Folha de S. Paulo
Minuta golpista deve ser avaliada pelo
tribunal como parte de pacote de abuso de poder
O TSE ouviu o
ex-ministro Anderson Torres por uma hora e meia sobre a minuta golpista que ele
guardava em casa. O aliado de Jair Bolsonaro fez pouco caso da papelada. Chamou
o documento de lixo, ainda que estivesse numa pasta do governo, e disse que
o texto era folclórico, embora seu chefe admita que buscava uma saída para a
derrota nas urnas.
O tribunal não esperava coisa diferente de Torres, um bolsonarista fiel. Mas o depoimento cumpriu uma etapa no plano para tornar a minuta uma peça central da ação que pode tornar Bolsonaro inelegível.
Ganhou corpo no TSE o entendimento de que a
análise isolada das condutas do ex-presidente —como o ataque
às urnas feito diante de embaixadores—
seriam insuficientes para puni-lo. Bolsonaro estaria mais vulnerável a um
julgamento que levasse em conta o "conjunto da obra", nas palavras de
um ministro.
A decisão do corregedor Benedito Gonçalves
de incluir
a minuta na investigação por abuso de poder é
descrita como um "pulo do gato". A jogada permitiria considerar um
pacote com os ataques às urnas, o uso do governo para ajudar a campanha de
Bolsonaro e reduzir a confiança na votação, e o ensaio de uma ação concreta
para melar a eleição (representado pelo documento golpista).
O desfecho depende do timing e da
composição da corte nos próximos meses. Parte do TSE gostaria de julgar o
caso antes
da aposentadoria de Ricardo Lewandowski, no início de maio, quando Kassio
Nunes Marques pode assumir seu lugar.
Circulava no tribunal o temor de que um
ministro pró-Bolsonaro pudesse suspender indefinidamente o processo com um
pedido de vista. No fim de fevereiro, no entanto, o TSE fechou essa brecha e
estabeleceu prazo máximo de 60 dias para que qualquer ação volte ao plenário.
Uma ala trabalha ainda para garantir que o
plenário tenha maioria alinhada ao presidente Alexandre de Moraes. A ideia é
buscar esse perfil para nomear os dois juristas que integram a corte após o fim
dos mandatos atuais, também em maio.
Bela tacada!
ResponderExcluirBolsonaro inelegível...
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