O Estado de S. Paulo
Com dificuldades para governar com uma frente ampla, o presidente ajuda os adversários
Lula exibe dificuldades para extrair
vantagens decisivas de dois presentes políticos que deveriam beneficiá-lo muito
mais. O primeiro foi a insurreição bolsonarista do 8 de janeiro que, supõe-se,
destruiria a essência de uma corrente política. O segundo foi o escândalo das
joias das Arábias, que destruiria a essência da pessoa de seu adversário
político.
Parte das dificuldades de Lula vem de fatores de grande abrangência. Um deles é aquilo que os profissionais de pesquisas chamam de “calcificação”, ou seja, as duas metades que saíram das urnas em 2022 continuam mais ou menos iguais, com o mesmo teor de polarização. E minimizam, ignoram ou absorvem qualquer fato “negativo” dentro da própria corrente.
Outro fator abrangente é de caráter “antropológico”
– e deprimente. É a maneira como vastas parcelas da população lidam com o uso
do dinheiro público (que milhões nem entendem que é o dinheiro dos impostos que
pagam). No ambiente “calcificado”, a indignação com o uso privado de recursos
públicos é ainda mais seletiva. Perdoa-se sem muitos rodeios se o ocorrido for
no lado “certo”, ou se há “necessidade política de votos no Congresso.
Mas parte das dificuldades políticas de
Lula vem dele mesmo. Colocar um monte de gente a bordo de uma espécie de arca
de Noé política e batizá-la de “frente ampla” não fazem dela um governo de
ampla coligação. Nem criam automaticamente um conjunto de denominadores comuns
entre forças e personalidades políticas antagônicas – ainda mais quando o
capitão do barco não manda sozinho e pretende achar um rumo a partir de
cacofonia de opiniões.
A montagem até aqui do próprio Executivo é
exemplo de desarticulação de uma pretendida “frente ampla”. Os ministérios
“fortes” ficaram com o PT e têm escalões hierárquicos definidos. Mas o segundo
escalão de pastas entregues a outros partidos permanece desocupado (emperrando
uma máquina já lenta e custosa) à espera de definições no Legislativo, por sua
vez dependendo de distribuição de cargos no Executivo e estatais. E do que
dirigentes do PT possam achar das nomeações feitas por ministros de outros
partidos.
Lula demonstra pressa e angústia em exibir
o mais rápido possível “resultados positivos”, sobretudo na economia. Sua
evidente ansiedade, que traduz um “sentir-se cercado”, tem uma razão objetiva:
não é só o “bolsonarismo” ou a “extrema direita” que aguardam “fracassos” do
Lula 3. É enorme a parcela dos que precisam ser convencidos de que o atual
governo seria capaz de tirar o País da estagnação (ou sequer pacificá-lo).
Se continuar sendo o PT, Lula vai devolver
aos adversários o presente político.
Corretíssima análise, o risco dessa devolução ao adversário é altíssimo principalmente se ficar ouvindo a cúpula do PT.
ResponderExcluirÉ sim, parece...
ResponderExcluirParece até que Lula deveria ouvir e seguir o racista Waack...
(Tem gente que não entende nem o que lê)
Os zumbis petistas continuam sem saber e aprender nada, sem argumentos partem para a agressividade e rotulação dos que apresentam sua opinião.Nada aprenderam com o que levou à tragédia dos últimos 4 anos: “ nós contra eles”.
ResponderExcluirSomos todos aprendizes neste barco chamado Brasil.
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