domingo, 5 de março de 2023

Eliane Cantanhêde - As joias da coroa

O Estado de S. Paulo.

As joias de R$ 16,5 milhões, a “simplicidade” e o abuso de poder dos Bolsonaro

Assim como há tempestades perfeitas, há escândalos completos, de cabo a rabo. É exatamente o caso do mimo de R$ 16,5 milhões que a ditadura sanguinária da Arábia Saudita deu para a madame Michelle Bolsonaro, para agradar (ou sei lá o que...) ao maridão dela, o então presidente do Brasil.

Trata-se do enredo rocambolesco de mais um filme de quinta sobre republiquetas de banana, ditadores, mandatários sem noção, mulheres bonitas e ambiciosas, ouro e brilhantes à vontade e uso de instrumentos e agentes públicos. E não poderiam faltar militares de diferentes patentes, fazendo tudo o que seu mestre mandar. “Um manda, o outro obedece”, lembram?

Essa reportagem do Estadão, entre tantas exclusivas e impactantes, é impecável, com nomes, datas, valores, fotos, fac-símiles e enredo: o ditador saudita deu o “presente”, Bolsonaro mandou esconder, um almirante-ministro ajudou e o seu subordinado, também militar, meteu a fortuna numa mochila.

Mentira tem pernas curtas, e o crime nem sempre compensa. Como nos filmes, tudo ia bem, até aparecer o danado do funcionário público exemplar, que tem coragem, honradez e cumpre a Constituição, as leis e as regras. Assim como o fiscal do Ibama que multou o deputado Bolsonaro por pesca em santuário ecológico, o da Receita disse não ao presidente, ao almirante, ao suboficial. A trama ficou ainda mais emocionante.

Já imaginaram o fiscal se deparando com aquele colar? E o relógio, o anel, os brincos? Ele apreende. O ministro dá uma carteirada: é do presidente da República! E ele: ok, mas todo mundo é igual perante a lei, certo? Tem de pagar imposto. Sim, teria de pagar uma bagatela de R$ 12, 5 milhões se o tesouro fosse mesmo de Jair e Michelle. Mas, se as joias eram de alguém, eram da União, do Estado, dos cidadãos, como determina a lei sobre presentes de estrangeiros a autoridades, e estavam sendo surrupiadas.

Nada deu certo nas tentativas de Bolsonaro de “recuperar” o que não era seu. Como relatam os repórteres Adriana Fernandes e André Borges, acionou o Itamaraty, Fazenda e Minas e Energia, mandou até sargento em avião da FAB a Guarulhos pegar a muamba. Mas, se eles cederam ao “mestre”, os funcionários da Receita não entregaram os anéis, nem os dedos, nem a honra.

Estão caracterizados contrabando, sonegação, abuso de poder... E quantos crimes mais? A eles se somam todos os outros, contra a deputada Maria do Rosário, PF, vacinas, urnas eletrônicas, Yanomamis, Amazônia. A lista é grande e R$ 16,5 milhões é um pouco demais. Sem falar no 8 de janeiro...

 

7 comentários:

  1. Anônimo5/3/23 10:06

    Os militares da última ditadura levaram mais de 2 décadas para se desmoralizarem e deixar finalmente o poder na mão dos civis. Com Bolsonaro, em 4 anos já estavam igualmente desmoralizados... Impressionante como sempre tem algum ou muitos militares envolvidos em qualquer crime, sacanagem, corrupção ou ilegalidade envolvendo o DESgoverno Bolsonaro!

    ResponderExcluir
  2. Anônimo5/3/23 10:08

    O caso é o retrato completo do tosco imbecil criminoso levado à presidência da republiqueta do bananal por uma corja de militares corruptos e amorais, transformado em mito e ídolo.
    Tem povo que merece isso mesmo...

    ResponderExcluir
  3. Anônimo5/3/23 11:01

    As joias reveladas são a efinge na moeda de troca entre Bolso,a máscara mortuária do desgoverno, e os militares, os insepulcros.

    ResponderExcluir
  4. Anônimo5/3/23 11:10

    O minto Jair Bolsonaro comandou uma quadrilha de milicianos, militares e pastores que se alojaram no poder pra cometer crimes em série. Tentaram impedir de todas as formas os controles legais e naturais do Estado, interferindo na PF, no Ibama, na Funai, no STF (nomeando 2 ministros submissos, 1 deles cujo principal mérito era ser "terrivelmente evangélico"). O "Gabinete do Ódio", instalado na sala ao lado da de Bolsonaro, comandava a rede de mentiras e de ataques aos adversários políticos, financiada com dinheiro público. A família Bolsonaro só pensa em dinheiro vivo, compra de imóveis e obtenção de vantagens e joias. Mas aparece nas redes como religiosa e preocupada com os fiéis cristãos que votam neles.

    ResponderExcluir
  5. Anônimo5/3/23 15:27

    Concordo e, portanto, sou obrigado a concluir q nossos milicos são inúteis. Nossos FA só servem pra criar intrigas e escândalos. Pudera, instituições em q um pazuello chega ao ápice e em q almirantes e subordinados servem de mula...

    ResponderExcluir
  6. Anônimo5/3/23 19:31

    De fato, foi um estrago em nossas FA que levará décadas para serem reabilitadas como instituição. “Um manda e o outro obedece”. Um vexame.

    ResponderExcluir