Folha de S. Paulo
Não pode culpar ninguém, além dele mesmo,
pelo seu fracasso político
Com vista grossa de boa parte do Parlamento e em especial do presidente da Câmara, Arthur Lira, que desconheceu mais de 150 pedidos de abertura de impeachment, Bolsonaro fez o que quis na Presidência.
Alvo de mais de 600 processos, cometeu sobretudo crimes de responsabilidade, que foram naturalizados usando-se a desculpa de que, num belo dia de São Nunca, as instituições iriam moderá-lo. Por pouco —mostram as mensagens no celular do seu ajudante de ordens— não deu um golpe de Estado ao estilo tabajara, com o apoio de envernizados juristas e um grupo de militares preocupados em não perder suas benesses e cuja ideologia de direita funciona como disfarce para o projeto de ganhar vantagem e dinheiro em tudo, passando por cima da moral e da legalidade.
Bolsonaro, no entanto, preparou com as
próprias mãos a corda do seu enforcamento. Não pode culpar ninguém, além de si
mesmo, pelo fracasso político. Em julho de 2022, a menos de três meses do
primeiro turno das eleições, convocou uma reunião no Palácio da Alvorada com o
corpo diplomático internacional. Durante 50 minutos, mentiu ao menos 20 vezes,
média até baixa considerando seu histórico de atleta golpista.
O objetivo era desacreditar com informações
distorcidas o sistema eleitoral, além de atacar ministros do STF, numa espécie
de resumo do plano autoritário que pautou o governo. O conteúdo e as
circunstâncias da reunião estão no centro do julgamento no TSE que pode
torná-lo inelegível por oito anos. Quem procura acha.
O ex-presidente já espera a condenação e irá recorrer. Quem sabe, enquanto isso, não compra um chalé —com dinheiro vivo, claro— no condomínio de luxo Bolsonaro Beach, na praia de Tabatinga, litoral do Rio Grande do Norte, destinado só a "famílias bacanas", segundo o construtor. A única recomendação é ter cuidado com os tiroteios nos fins de semana.
Um ótimo artigo.
ResponderExcluirGandra&Martins.
ResponderExcluirNão se pode esquecer dessa dupla da pilantragem.
Um, jurista golpista a soldo (pleonasmo puro!); outro, pianista laranja do Maluf.
Realmente, diriam os paulistas, em boa companhia de Bolsonaro...