Folha de S. Paulo
É hora de reconhecer quem decide o quê no
Brasil de 2023
Lula precisa
mudar seu modo de se relacionar com o público e falar menos. E isso, acreditem,
não é um juízo depreciativo. Fosse, e eu não teria problema nenhum em explicitá-lo.
Nunca tive dificuldade de criticar presidentes, inclusive ele próprio. Em
muitos aspectos, o Brasil que está aí é muito pior do que aquele que o líder
petista encontrou em 2003. A razia dos últimos quatro anos não haveria de ser
indolor. E deixou sequelas de longo prazo. E vou me ater aqui ao que acho
realmente relevante.
Antes que prossiga, escrevo, sem receio de errar, que, caminhando para os 90 dias de mandato, sua vitória já rendeu bons frutos para os pobres, que são os mais carentes de um bom governo, e, pois, para o país. Relançou o Bolsa Família com mais benefícios e as corretas contrapartidas e determinou a reestruturação do Cadastro Único, destruído pela sanha eleitoreira de Bolsonaro.
Refundou ainda o Mais Médicos. Em vez de
cloroquina, o atendimento aos vulneráveis. Recriou o Minha Casa Minha Vida, que
o Biltre Homiziado de Orlando destruíra. Naquele seu Orçamento
"aporofóbico" (repulsa a pobre), havia destinado R$ 34 milhões para o
programa, o correspondente a duas caixas das joias femininas oriundas da Arábia
Saudita.
Se parecer pouco, enfrentou uma tentativa
de golpe de Estado, com óbvias infiltrações nas Forças Armadas e nas
polícias, e deslanchou a operação para pôr fim ao genocídio yanomami. Seus
ministros da área econômica estão empenhados no desenho de um novo arcabouço
fiscal para substituir o teto de gastos —aquele que seu antecessor nunca
respeitou com ou sem pandemia. Ao contrário, enfiou goela abaixo do STF, em
articulação com um Congresso movido a orçamento secreto, duas PECs eleitoreiras
e inconstitucionais. Já houve a reoneração federal dos combustíveis. Depois da
era da "desconstrução", trata-se de um desempenho e tanto.
Não estou amaciando o texto para agora
sentar a pua. Acho realmente escandaloso que os críticos do governo ignorem
esses feitos. Pode-se dever ao fato de que os beneficiários desses programas
são seres estranhos à sua rotina de preocupações, e muitos enfezados não
conhecem do Brasil "nem o trinco da porta" (Monteiro Lobato).
Adiante.
As pessoas fazem as suas escolhas e têm
seus valores. Os meus indicam que a manutenção, pelo
Banco Central, da Selic em
13,75%, com juros reais de quase 7%, são um insulto aos livros e à economia. A
ameaça —e é disto que se trata— de uma elevação da taxa, como se viu nesta
quarta (22), é, do ponto de vista político, provocação barata. No mesmo dia,
Fazenda e Planejamento anunciaram que o déficit primário pode ser a metade do
que se estimava depois da aprovação da PEC da Transição. Não amoleceu o coração
dos faraós.
Acho papo-furado e metafísica de
especulador a suposição de que Lula contribuiu para retardar a queda da taxa.
Basta ler a ata da reunião anterior. Basta ler o comunicado meio malcriado de
agora. Mas indago: não está na hora de atribuir a César o que é de César? Na
política monetária, o mandatário de hoje é um plebeu, quase um escravo.
O varejo está abrindo o bico. Daqui a
pouco, indústria, serviços e comércio vão cobrar o crédito que não há. A
primeira crítica do presidente aos juros veio a público a 2 de fevereiro. Ato
contínuo, Arthur Lira e Rodrigo
Pacheco saíram em defesa de Roberto Campos Neto e da autonomia do BC.
Lira repetiu a dose nesta quinta (23). Que Executivo e Legislativo, juntos,
sejam o que podem ser: mera caixa de ressonância dos reclamos da sociedade. O
ocupante do Palácio do Planalto de 2023 não tem os poderes do de 2003.
E o mesmo vale para o novo marco fiscal. O
chefe do Executivo tem de encaminhar a proposta que considera correta. Não será
ele a decidir, mas o Legislativo. O Copom exige que se asfixiem os gastos
sociais para considerar "responsável" o texto e, quem sabe um dia,
baixar a Selic? Que se explicite com serenidade quem faz o quê.
O crédito está secando. As montadoras já
estão em férias coletivas. No Brasil de 2023, é preciso que os atingidos pelo
arrocho "pornográfico" (Josué Gomes da Silva) batam às portas certas:
a do Congresso e a do BC. No arcabouço fiscal e na taxa de juros, eles
arbitram, respectivamente, quem vive e quem morre. Aos Césares o que é dos
Césares.
Reinaldete dando seus gritinhos ui, ai, enfia a trolha no rabo mas com muito amor já que o amor venceu. Kkklkk. Reinaldete não agrada ninguém, levou bufunfa das grossas pra virar PeTeba.
ResponderExcluirComentário muito baixo nível para o público desse blog. Que o moderador possa intervir. Lamentável. A crítica deve ser feita pela política. Esse tom mostra a pobreza do argumento e do raciocínio.
ResponderExcluirDe fato, comentário de uma grosseria desnecessária. Bem ao estilo dos que chama de “peteca” e também estilo dos patriotários, órfãos do perdedor.
ResponderExcluir….PeTeba
ResponderExcluirEstão todos assanhados com a possibilidade da volta do covarde fujão. A máscara caiu minha gente, esse não engana mais ninguém.
ResponderExcluirEle não é de nada, deve estar urinando nas calças, a falácia e a embromação acabaram.
ResponderExcluirO colunista tem razão, Lula precisa falar menos e se restringir às coisas mais importantes, que realmente melhorem seu governo e a vida do povão. Qual interesse em acusar Moro de algo que ele não tem responsabilidade? Vingancinha pessoal baixa e mentirosa, não é digna dum estadista e nem dum bom presidente!
ResponderExcluirAzevedo sabe das coisas.
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