O Estado de S. Paulo.
Popularidade a curto prazo condiciona política econômica da gestão petista
Ninguém duvida de que o desempenho geral da
economia tem considerável peso na popularidade de governantes, embora não seja
o único fator. Mas a maneira como os principais dirigentes do PT enxergam a
questão traduz, às vezes, certa paranoia e limita tomadas de decisões.
Ao justificar, por exemplo, a decisão inicial de Lula de prosseguir com a demagógica desoneração dos impostos sobre combustíveis – herança do governo anterior –, o ministro da Fazenda mencionou como motivo os “rumores de um golpe de Estado” naquele momento.
A insurreição bolsonarista do 8 de janeiro
reforçou no Estado-Maior petista a convicção de que dificuldades econômicas
“abrem caminho para o golpismo”, nas palavras do ministro da Justiça. Nesse
raciocínio, a taxa Selic não é outra coisa senão a “asfixia” política do atual
governo.
O primado da popularidade de curto prazo do
presidente torna impossível aos dirigentes petistas enxergarem a questão fiscal
como um necessário conjunto de decisões de caráter imediato que, por sua vez,
balizam condições para políticas monetária, creditícia e tributária.
Há doutrinas econômicas como pano de fundo
para essa postura (o célebre “gasto é vida”), mas o critério essencial é
político do mais descarado imediatismo. Assim, a expansão dos gastos públicos
surge como essencial do ponto de vista da sobrevivência política do Lula 3.
Dessa expansão se espera um “milagre” de
crescimento que ainda não se vislumbra, e algum tipo de entusiasmo que ainda
não se sente – o que aprofunda nos dirigentes petistas a ideia de que estão
“cercados”. Nesse sentido, identificam como principais adversários as
percepções de risco manifestadas por agentes econômicos (o tal “mercado”) e o
Centrão.
De fato, ambos estão impondo consideráveis
limitações ao que é um governo petista com fachada de “frente ampla”. O embate
com “os mercados” resultou até aqui em taxas de juros futuras altíssimas e numa
cautela em investir por parte do setor privado.
Quanto ao enfrentamento com o Centrão, está
apenas no começo. Ele se dá na arena clássica da ocupação de cargos na máquina
e nas grandes estatais, das quais a Petrobras é apenas a mais visível. Já é
guerra surda, por exemplo, por causa da paralisação da montagem do segundo
escalão em ministérios que lidam com setores essenciais da economia, como Minas
e Energia, onde o PT bloqueia nomes que julga “bolsonaristas”.
A pressa e a ansiedade de Lula em produzir
logo resultados econômicos que se traduzam em benefícios políticos estão
tirando de seu governo qualquer horizonte mais ampliado.
Os textos a soldo desse colunista parecem uma repeticão ad infinitum de argumentos sempre contrários a uma política democrática
ResponderExcluirSei.
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