O Globo
Lira dá recado de que novo marco fiscal e
demais propostas da agenda do governo dependem de aceno ao Centrão
Passados os traumas do fim do orçamento
secreto e do 8 de Janeiro, um em seguida ao outro, e uma eleição para o comando
das Mesas das duas Casas Legislativas em que todos jogaram na retranca, o
Congresso começa a se recompor para ser ouvido e contemplado em troca de
assegurar a Lula a governabilidade que, na ponta do lápis, ele ainda não tem.
Tanto Arthur Lira quanto Rodrigo Pacheco,
uma vez reeleitos, começaram a emitir de forma mais clara os sinais de como
enxergam a, até aqui, não muito bem explicitada plataforma de governo do
presidente e até que ponto estão dispostos a colaborar para sua implementação.
Não se sabe se os dois combinaram, mas os presidentes da Câmara e do Senado falaram no mesmo tom na crise que opôs Lula e o Banco Central: em favor da manutenção da autonomia da instituição, aprovada no Legislativo em 2021, e contra arroubos pela queda dos juros na marra, embora fazendo coro à preocupação do presidente com as taxas altas que seguram o crescimento da economia.
Agora que Fernando Haddad anunciou, de
forma positiva, a antecipação da apresentação do novo marco fiscal para março,
Lira tratou de lembrar a ele que será preciso bater à sua porta para essa
negociação andar a contento.
Quando o político alagoano, recém-saído do
bolsonarismo, fala que o texto do novo arcabouço fiscal não pode ser “radical
nem para um lado nem para o outro”, não é ingenuidade que essa frase faça pouco
ou nenhum sentido técnico em matéria fiscal. Porque não é disso que Lira está
falando, ao menos não apenas.
Sim, o recado é que os partidos do Centrão
não toparão mais dar polpudos cheques para Lula gastar indefinidamente. Não sem
contrapartidas. Mas o sentido mais amplo de sua fala é que o governo precisa
ser mais ativo ao procurar os partidos que eram base de Bolsonaro se quiser
aprovar medidas que necessitam de mudanças na Constituição, como é o caso do
tão importante substituto do teto de gastos.
O Republicanos já está na pista, dando
todos os sinais de que deseja colaborar com Lula. O PP de Lira está ali na
troca da pele, com alguns senadores e deputados, o presidente da Câmara entre
eles, se esmerando em fazer a esfoliação para acelerar o processo de muda.
Restarão como oposição raiz o PL, já que
Valdemar Costa Neto resolveu manter os Bolsonaros como chamarizes, apesar do
alto custo de manutenção que Jair e companhia trazem e dos riscos judiciais
incluídos, e o Novo, partido onde Romeu Zema planeja acomodar a direita que
pretenda se dissociar de Bolsonaro sem precisar abrir mão de bandeiras ditas
conservadoras, algumas das quais francamente reacionárias.
Para isso, o governador de Minas e
presidenciável em 2026 pretende atrair governadores, prefeitos, senadores e
deputados, fazendo a prospecção no próprio PL e entre aqueles do União Brasil e
do Podemos que estejam insatisfeitos com o flerte com Lula.
Lula sabe que o momento de fazer cálculos
da coalizão de que dispõe chegou. O anúncio do reajuste do salário mínimo e do
aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda, feito nesta quinta-feira em
entrevista à CNN Brasil, é parte da preocupação dele em sair da agenda de
confronto inócuo e começar a colocar as promessas de campanha para andar.
Mas as duas medidas acabam reforçando a
sensação de que o governo, até aqui, só pensa em gastar, e não em mostrar quais
são seus “fundamentos” fiscais, para tomar emprestado a palavra que Fernando
Haddad disse ser a chave. Até aqui, esses fundamentos não estão claros.
Começarão a ficar quando o tal marco for
tornado público. Lira já se colocou na posição de quem pode ser tanto o
avalista quanto o obstáculo para o andamento da proposta. Quer ser chamado para
a mesa de negociação.
Parlamento gigolando o Executivo...
ResponderExcluirNovelinha podre!
Qual o ladrão e sua quadrilha no governo não tem como chorar estão com a chave do cofre
ResponderExcluirEstão falando que o aumento é só de 18 reais,esqueceram do aumento do início do ano.
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