O Estado de S. Paulo
Bolsonaro será condenado pela ‘fotografia na parede’ e pelo ‘filme’ em que ele é o grande vilão
O ex-presidente Jair Bolsonaro, como bem
definiu o relator, ministro Benedito Gonçalves, não está sendo julgado pelo TSE
por uma “fotografia na parede” (a reunião com os embaixadores) e sim por um
“filme”, a tentativa de golpe de Estado que desembocou no quebra-quebra do
Planalto, do Congresso e do Supremo em 8 de janeiro. Esse filme não acaba hoje,
mas terá um capítulo histórico: a condenação de Bolsonaro a oito anos de
inelegibilidade.
Já são 3 votos a favor e 1 contra a condenação e faltam os dos ministros do Supremo Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes e Nunes Marques. Como o bolsonarista Nunes Marques é a única incógnita, o destino do ex-presidente está selado: ou por 6 a 1 ou por 5 a 2, ele vai perder e ficar fora das eleições presidenciais de 2026 e municipais de 2024 e 2028.
O voto dissidente, do ministro Raul Araújo,
foi na linha do advogado de Bolsonaro, como se tudo tivesse sido “normal” e
“legítimo”. Ele discordou da “juntada” da minuta do golpe encontrada na casa do
ex-ministro da Justiça Anderson Torres à ação e minimizou o quanto pôde a
reunião de Bolsonaro com embaixadores – “um ato solene” –, o uso do Palácio da
Alvorada, os ataques ao sistema eleitoral e ao TSE e os efeitos eleitorais de
tudo isso.
Segundo Araújo, se todos têm direito à
“liberdade de expressão” e a reunião não alterou o resultado da eleição, qual o
problema? Espantoso! O presidente da República tem o direito de usar cargo,
palácio, recursos, funcionários e TV pública para fazer campanha eleitoral e
vender o Brasil ao mundo como uma republiqueta de bananas, onde as instituições
não valem nada e as eleições são fraudadas?
Já os ministros Floriano de Azevedo Marques
Neto e André Ramos Tavares, indicados pelo presidente Lula, apoiaram o relator,
derrubando, um a um, os argumentos tanto da defesa de Bolsonaro quanto de
Araújo. Sobre a “liberdade de expressão”, Floriano comparou: um professor pode
até achar que a Terra é plana, mas não tem o direito de ensinar isso a seus
alunos.
Assim como o advogado de Bolsonaro,
Tarcísio Vieira de Carvalho, o ministro Araújo apenas confirmou o que os não
terraplanistas já sabiam, pelo enredo, falas públicas, indícios, manifestações,
minutas, mensagens de celular e cooptação de militares: o ex-presidente é
indefensável.
O relator classificou Bolsonaro como
“integral e pessoalmente responsável pela concepção intelectual” da fatídica
reunião com embaixadores. Mas não é “só” isso: ele é alvo de 15 outras ações e
o grande responsável pela armação de um golpe de Estado que deu errado. Ou
seja, é o grande vilão desse filme.
NÃO É FILME, COMO BEM CORRIGIU A SEMPRE PRECISA MINISTRA CARMEN LÚCIA; É CENA.
ResponderExcluirPELA CENA, CONDENADO A INELEGIBILIDADE.
QUANTO AO FILME, AINDA PODE RENDER UMA PAPUDA, POR QUE NÃO?
Pois é.
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