Folha de S. Paulo
Assim como nunca brochou, ele não teve nada
a ver com o 8/1. Só falta agora combinar com a PF
Jair Bolsonaro nunca brochou. Nunca defendeu a ditadura e nunca elogiou um torturador. Nunca foi um fanfarrão. Nunca promoveu selvagens motociatas para intimidar os cidadãos comuns. Nunca propagou fake news sobre as vacinas. Nunca ignorou a tragédia do povo yanomami e nunca acobertou os garimpeiros que a provocaram. Nunca corrompeu o Congresso, a PGR, a PRF, os órgãos de inteligência, juízes, ministérios, estatais e um bando de generais.
Bolsonaro nunca pregou a desobediência às
decisões judiciais e nunca subiu a um palanque para xingar um ministro do STF
de canalha e dizer que não acataria suas decisões. Nunca abusou do perdão
presidencial para tirar da cadeia um rufião que
ameaçou fisicamente outro ministro. Nunca pôs em dúvida a confiabilidade das
urnas eletrônicas, e muito menos para boquiabertos embaixadores estrangeiros
chamados ao Alvorada para a performance. E nunca vociferou contra sua derrota
nas eleições, aceitando democraticamente o resultado das urnas.
Em nome da liberdade de expressão,
Bolsonaro nunca repreendeu ou censurou seus seguidores acampados em frente ao
QG do Exército, que pediam intervenção militar para a sua, dele, manutenção no
poder. Ao contrário, silenciou. Da mesma forma, nunca insuflou o caos com o
intuito de justificar um golpe militar. Quando seus seguidores invadiram o
Congresso, o Planalto e o STF armados com facas, picaretas e barras de ferro
para provocar esse caos, ele nem estava no Brasil. E quem garante que eram seus
seguidores e não milhares de comunistas infiltrados?
Não há filmes, gravações, fotos,
transmissões pelos canais oficiais do governo, postagens em redes sociais nem
depoimentos de testemunhas que provem que Bolsonaro cometeu qualquer dos crimes
acima.
Portanto, Bolsonaro não teve nada a ver com
o 8/1. E, como já sabemos, nunca brochou. Só falta agora combinar com a Polícia
Federal.
Sei.
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