IstoÉ (24/03/2023)
Como já aconteceu antes, deverá haver um
período de transição até que os EUA criem consciência de que o seu
tempo como “mandão mundial” já passou
Um dos grandes desafios diplomáticos do
Brasil é se reposicionar na nova ordem mundial que, especialmente, está sendo
criada após o início da guerra da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
A configuração geopolítica edificada após a final da Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, terminou quando da queda do Muro de Berlim (nove de novembro de 1989) ou, se preferir, com o fim da União Soviética (Natal de 1991). Desde então, os Estados Unidos ocuparam a cena política mundial de forma inconteste; fez e desfez como se a autoridade mundial tivesse sido concedida ao governo de Washington. E os outros países e as organizações internacionais não passassem de meras representações coadjuvantes das vontades da superpotência norte-americana. Caberia ao restante do mundo sempre dizer sim ou, no máximo, emitir algum protesto sem resultado prático.
Isso acabou. Como toda potência dominante
na história, deverá haver um período de transição até que os Estados Unidos
tenha consciência que o tempo de uma espécie de “mandão mundial”, já passou.
Nós estamos assistindo uma nova geopolítica nascendo, tanto como produto de
conflitos localizados quanto do crescimento econômico, especialmente desse
último.
E, como sempre na história, a política
comanda as modificações na relação entre os países, tensionando as relações em
um momento de maior interligação, a chamada globalização, nas últimas décadas.
Diferentemente do que alguns imaginavam no
ano passado, quando do início do conflito na Ucrânia, a Rússia conseguiu
resistir às sanções ocidentais. Mesmo que entre em recessão, será mais tímida e
breve do que era esperado, isso porque a maioria das nações ignorou as
determinações das potências ocidentais, assim como se intensificou as relações
econômicas entre a Rússia, a China e a Índia. Deve ser destacado que estes dois
últimos países acabaram até favorecidos pela compra de matérias-primas russas em
condições mais favoráveis e iniciaram um comércio que poderá, no futuro,
prescindir do dólar como moeda no comércio transnacional.
E o Brasil? Temos ligações históricas com o
ocidente e, especialmente, nos últimos cem anos com os Estados Unidos. Isso vai
desde o intercâmbio comercial até as manifestações culturais. O mundo oriental,
para nós, ao menos no aspecto cultural, é algo muito distante do nosso
cotidiano. Mas também o oriente – a China é muito claro – acabou incorporando
parte do modo de vida ocidental. Temos de começar a discutir esses temas e a
viagem de Lula à China é um bom pretexto.
A China é nosso maior parceiro comercial, e esta relação ainda deve crescer bastante. Os EUA sempre se acharam os "xerifes" do Planeta, querendo impor suas vontades ao resto do mundo. Este tempo já terminou, felizmente. Outras nações já deixaram de obedecer aos interesses estadunidenses, e o fascista Trump acabou de vez com as boas relações que os EUA tinham com seus principais parceiros. A política externa de Bolsonaro, rastejar perante Trump e seu país, nos deixou isolados em termos de relações intergovernamentais. Lula já acabou com esta desgraça e todas as grandes nações já se interessam em receber a visita de Lula e negociar mais amplamente com nosso país.
ResponderExcluirÉ isso aí.
ResponderExcluirSó que a viagem a China não aconteceu. Alckmin poderia ter substituído o Presidente. Vices existem para suprir impedimentos do titular.
ResponderExcluirO anônimo acima tem razão, mas Lula aposta muito nesta viagem e quer protagonizar como sempre. Com Alckmin somente, talvez os resultados não fossem tão bons, ou ao menos a visibilidade mundial seria bem menor. Lula espera colher muitos frutos desta viagem! E quer colhê-los ele mesmo...
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