Valor Econômico
Elogios e recados de Lula fortalecem chefe
da Casa Civil
Circulam nos gabinetes do Palácio do
Planalto rumores de que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, não gostou de não
ter sido apresentado previamente à nova regra fiscal desenvolvida pelo ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, que substituirá o teto de gastos. Costa tomou
conhecimento da proposta em uma reunião no dia 17, junto com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Três dias antes, na terça-feira, durante reunião de ministros, Lula criticou auxiliares que tornavam públicas “genialidades” sem o aval prévio da Casa Civil, e determinou que todas as propostas sejam submetidas previamente a Rui Costa. Outros auxiliares souberam antes de Costa, todavia, de detalhes do novo marco fiscal.
A ministra do Planejamento e Orçamento,
Simone Tebet, reuniu-se com Haddad para tratar do tema no dia 9 de março. Na
saída do encontro, afirmou que o novo modelo agradaria a todos, inclusive ao
mercado financeiro: “[É um arcabouço] preocupado com a responsabilidade fiscal,
com o déficit primário, com a estabilização da dívida/PIB”, mas com espaço para
investimentos.
Já o vice-presidente e ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, conheceu o projeto no
dia 14 de março, quando se reuniu com Haddad, o secretário-executivo da
Fazenda, Gabriel Galípolo, e o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.
Haddad havia dado declarações de que
apresentaria o modelo da nova âncora fiscal primeiro aos ministros da área
econômica, ou seja, Tebet, Alckmin e Esther Dweck, para alinhar o texto com os
colegas antes de apresentá-lo a Lula.
Segundo fontes do palácio, esse protocolo
estabelecido por Haddad teria contrariado Rui Costa, que é economista de
formação, justamente em uma fase de consolidação de seu poder, após sucessivos
elogios públicos de Lula nos últimos dias.
Um experiente observador da cena política
lembrou, em conversa com a coluna, que, historicamente, a Casa Civil é o
ministério mais poderoso do governo. Nos últimos anos, revezaram-se na cadeira
nomes influentes como José Dirceu, Antonio Palocci, Dilma Rousseff, Clóvis
Carvalho, Pedro Parente, Eliseu Padilha, e Golbery do Couto e Silva, este na
ditadura militar.
Salvo exceções, o titular da Casa Civil
naturalmente exala poder. Mas este poder é redobrado se o presidente da
República vai a público exaltá-lo, como o que se deu com Rui Costa.
No dia 10 de março, durante o anúncio do
reajuste da merenda escolar, Lula afirmou que Costa é a sua “Dilma de calças”,
em alusão à antiga titular do cargo, que foi eleita e reeleita presidente da
República, porém, alvo de impeachment em 2016. Lula acrescentou que Costa “não
deixa que ninguém o engane”, além de ser “competente”, “trabalhador” e
“cobrador”.
Quatro dias depois, na reunião do dia 14,
Lula cobrou que ministros discutam antes suas propostas com Rui Costa, antes de
divulgá-las. “Todo e qualquer posição, qualquer genialidade que alguém possa
ter, é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil”,
exigiu.
Vários episódios que ocorreram à revelia da
Casa Civil e da Presidência irritaram Lula desde o começo do governo. Um dos
mais recentes envolveu o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, que
anunciou, precipitadamente, um programa de venda de passagens aéreas a R$ 200
para aposentados, servidores públicos e estudantes.
Dois contratempos envolveram o ministro da
Previdência, Carlos Lupi. Na semana passada, o Conselho de Previdência Social
reduziu os juros do empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do
INSS de 2,14% para 1,70% ao mês, sem consulta prévia aos ministérios da
Fazenda, do Planejamento e da Casa Civil. Em reação, até mesmo os bancos
públicos suspenderam novos empréstimos.
Lupi é um reincidente em mal estar com Rui
Costa. Na primeira semana do ano, o líder do PDT declarou que não existia
déficit da previdência. Em entrevista ao Valor, Costa revelou que telefonou para Lupi
dizendo que levaria uns extintores para que ele jogasse a gasolina fora. “Claro
que tem déficit previdenciário, vamos ter um negacionista dentro do nosso
governo?”, cobrou Costa.
Um dos auxiliares mais próximos de Lula
disse à coluna que é indevida a comparação de Rui Costa com Dilma Rousseff,
porque a ex-ministra e ex-presidente é reconhecida pela falta de traquejo
político. Costa, na visão deste auxiliar, seria um técnico com habilidade
política.
Enquanto Dilma sempre foi criticada pela
classe política por nunca ter concorrido a um cargo eletivo, Rui Costa é
coniderado pelos aliados um quadro completo, pelo perfil técnico e político.
Ele começou a carreira como vereador em
Salvador, e depois se tornou secretário de governo nas duas gestões de Jaques
Wagner na Bahia: foi articulador político do petista, e chefe da Casa Civil
estadual. Em seguida, foi eleito e reeleito governador do Estado.
“Lula o quer como gestor, mas ele é um
político”, destacou um aliado de Costa. De fato, Lula salientou a ginga
política do ministro na solenidade do dia 10. Relatou que se Costa percebe que
o interlocutor está dizendo o que não deve dizer, não entrega o jogo, e diz
“espera aí, vamos voltar a conversar”.
Para alguns aliados de Lula ouvidos pela
coluna, um erro do presidente foi declarar, durante a campanha, que não tem a
pretensão de disputar a reeleição em 2026, porque terá completado 81 anos. A
afirmação, além de não descartar um recuo, serviu para precipitar a corrida
sucessória interna, contribuindo para elevar a tensão entre os auxiliares com
ambições eleitorais.
Uma lista informal que circula entre
integrantes do Centrão contabiliza, pelo menos, sete ministros e aliados de
Lula que seriam pré-candidatos à Presidência em 2026. A relação é encabeçada
por Haddad e Rui Costa, e inclui, ainda: Wellington Dias, Camilo Santana, ambos
do PT, Simone Tebet (MDB), Flávio Dino (PSB), além da presidente do PT, Gleisi
Hoffmann.
Por que não incluem o vice Alckmin entre os possíveis pré-candidatos à presidência em 2026??
ResponderExcluirAproveita e inclui o Bostonaro e o Praga Netto em 2026, ao menos pra ter os prováveis dertptadis definidos
ExcluirAproveita e inclui o Bostonaro e o Praga Netto em 2026, ao menos pra ter os prováveis derrotados definidos
ResponderExcluirVerdade,Geraldo é Geraldo.
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