Folha de S. Paulo
Na eleição municipal PT vai ceder espaço
aos aliados nas capitais
Basta uma circulada rápida nas hostes
governistas e oposicionistas para perceber o seguinte: a direita está
totalmente empenhada em ampliar espaços na eleição de 2024, enquanto a esquerda
se mantém um tanto inapetente na conquista de prefeitos e vereadores.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira,
vem lançando um desafio. Aposta que os partidos da área de influência
direitista darão uma lavada no PT. Lá pelos idos de fevereiro, ouvi com
desconfiança tal prognóstico. Interpretei como desejo, mera bravata.
Isso até recentemente ouvir de petista mais que graduado a avaliação de que o partido ora na Presidência da República anda um tanto indiferente, para não dizer desorganizado, em relação à corrida do ano que vem.
Hoje, o PT conta disputar apenas três
capitais: Aracaju, Vitória e Fortaleza. Nas outras, vai de composição com
legendas aliadas. O exemplo mais vistoso é o de São Paulo.
Na capital do maior colégio eleitoral do
país, o presidente Luiz Inácio da Silva não cederá a pressões pelo rompimento
do acordo com Guilherme Boulos (PSOL) em prol de candidatura própria. Será mais
que um avalista da aliança. No limite do adequado ao cargo, estará presente na
campanha.
No Rio, em Belo Horizonte e em demais
grandes cidades a opção é pela política de alianças. Por quê? O governo federal
não vê a disputa de 2024 como sangria desatada porque tampouco enxerga nela
relação direta com a reeleição de Lula em 2026.
Nas internas palacianas não há dúvida
quanto à candidatura. Na direita colhe-se a mesma impressão. Governo e
presidente estando em boas condições, ninguém tira de Lula a renovação do
mandato.
Daí o interesse dos conservadores nas
municipais. Em desvantagem na presidencial, melhor apostar em prefeitos e
vereadores, pois influenciam no aumento das bancadas de deputados federais e no
volume de dinheiro dos fundos partidário e eleitoral. Pragmatismo na veia.
Sei.
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