O Estado de S. Paulo
Não falta agora quem acene ao PT com a defesa do “controle social do Banco Central”
Os especialistas em dar legitimidade
pretensamente técnica ou intelectual a interesses políticos geralmente
conquistam, pela adequação a eles, os afagos, cargos e microfones que jamais
conquistariam pela capacidade técnica ou intelectual, cujo exercício requer não
só compromisso com a verdade, mas fibra moral para lidar com as reações hostis
dos poderosos a ela.
Mesmo ideias oriundas de reflexões genuínas e debates autênticos podem ser adaptadas ou desvirtuadas para atender a demandas de outra natureza, escondidas sob o manto da teoria acadêmica.
O “garantismo”, com frequência, atende e
encobre o desejo de impunidade de autores de crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro e peculato; o “desenvolvimentismo” faz o mesmo com a avidez de
governantes e parlamentares por torrar dinheiro do povo sem cortar privilégios;
o “multilateralismo” e a “multipolaridade” servem de muleta à aliança com
potências autocráticas; e “a autodeterminação dos povos” virou desculpa para
jamais criticar ditaduras amigas.
Assim como o discurso de “criminalização da
política” rende cargos de PGR e PGJ, nos quais se agrada à classe com a
extinção de força-tarefa ou grupo anticorrupção, não falta agora, em meio aos
ataques de Lula a Roberto Campos Neto, quem acene ao PT com a defesa do
“controle social do Banco Central” e de uma política monetária que incorpore a
“democracia”, sem ficar “refém do mercado especulativo” com alta de juros.
É a variação econômica da velha defesa
petista de “controle social” e “democratização” da mídia, usada para pressionar
empresários da comunicação por coberturas favoráveis e legitimar repasses de
verbas federais à “mídia independente” (dos fatos) e “alternativa” (à
realidade) – batizada por José Serra, em 2010, como rede de “blogs sujos” que
faz “patrulhamentos e perseguições sistemáticas” a jornalistas.
Lula sempre pescou no mercado dos gurus de
esquerda as ideias mais convenientes à sua ambição de controlar (ou intimidar)
instituições e demais meios de ação e influência, dissimuladamente, bem como de
culpar os outros por eventuais crises. É mais fácil, por exemplo, que segurar a
inflação com responsabilidade fiscal, ajuste e reformas.
Embora os salários ainda sejam menos
atraentes que os R$ 290 mil que Dilma Rousseff poderá ganhar no banco dos BRICS
ou o mínimo de R$ 80 mil que Aloizio Mercadante fatura no BNDES, a disputa por
diretorias do BC no governo Lula está tão acirrada quanto por vagas no STF. Há
sempre uma ideologia velha para um populista cansado.
Em tempo:
ResponderExcluir'#Fora! Bob Fields Neto!'
ANDRÉ LARA RESENDE PARA PRESIDÊNCIA DO BC!
O bonito colunista não simpatiza com o Lula.
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