quinta-feira, 9 de março de 2023

Ruy Castro - A muamba de Bolsonaro

Folha de S. Paulo

Almirantes, generais, um tenente-coronel e outros fardados no imbróglio do segredo das jóias

O caso das joias presenteadas a Bolsonaro pela Arábia Saudita, trazidas na moita para o Brasil, está recheado de estrelas —nas fardas que seus protagonistas usam ou usavam até havia pouco.

O regalo milionário foi entregue ao então ministro das Minas e Energia de Bolsonaro, Bento Albuquerque, ex-almirante de esquadra. Almirante de esquadra é o segundo posto mais alto da Marinha, com quatro estrelas e uma poderosa âncora na insígnia. As joias viajaram de Riad a Guarulhos na mochila do guarda-marinha Marcos André Soeiro. Guarda-marinha é um aluno da Escola Naval prestes a se tornar segundo tenente.

Apreendida a muamba pela Receita Federal, apressou-se liberá-la o contra-almirante José Roberto Bueno Junior. Um contra-almirante tem duas estrelas e, idem, uma âncora na insígnia, mas isso não comoveu a Receita. Entrou em ação o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. Um tenente-coronel está a dois passos do generalato, e Cid ainda tem o privilégio de usar Glostora no cabelo e farda com gravata-borboleta. Pois voltou de mãos abanando. Outro encarregado de peitar a Receita foi Jairo Moreira da Silva, primeiro-sargento da Marinha. Debalde.

Dois elementos da própria Receita instruídos por Bolsonaro para resolver o problema também se frustraram. Mas ganharam cargos fictícios nas embaixadas de Paris e Dubai, em atos assinados pelo ex-general e vice-presidente Hamilton Mourão na ausência de Bolsonaro, que fugira para a Flórida a dois dias do fim do mandato. Dia este em que um jato da FAB, com gasolina paga por você, foi de Brasília a Guarulhos com o fim exclusivo de desbloquear a batota —igualmente em vão. E Michelle Bolsonaro, cujos colo, orelhas, pescoço e braços ostentariam as joias, vem sendo municiada sobre o que dizer pelo ex-general Braga Netto.

Está certo. Pelo artigo 142, as Forças Armadas se destinam à defesa da Pátria.

 

7 comentários:

  1. Anônimo9/3/23 09:22

    Ruy Castro é jóia rara.
    Insubstituível e orgulhosamente pertencente ao acervo nacional.
    Ainda bem.

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  2. Anônimo9/3/23 09:28

    A muamba e os vassalos milicos do genocida.

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  3. Anônimo9/3/23 11:24

    Vergonha para nossas forças armadas.

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  4. Anônimo9/3/23 12:33

    Militares estrelados atrelados aos interesses do miliciano.

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  5. Anônimo9/3/23 14:13

    O milico chega ao topo da carreira, almirante, e se presta ao papel de MULA. Mas, claro, o ambiente militar nisso o transformou, numa MULA EM DUPLO SENTIDO: passador de muamba e pouco inteligente. Mas a mula-animal tem mais força de vontade do a mula-milico. Explico: a mula-animal é capaz de se recusar a cumprir certas tarefas enquanto q a mula-milico fica de quatro imediatamente.

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  6. A muamba também incluiu um FUZIL incorporado pelo GENOCIDA ao seu acervo pessoal.

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