Folha de S. Paulo
Ao dizer que 'governo ainda não tem uma
base', líder do centrão busca vender apoio extra
Arthur Lira não
teria acumulado o poder que tem hoje se não soubesse ler os ventos da política.
Mas o presidente da Câmara não fez apenas uma análise desinteressada quando
afirmou, no início da semana, que "o
governo ainda não tem uma base consistente" para aprovar
matérias simples no Congresso.
Ninguém no Palácio do Planalto interpretou a declaração de Lira como um simples alerta. Auxiliares de Lula entenderam que o líder do centrão apresentava um problema com o objetivo de oferecer seus serviços na captação de votos adicionais para o governo, em troca de recompensas.
Articuladores políticos do Planalto
reconhecem que Lira pode ajudar. Lula montou uma coalizão que ficou estacionada
na casa dos 270 deputados desde os primeiros dias de mandato. É mais do que a
metade das 513 cadeiras da Câmara, mas o governo ficaria em perigo se um
punhado de deputados tivesse dor de dente e outros ficassem presos no elevador
na hora da votação.
Lira tenta vender ao governo sua influência
sobre deputados que
estão fora dessa órbita. São parlamentares do seu PP, alguns poucos
do PL e nomes de partidos governistas (MDB, PSD e União Brasil) que são mais
ligados ao centrão do que ao PT.
Lula não quer terceirizar uma parte
decisiva de sua operação política para o centrão. Ao mesmo tempo, não tem nenhum
interesse em medir forças com Lira. A ordem é manter o poder de articulação
concentrado no Planalto, mas aproveitar a atuação do presidente da Câmara para
obter votos decisivos.
O presidente indicou que pretende de ter
essa sociedade de pé nas primeiras votações de interesse do governo. Desde que
foi reeleito, Lira foi consultado sobre a permanência de alguns de seus
apadrinhados em cargos da máquina federal e conseguiu preservar postos que
havia ocupado na gestão Jair Bolsonaro.
O segundo sinal veio na última quinta (9).
Dias depois do diagnóstico pessimista, o chefe do centrão se sentou para comer
churrasco com Lula e os ministros palacianos.
Lira, na verdade, é uma espécie de 'jóias da Michelle', só que bem mais caro que os € 3 milhões
ResponderExcluirLula sempre foi sócio do Centrão, não terá problema de ser sócio de Lira. Desde que este não queira ser o sócio majoritário...
ResponderExcluirO jogo político é menos simples do que a maioria pensa.
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