Folha de S. Paulo
Por aqui, não é de hoje que a história vem
sendo contada sob a perspectiva do agressor
– Peço desculpas por ligar para isso, mas
gostaria de sugerir que você escreva sobre a perda de perspectiva das pessoas.
O que está acontecendo é desumano, disse o jornalista Jorge Duarte.
– Nada a desculpar. Pode falar.
Em tom de desabafo, ele apresentou seu ponto de vista sobre o quanto a
sociedade brasileira tem se valido de "rótulos formais" para mascarar
situações gravíssimas. E como a ignorância a respeito de fatos históricos pode
ser danosa à democracia.
Lembrei do livro da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, "O perigo de uma
história única", onde ela destaca que contar histórias envolve poder, ou
seja, habilidade para fazer com que a sua versão seja a definitiva.
País afora, olha-se com
"estranhamento" para pessoas que não se identificam como cisgênero,
e mata-se
outras tantas pelo "pecado" de serem mulheres.
Os brasileiros precisam lembrar que a nobreza da alma e a nobreza de ação não
podem andar separadas. Desculpas esfarrapadas do tipo "fui mal
interpretado", "não dá para falar mais nada", "você é muito
sensível", "não foi nesse contexto" não podem ser aceitas para
maquiar violações de direitos ou desqualificar quem se insurge contra elas.
Verdade.
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