Folha de S. Paulo
Maioria de senadores de comissão defende
garimpo e é inimiga dos povos indígenas
A comissão
externa criada pelo Senado para acompanhar a tragédia
humanitária que se abateu sobre os yanomamis é
um faz de conta abominável. Dos cinco integrantes, três são senadores por
Roraima, notórios defensores do garimpo, inimigos da população indígena e
predadores de seu direito à terra e a viver em paz.
O presidente da comissão é Chico Rodrigues (PSB), famoso pelo flagrante de R$ 33 mil escondidos nas partes pudendas, em ação da PF que investigava desvio de dinheiro para o combate à Covid. Reportagem do site Repórter Brasil mostrou que o senador foi dono de um avião visto diversas vezes sobre o território yanomami e até mesmo em uma pista de pouso clandestina. Rodrigues chegou a dizer em vídeo que o garimpo em TI é um "trabalho fabuloso".
O relator é Hiran
Gonçalves (PP). Quando deputado, disse que a "política
indigenista" prejudica o desenvolvimento e a população de Roraima e que a
reserva yanomami é "gigantesca". Completa o trio Mecias de
Jesus, autor de projeto para liberar o garimpo em terra indígena.
Mecias acaba de emplacar o filho, deputado Jhonatan de
Jesus, para a boquinha de luxo de ministro do TCU, inclusive —e
lamentavelmente— com o apoio da bancada petista em nome da ampliação da base do
novo governo no Congresso. Pai e filho são do Republicanos.
No governo
Bolsonaro, os dois indicaram os três últimos coordenadores do
Distrito Especial de Saúde Indígena Yanomami, exatamente no período em que
fome, doenças e violência se alastraram nas aldeias.
A ficha dos senadores dá bem a medida dos
interesses que defendem. Não são os dos indígenas nem os da mão de obra
explorada no garimpo, muitas vezes em condições de quase trabalho escravo.
A composição da comissão ofende os yanomamis, dá fôlego ao bolsonarismo e desmoraliza o Senado. Ao permanecer no colegiado, os outros dois integrantes, Eliziane Gama (PSD-MA) e Humberto Costa (PT-PE), legitimam o escárnio contra os indígenas.
A colunista tem razão, uma comissão como esta é mais um atentado aos indígenas, mas reflete perfeitamente o nível do Legislativo que foi eleito, pouco diferente do que no passado apoiou boa parte dos absurdos bolsonaristas. A melhoria da situação dos índios vai depender mesmo da ação da Funai e dos ministérios de Lula, bem como da pressão da imprensa e da sociedade civil. Pouco ou nada se pode esperar do Senado, representado por esta comissão majoritariamente anti-indígena.
ResponderExcluirTudo como dantes no quartel de Abrantes - Quer dizer,não exageremos.
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