quinta-feira, 23 de março de 2023

J. B. Pontes* - A lavagem cerebral e o analfabetismo político

“A ignorância, a cobiça e a má-fé também elegem seus representantes políticos”.

Carlos Drummond de Andrade

Pesquisa realizada pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), neste mês, e divulgada no último domingo (19/03/2023), indica que 44% dos brasileiros acreditam que o Brasil corre risco de tornar-se um “país comunista” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Destes, 31% afirmam acreditar totalmente nesta hipótese e outros 13% apenas parcialmente.

Este dado parece inacreditável, mas reflete a realidade de um país composto por uma multidão de ignorantes, que foram propositadamente alimentados pelos militares desde a ditadura militar, bem como pela má-fé e pelo mau-caratismo de líderes políticos, a exemplo de Bolsonaro, com o apoio nefasto de pseudo-líderes religiosos.

Tudo indica que os efeitos da lavagem cerebral que o povo sofreu nos últimos anos ainda se farão sentir por muito tempo. E só poderão ser mitigados por meio de uma revolução cultural, visando elevar a consciência política e democrática dessa multidão de ignorantes.

O analfabetismo político é um dos maiores mal deste País. É ele que continua elegendo o enorme grupo de parlamentares fisiológicos que compõe o chamado Centrão, os quais querem só gozar das prerrogativas, da boa remuneração e dos demais privilégios e benefícios pecuniários que o cargo lhes proporciona. Exemplo claro é a chamada verba de gabinete, destinada à contratação de pessoal para os gabinetes dos parlamentares.

Na Câmara dos Deputados, cada um dos 513 deputados tem direito a R$ 118.376,13/mês para contratação dos denominados secretários parlamentares.

Além dessa verba, os contratados percebem, ainda, diretamente da Câmara, auxílio alimentação, férias, 13º salário, auxílio creche para filhos até os 6 anos, além de participarem do plano de saúde dos servidores públicos.

O Senado Federal adota um sistema algo diferente. Os senadores têm a prerrogativa de indicarem até 50 pessoas a serem contratadas pelo Senado, com o limite mensal de cerca de R$ 222.000,00. Adicionalmente, o Senado concede também aos contratados todos os benefícios dos servidores efetivos (auxílio alimentação, férias, 13º salário, auxílio-creche, plano de saúde etc).

Ressalte-se: são empregos de livre nomeação e exoneração pelos parlamentares. São colaboradores “confiáveis”, verdadeiros “paus mandados”.

Este sistema de contratação se espraia pelos demais entes federativos, inclusive na Câmara Distrital do Distrito Federal. Nessa Casa, cada um dos 24 parlamentares tem uma verba mensal de R$ 177.483,15 para contratação de até 23 secretários parlamentares. Igual ao que ocorre no Congresso Nacional, esse valor é apenas para pagamento da remuneração. A Câmara Distrital paga, além disso, todos os demais benefícios concedidos aos servidores efetivos a esses contratados.

E ficamos a imaginar quanta economia poderíamos fazer se a legislação e a fiscalização dos atos do governo do Distrito Federal fossem realizadas por uma comissão mista do Congresso Nacional, formada pela bancada do Distrito Federal e mais um representante de cada um dos Estados brasileiros, assessorada por um seleto grupo de Consultores Legislativos efetivos (concursados).

*J. B. Pontes. Geólogo, Advogado e escritor

2 comentários:

  1. É um fuzuê de roda!
    E haja verbas, verbinhas, verbões...
    Na Câmara, ao que parece, só o Rodrigo Pacheco para peitar o ávido, famélico e insaciável Lira: pelo menos no que se refere às comissões mistas, certo?
    Peitou com classe e de com força, parece 👏👏👏

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