - The Washington Post
https://www-washingtonpost-com.translate.goog/world/2023/01/09/brazil-bolsonaro-trump-united-states/?itid=lk_interstitial_manual_10&_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
Misericórdia!
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