Por Guilherme Caetano / O Globo
Legendas de centro e direita miram em
prefeitos e parlamentares; tucanos tentam bloco com siglas pequenas
Após ser derrotado
para o governo de São Paulo e prestes a perder o comando da Assembleia
Legislativa paulista, o PSDB enfrenta agora o assédio de outros partidos sobre
os quadros tucanos. Com o enfraquecimento
da legenda, que também
se reflete no Congresso, siglas adversárias apostam em novas filiações
vindas do ninho tucano e calculam crescer em cima dos quase 300 prefeitos que o
PSDB tem pelo país, além de parlamentares.
Cacique do PSD e novo homem-forte do Palácio dos Bandeirantes, Gilberto Kassab pode ser peça central nessa empreitada sobre o espólio tucano. Nomeado secretário estadual de Governo, ele tem se reunido com prefeitos nas últimas semanas em busca de apoio, tarefa que vem fazendo desde a campanha eleitoral.
O PSD tem hoje 47 prefeituras em São Paulo,
sendo Guarulhos a principal delas, mas pode dobrar, no cálculo de seus
dirigentes. Kassab, no entanto, evita colocar seu partido como favorecido pela
corrosão do PSDB, e se refere à fase tucana como “momentânea”:
— Ninguém tira benefício (do declínio do PSDB). O PSD vai crescer este ano, sim, mas diante da boa avaliação da gestão (do governador) Tarcísio de Freitas por parte da população. Elegemos quase 50 prefeituras. Acho que se elegermos cem (em 2024) será um bom número.
Não só as prefeituras são alvo da ofensiva
do PSD. Kassab tirou do PSDB a senadora Mara Gabrilli no começo do mês — além
de ter abocanhado outros senadores em nível nacional nos últimos dois meses,
como Eliziane Gama (MA), ex-Cidadania, Zenaide Maia (RN), ex-PROS, e Samuel
Araújo (RO), então no PL.
Já o Republicanos, no comando do governo de
São Paulo, terá uma arma inédita para atingir uma obsessão do partido:
conquistar 10% das prefeituras do país. A sigla administra hoje 211 cidades,
número obtido em 2020 após um crescimento de 103% em relação aos 104 prefeitos
eleitos em 2016. Em 2012, eram 80.
No partido, a eleição de Tarcísio de
Freitas é vista como uma oportunidade para 2024, ano de eleições municipais. O
recado foi dado pelo presidente da sigla, Marcos Pereira, às lideranças
políticas, após a vitória de Tarcísio. A orientação é que os quadros se
empenhem na gestão estadual não só para tentar dobrar o número de prefeituras, mas
também triplicar a bancada de 1.620 vereadores eleita em 2016. Hoje são 2.604.
A troca no comando da sigla em São Paulo no início do mês, quando Sergio
Fontellas deu lugar a Roberto Carneiro na presidência, vai ao encontro da meta.
Carneiro projeta aumentar o total de prefeitos paulistas.
Tentativa de reação
Com a saída de cena de lideranças históricas nos últimos anos, a derrota do ex-governador Rodrigo Garcia para o bolsonarismo e a desfiliação do ex-governador paulista João Doria, o PSDB segue na mira de partidos do centro à direita.
Presidente nacional provisório dos tucanos,
o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, evita antecipar qual linha o
partido seguirá, mas já deu alguns sinais. Ele afirmou que tentará buscar apoio
para formar um bloco de legendas do que chama de “centro democrático”, com
siglas pequenas como Cidadania e Podemos.
Antes, Leite tentou atrair o MDB e o União Brasil, mas as legendas se alinharam ao governo Lula. Internamente, o gaúcho defende uma redistribuição de poder no partido, que antes se concentrava em São Paulo.
Presidente do PSDB em São Paulo, Marco
Vinholi, questionado sobre o risco de o partido sofrer uma debandada de
prefeitos, desconversa e diz que todos as siglas estão começando articulações
visando às eleições de 2024.
— Vamos valorizar nossos quadros e dar
espaço às novas lideranças de maneira orgânica. Teremos candidaturas
competitivas na maior parte das cidades paulistas.
Em cada legenda, uma estratégia
PL mira na Assembleia de SP
O PSDB governou o estado de São Paulo e a
Assembleia Legislativa por quase três décadas. Em março, o deputado André do
Prado (PL) deve quebrar a hegemonia tucana desde 1995 e se eleger presidente do
Legislativo.
PSD quer prefeituras
O partido de Gilberto Kassab tem hoje 47
prefeituras em São Paulo. A meta para o estado nas eleições municipais de 2024
é eleger, pelo menos, cem prefeitos. Mas, o PSD planeja aumentar o total de
municípios administrados pela legenda ainda neste ano, colocando em prática um
amplo plano de filiações. Os prefeitos do PSDB são os principais alvos.
Parlamentares também estão na mira da sigla.
Mais vereadores
Com o PSDB desalojado pela primeira vez em
28 anos do governo paulista, Tarcísio de Freitas tem alocado quadros do
Republicanos no segundo escalão de sua administração, já que o secretariado
teve apenas três nomes da sigla contemplados: Roberto de Lucena (Turismo),
Helena Reis (Esporte) e Sonaira Fernandes (Políticas para Mulheres). A
estratégia não é por acaso. O partido, ligado à Igreja Universal, pediu empenho
dos governos para que, nas eleições do ano que vem, consiga triplicar a bancada
de vereadores e crescer o número de prefeitos.
Sem MDB e União Brasil
O PSDB tentou atrair para um bloco em nível nacional o MDB e o União Brasil, mas as siglas se alinharam ao governo petista do Palácio do Planalto.
A debandada do ninho tucano... Os bicudos acreditavam que ficariam dominantes com a crise petista nas gestões da Dilma. Não contavam com as ações do Aécio e do Doria, que implodiram o ninho. Enquanto o PT se recupera, o PSDB afunda!
ResponderExcluirA última informação saiu repetida.
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