Folha de S. Paulo
Ex-presidente ajudará a eleger prefeitos no
ano que vem, mas será coadjuvante em 2026
Não há quem não dê como certa a retirada de
Jair Bolsonaro dos páreos eleitorais até a virada da próxima
década. Seja pela ação ora em julgamento no Tribunal Superior
Eleitoral ou por alguns dos outros 15 questionamentos que
existem contra ele a serem ali examinados, tudo caminha para a aposentadoria do
ex-presidente como candidato.
Segundo gente que se diz fiel a ele
(caminhões de dúvidas sobre a consistência dessa fidelidade), muito melhor para
todos que seja patrocinador de candidaturas. De capitão a cabo, agora
eleitoral. Por essa versão, ele ajudaria a preservar o eleitorado
anti-Lula e
não atrapalharia os planos da direita com sua enorme rejeição.
Portanto, trata-se de um cenário em que Bolsonaro é visto como um utilitário. Alguém de quem se aproveitam as vantagens e se descartam as desvantagens. Na figura de "facilitador", pode transitar de eleição em eleição até readquirir seu direito de concorrer.
Terão se passado oito anos, uma eternidade
na política —onde, sabemos, não existe vácuo. Tanto que nem bem se definiu a
situação dele e já se fala em substituição. Assim, não há que se falar em
bolsonarismo como se diz por aí para definir quem se sente representado pelas
ideias do ex-presidente.
O "ismo", aplicado a políticos
como Luiz Inácio da Silva e Getúlio
Vargas, implica a existência de características ausentes em
Bolsonaro, um fenômeno de ocasião.
Lula e Getúlio voltaram ao poder a bordo de
forte base social e, no período em que estiveram na planície, mantiveram-se
como referências para uma massa robusta de seguidores.
De Bolsonaro já vemos segmentos
importantes, como evangélicos e
militares, querendo se distanciar, além de movimentação para a ocupação do
lugar dele.
O ex-presidente ajudará a eleger prefeitos em
2024, mas em 2026 será coadjuvante de um protagonista que, perdendo
ou ganhando, vai liderar a direita daí em diante.
Sim.
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